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Na faixa e dentro da lei, Libreflix oferece bom catálogo de filmes online

Iniciativa brasileira também tem outra vantagem: não suga seus dados.
Guilmour Rossi, o idealizador do Libreflix, em sua mesa de trabalho. Crédito: Divulgação

Numa madrugada silenciosa em Curitiba, no Paraná, a mente de Guilmour Rossi foi tomada por mil e uma ideias e dilemas. De férias da universidade, ele pensava sobre as sacanagens da indústria cultural. Por que vários dos grandes filmes eram inacessíveis a boa parcela da sociedade? “Será que não dava para fazer algo melhor e sem ser ‘pirataria’?”, questionou.

Foi aí que decidiu criar ele mesmo a plataforma. Após o estalo, Rossi aproveitou suas férias ociosas de 2016 para construir algo que pudesse rodar em um notebook velho. Programador e estudante de Ciência de Dados, queria fazer das máquinas comuns espécies de mediacenters. “Fiz os primeiros esboços e um levantamento de obras que estavam livres para exibição na internet”, conta ao Motherboard. O projeto recebeu nome de Libreflix.

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Na sequência, expandiu a iniciativa online. No início, a semente estava, segundo o idealizador, capenga – mas mesmo assim foi divulgada a colegas próximos. Com o tempo, a coisa foi se ajeitando. Hoje o Libreflix oferece um catálogo de longas, documentários e curtas-metragens 100% gratuitos ao público. As produções também podem ser localizadas por algumas tags, como social, feminismo, música, veganismo e por aí vai.

Tela do Libreflix. Crédito: Reprodução

Produtores e diretores interessados em contribuir com o acervo podem “chegar junto”, diretamente no site, preenchendo um formulário com as informações do trabalho e enviando o arquivo com a obra. Em caso de qualquer dúvida, a plataforma está à disposição para tirá-las por meio do próprio site ou em suas redes sociais.

Para assistir às produções não é necessário fazer nada além de acessar a plataforma e clicar sobre a obra desejada. De qualquer forma, o Libreflix também oferece a opção de registro de usuário aos que queiram aumentar o vínculo com o projeto. Afora o uso por navegadores, é possível também baixar apps para celulares Android e Windows Phone.

Atualmente 14 mil contas foram registradas no site. A média diária de acessos únicos é de três mil – dos quais metade são de usuários que chegaram pela primeira vez à plataforma. “Nossa tarefa agora é ter uma relação mais próxima com quem usa a plataforma, para que, mesmo depois do entusiasmo inicial, eles voltem quando estiverem procurando alguma produção audiovisual para assistir”, afirmou Rossi.

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Os planos futuros do Libreflix incluem chegar a mais pessoas e, assim, fomentar a ideia de software, cultura e streaming livre. “Dentre essas ideias estão, por exemplo, a melhoria dos aplicativos para smartphones – que é o principal meio de acesso à internet da galera que a gente quer chegar –, e o fortalecimento de tecnologias descentralizadas para a transmissão e downloads dos vídeos”, diz.

Toda a expansão almejada pelo programador se dará por desenvolvimento comunitário, evitando modelos de expansão que possam tirar o acesso gratuito ao conteúdo. “Não precisamos nos subverter para continuar mantendo a plataforma, vamos seguindo, como diz o Criolo, no passo do elefantinho”, concluiu Rossi.

Algumas produções que estão no Libreflix

Cena de 'Metrópolis'. Crédito: Divulgação

Metrópolis (1927) - 2h 33m - Direção: Fritz Lang

Numa cidade futurista dividida entre a classe trabalhadora e os planejadores da cidade, o filho do mestre da cidade se apaixona por uma profeta da classe trabalhadora que prevê a vinda de um salvador.

Quebrando o Tabu (2011) -1h 20m – Direção: Fernando Grostein Andrade

O filme propõe um debate sério e bem informado sobre o complexo problema das drogas no Brasil e no mundo. Participações de Fernando Henrique Cardoso, Bill Clinton, Jimmy Carter, Drauzio Varella e Paulo Coelho.

Cena de 'Rio em Chamas'. Crédito: Divulgação

Rio em Chamas (2014) - 1h 49min - Direção: Cavi Borges, Vinícius Reis, Clara Linhart

Rio em Chamas é um filme-manifestação que fala da crise social pela qual passa a cidade do Rio de Janeiro e dos protestos públicos desde meados de 2013. Foi composto pelos múltiplos pontos de vista de seus vários realizadores, unindo testemunhos, ficção, registros documentais e animações, sem pretender apresentar uma visão totalizante dos acontecimentos que se acumularam desde então, mas sim tomar parte daquele momento.

3% (2011) – Direção: César Charlone

3 por cento, ou 3%, é uma série brasileira de ficção científica que se passa em um mundo no qual todas as pessoas, ao completarem 20 anos, podem se inscrever para um processo seletivo que os levará a um 'novo mundo', cheio de oportunidades e promessas de uma vida melhor. Apenas 3% das pessoas são aprovadas para ingressarem nessa área, mas, até lá, um processo bastante cruel é imposto aos candidatos.

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