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Politică

Administradora do grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro foi agredida no RJ

Conversamos com a vítima, cujo celular foi roubado. Os perpetradores ainda não foram identificados.
Reprodução: Facebook.

Na noite de segunda-feira (24), Maria* foi violentamente agredida quando chegava na sua casa, na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro, por dois homens armados e ainda não identificados. Maria é uma das administradoras do grupo Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, comunidade que já conta com mais de três milhões de membros e desde sua criação foi hackeado ou invadido por usuários que se identificam como eleitores do candidato Jair Bolsonaro (PSL).

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O ataque ocorreu na frente da casa de Maria por volta das 20:15. Segundo informações, dois homens estavam escondidos atrás de um carro estacionado próximo a porta da casa de Maria e a abordaram já desferindo socos. Os agressores portavam uma arma prateada e não disseram nenhuma palavra durante o crime. Maria foi derrubada no chão e levou uma coronhada na cabeça. Um dos homens pegou o celular dela e os ambos entraram em um táxi onde um terceiro os aguardava na direção. A bolsa de Maria e outros pertences não foram roubados. Ela foi levada até o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, onde ficou cerca de cinco horas esperando ser atendida.

"Eu moro no bairro há dez anos", afirma Maria à VICE sobre as características incomuns do assalto. "Eles estavam de tocaia me esperando. Isso não é um assalto comum. As pessoas assaltam de moto e não de táxi."

Maria também está coordenando a campanha do candidato a deputado estadual pelo PSOL Sérgio Ricardo Verde. Ricardo postou alguns detalhes sobre a agressão nas suas redes sociais, gerando uma mobilização. Pelo telefone, Ricardo contou à VICE que está no IML acompanhando o exame de corpo delito de Maria e mencionou o caso da vereadora Marielle Franco, assassinada mais de seis meses atrás.

O caso foi registrado na 37ª Delegacia de Polícia e agora aguarda mais informações sobre a identidade dos agressores e o táxi que foi usado para a fuga. Segundo Sérgio, alguns dias antes da agressão, Maria já havia sido hostilizada verbalmente quando panfletava na rua por pessoas contrárias ao PSOL.

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"A Maria já foi vítima de ataques virtuais desde antes da campanha. Ela é feminista, milita na área da cultura, trabalha em comunidades," disse o candidato, que pediu para que o sobrenome de Maria não fosse divulgado na reportagem. "Nós estamos preocupados com a situação dela."

Após a divulgação da agressão, diversos internautas favoráveis ao candidato do PSL comentaram nas postagens públicas de Maria afirmando que a coordenadora estaria mentido para prejudicar o candidato. Em um texto compartilhado pela assessoria de imprensa do PSOL RJ, uma amiga íntima de Maria pede calma para não "alimentar movimentos radicais de nenhuma forma" e que todos aguardem a apuração da polícia antes de sair acusando opositores políticos pelo ataque.

Maria também esclarece que nunca acusou nenhum candidato ou simpatizantes da autoria da agressão. "Em nenhum momento afirmei que fizeram isso", disse. Ela também não é uma das organizadoras da marcha contra Bolsonaro que ocorrerá neste sábado (29) em diversas capitais brasileiras. Ela já foi afastada da administração do grupo de mulheres no Facebook para evitar represálias e mais ataques virtuais. "Eu tenho minha ideologia e mostro isso nas minhas redes sociais. Bato de frente mesmo contra o fascismo e intolerância".

Apesar de ter passado grande parte do dia de ontem (25), Maria disse que voltará a coordenar a campanha de Sérgio Ricardo o mais breve possível, visto que ela está em reta final para as eleições. "Eles não nos calarão, não vai ser isso que vai me parar", disse Maria.

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*O sobrenome foi ocultado para preservar a identidade da vítima.


Assista ao nosso documentário O Mito de Bolsonaro


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