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VICE News

A história do grupo canibal preso na África do Sul

Um membro do grupo entregou uma bolsa com pedaços de corpos à polícia.
Policiais de guarda em frente ao tribunal em Estcourt, África do Sul, no dia 21 de agosto de 2017. Uma multidão se reuniu para a audiência dos homens acusados de matar e comer carne humana.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE News .

Um suposto curandeiro gerou uma tempestade de polêmica sobre canibalismo e bruxaria numa pequena cidade do nordeste da África do Sul, depois de entrar numa delegacia local semana passada e anunciar que estava "cansado de comer carne humana", segundo oficiais locais.

"Ele abriu uma bolsa que tinha trazido [até a delegacia], e dentro tinha uma perna e um braço de um ser humano", disse à VICE o coronel Thembeka Mbhele, porta-voz do departamento de polícia regional de KwaZulu-Natal.

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Naquele mesmo dia, uma investigação na casa do homem recuperou mais restos humanos, incluindo oito orelhas humanas numa panela, segundo noticiado pela imprensa local. Mbhele não quis confirmar que partes humanas foram encontradas na casa, dizendo apenas que testes de DNA estão sendo realizados para identificar os mortos.

Agora, cinco sul-africanos encaram acusações de assassinato por terem, supostamente, matado e comido ritualisticamente outras pessoas em nome da medicina alternativa. O caso levou centenas de manifestantes furiosos às ruas contra os acusados, e obrigou a comunidade de medicina alternativa do país a negar oficialmente que tolera canibalismo.

Os suspeitos da cidade rural de Estcourt foram acusados de assassinato, conspiração por cometer assassinato e posse de partes humanas, disse Mbhele. Segundo o coronel, dois dos acusados afirmam ser curandeiros.

Na segunda-feira (28), centenas de manifestantes se reuniram em frente ao Tribunal do Magistrado de Estcourt, pedindo que os homens não recebessem direito à fiança. Lá dentro, os cinco homens cobriram os rostos com as roupas enquanto apareciam diante do juiz que canceloou o pedido de fiança, segundo a mídia local.

S'phiwe Manana, a organizadora de Estcourt da Organização de Curandeiros Tradicionais da África do Sul, que afirma ter 100 mil membros, disse que partes humanas não são usadas em práticas medicinais, que, segundo ela, cobrem uma ampla variedade de condições, de câncer e derrame a doenças mentais.

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"Eles podem usar peles de animais, mas não partes de corpo", disse Manana à VICE. "Esses dois não são curandeiros. Eles estão fingindo ser curandeiros. Curandeiros de verdade não misturam partes humanas com medicina tradicional. Estamos tentando limpar nosso nome."

O coronel Mbhele negou um relato da mídia local que dizia que 300 moradores da região tinham admitido comer carne humana dada por um dos curandeiros presos.

"Isso é mentira", disse Mbhele.

A próxima audiência, de acordo com o coronel, foi marcada para 28 de setembro.

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