Youtuber Sabrina Fernandes tese onze
Sabrina Fernandes. Imagem: Divulgação.
Entrevista

Onze perguntas para Sabrina Fernandes do Tese Onze

“Falta criatividade na esquerda” - conversando sobre internet, cirandas, pré-sal e greve com a socióloga ecossocialista que se dedica à formação política dos brasileiros no YouTube.

O Youtube é uma das principais plataformas de entretenimento no Brasil, porém acabou facilitando a disseminação de conteúdos conspiratórios ou de desinformação que saíram da obscuridade e passaram a ser oferecidos para milhares de usuários brasileiros. No entanto, há uma resistência que traz conteúdo didático e disputa espaço com canais de extrema-direita, e que cresce em visualizações e acessos. A socióloga e pesquisadora da pós-graduação da Universidade de Brasília, Sabrina Fernandes, faz parte desse nicho. Dona do canal Tese Onze desde 2017, a acadêmica possui atualmente mais de 188 mil inscritos. Lá ela fala, com linguagem acessível, sobre marxismo, feminismo e ajuda na formação política de quem recorre ao Youtube em busca de informações.

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Sabrina também acabou de lançar seu primeiro livro, Sintomas mórbidos: a encruzilhada da esquerda brasileira (Autonomia Literária, 2019), fruto da sua tese de doutorado na qual se debruçou a estudar o crescimento da extrema-direita e a fragmentação da esquerda no Brasil. O livro trata também duma crise da práxis: a esquerda brasileira teria perdido contato com o cotidiano dos brasileiros e parado de fazer trabalho de base -- além de assumir para si uma melancolia de que não há outra alternativa exceto aceitar a política institucional da forma que é.

A pesquisadora também acabou chamando atenção nas redes sociais ao fazer críticas e comentários contundentes sobre a militância e partidos de oposição ao governo e também denunciar casos de sexismo diário na academia e dentro da própria esquerda. A cada semana, Sabrina é "cancelada" por seguidores e personalidades políticas, que muitas vezes atacam a aparência da youtuber em vez de rebater suas críticas sobre o Partido dos Trabalhadores e políticos que viralizaram em 2019 como Tábata Amaral, a jovem deputada federal eleita em 2019 pelo PDT que votou a favor da Reforma da Previdência. “Essa coisa de ser chamada de ‘fada sensata’ [na internet] é um fardo,” pondera Sabrina.

Conversando com a VICE, Sabrina falou um pouco sobre sua trajetória no YouTube, a necessidade da esquerda ser criativa pra trazer o debate político para a sociedade brasileira e a disputa de espaço com a extrema-direita na internet .

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VICE: Vejo que o espaço e os cliques no YouTube são muito maiores em canais de extrema-direita que espalham boatos e têm posturas quase linchatórias. Você acredita que a plataforma é um espaço a ser disputado pela esquerda?
Sabrina Fernandes: Acredito que temos que disputar espaço no YouTube, mas é importante que a esquerda compreenda que não dá pra ocupar a plataforma como a direita conseguiu: na base da desinformação e na promoção do ódio barato. Nosso trabalho é bem árduo, porque além do fato da gente ter chegado atrasado na plataforma ,existem pouquíssimas iniciativas no Brasil. Precisa de estrutura, precisa de grana, e grande parte das pessoas progressistas que abrem canal no YouTube não têm grana. Por isso que muitos de nós dependemos no financiamento mensal. Nós precisamos também definir uma política de comunicação para lidar com uma era de fake news, de despolitização e que tem um antiesquerdismo e anticomunismo muito fortes. São debates bem profundos que não é só chegar e fazer, assim como não terá uma só figura pública, um grande youtuber que fará toda a diferença. Para a esquerda tomar proveito realmente desse espaço tem que ser uma ação conjunta.

Eu falo no meu canal que um vídeo não vai fazer diferença, mas a ideia é que eles tragam formação política, especialmente porque foco muito mais nisso do que na informação política. Eu trago conteúdos para que as pessoas possam tomar suas próprias decisões, avaliarem por si próprias, mas a partir disso tem que ter algum resultado prático também. Isso envolve uma questão complicada, porque muita gente vai pro YouTube pra assistir uma coisa, consumir e fica por aquilo mesmo. Quero que, na verdade, as pessoas peguem esse conteúdo e façam algo com aquilo.

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A ciranda, a poesia, a música podem alcançar as pessoas de uma maneira que um grande discurso ultra-revolucionário em cima um carro de som não faria nunca.

Canais feitos por estadunidenses como a ContraPoints e o britânico Philosophy Tube trazem uma proposta legal para desradicalizar espectador de discurso da extrema-direita. Isso pode ser uma inspiração pra gente?

A Natalie Wynn [dona do canal ContraPoints] é genial, ela faz um debate que usa muita da arte. Eu não sou artista, mas isso demonstra a necessidade da gente usar abordagem diferentes para provocar e aprofundar assuntos.

No meu caso, minha didática é estilo sala de aula, explicando pouco a pouco, mostrando exemplos. É importante a gente entender que vamos precisar de diversas abordagens de comunicação porque o público é muito variado. No Brasil, não temos que lidar só com a extrema-direita, existe também a questão do analfabetismo, do desemprego, que nossa educação é desigual. Trazer subsídios para que as pessoas possam entender esses debates é um trabalho bem longo e precisa de iniciativas pra fora do YouTube também.

Essa crise de práxis que você menciona no livro sobre a esquerda será que não mostra uma desconexão da esquerda com as limitações e particularidades do Brasil?
É interessante, porque a esquerda teve sempre um apelo pedagógico muito forte tanto tentando lidar com a classe trabalhadora quanto quanto pelas demandas por reforma agrária. Você olha pro Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e vê que é um movimento que tem todo um acúmulo de mística, de como usar música, peças de teatro e outras formas para gerar uma conscientização política. A gente não pode abandonar isso -- tenho até um certo receio de que quando a gente vai criticar uma certa esquerda que fica só presa em atos simbólicos. O pessoal costumam falar “ah, tá vendo? É essa esquerda cirandeira que não vai resolver nada”. Acho que as pessoas tendem a misturar um pouco as coisas, porque o problema não é a ciranda. Inclusive, a ciranda, a poesia, a música podem alcançar as pessoas de uma maneira que um grande discurso ultra-revolucionário em cima um carro de som não faria nunca.

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A gente não pode cair nesses preconceitos muito rasos e precisamos entender que a didática toma formas diferentes. Quando a esquerda institucional, aquela dos partidos, chega num ponto mecânico de trabalho de achar que tudo se resume a “vamos falar lá com aquele pessoal lá para a gente acionar quando precisar”, não dá certo. Mas e no dia-a-dia? O que essas pessoas precisam? O que que tá fazendo sentido pra elas para elas estarem se voltando para igrejas fundamentalistas ou para comprarem cegamente o discurso que está na Rede Globo, por exemplo? Tem muito o que está em jogo. Trabalho de base não é simplesmente organizar uma galera e falar “vamos organizar uma greve”, mas é também estar presente no cotidiano dessas pessoas com esses laços de solidariedade que é muito importante.

O curioso é que a direta costuma acusar a esquerda de estar presente ideologicamente no cotidiano das pessoas. Talvez até seja essa deturpação do tal marxismo cultural, de que ela está presente nas escolas, na televisão, mas na prática estamos vendo as consequências de um distanciamento dela no cotidiano?
A gente brinca um pouco na Sociologia porque eles falam da Sociologia e da Filosofia como antro marxista nas universidades federais, mas nós que estudamos olhamos para isso e dizemos "ah, quem dera”. (risos). A realidade é que é muito comum na Sociologia ter professores extremamente anti-marxistas. No marxismo existem discussões realmente muito profundas e complexas e ele precisa se organizar para fazer sentido, então não bastaria ter simplesmente um professor marxista na universidade falando várias coisas e pronto o trabalho está feito, até porque não é uma questão cultural, mas sim material.

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Uma das coisas que sempre penso sobre essa questão de doutrinação na universidade é que sou formada em Economia e durante o curso estudei Marx, mas também estudei Hayek, estudei Keynes, estudei Mises e vários economistas de vertentes distintas. Porque é isso que a gente faz na universidade. A partir daquilo ali nós fazemos nossas decisões e escolhas para saber qual desses estudos se aplica melhor à nossa realidade. O problema dessa acusação não é indício da doutrinação, mas sim de impedir o básico do básico de liberdade acadêmica e intelectual ao ensinar o conteúdo dado em materiais didáticos.

Quando consegue imaginar um fim do mundo com aliens invadindo o planeta que nem nos filmes, mas não consegue perceber que o capitalismo está gerando algo dessa maneira também é um grande problema.

Você é ecossocialista e percebo muito que questões ambientais muitas vezes não aparecem na pauta diária da esquerda. Você acha que a esquerda acaba ignorando o meio ambiente?

Com certeza, acho muito curioso quando escuto de pessoas que estão completamente fora do debate ecossocialista falando que é coisa de hippie. Você vê aí o tanto que a pessoa está perdida e não fez o mínimo esforço de ir atrás para entender. Existem ideologias que se reproduzem também dentro da esquerda e uma delas é produtivismo, muito criticada no ecossocialismo, que é confundir o desenvolvimento histórico dos meios de produção, de como a gente lida com as nossas necessidades, com uma noção de que nós precisamos ter indústria, qualquer tipo de indústria desenfreada, extrair todos os nossos recursos naturais e que só assim a gente vai conseguir se desenvolver.

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Hoje na esquerda uma das nossas maiores polêmicas tem a ver com a exploração do pré-sal. Ecossocialistas defendem que um programa de transição comece ontem. Que a gente coloque todas as nossas fichas em investimento de pesquisa e desenvolvimento relacionado à produção energética e no que já temos de tecnologias relacionadas a isso. Claro que não vai ser um debate de “pronto, acabou, a partir de agora não se explora mais nenhum petróleo”. Não, é um programa de transição que precisa ser concreto e tem que ser responsável, mas esse debate pra parte da esquerda é absolutamente nulo e impossível sempre sob a desculpa de que nós precisamos dos royalties do pré-sal para financiar a educação e a saúde. Nisso, a esquerda acaba se prendendo dentro de uma caixinha da mesma forma que a direita faz quando fala de precisar fazer a Reforma da Previdência dentro desses termos do Bolsonaro senão o país vai quebrar. A falta de imaginação é um problema grave.

Falta então imaginação?
Concretamente, quando você olha para o que está acontecendo na nossa realidade, olha pro mundo, pro impacto da devastação ambiental, o impacto da mineração em escala mundial e parece quase improvável a possibilidade de chegar no século XXII. Porém, quando se fala em alternativas, muitas pessoas falam que não existe opção nenhuma, que a gente tem que funcionar da forma que está dada. O discurso da direita, do Fim da História do Francis Fukuyama, foi comprado por muita gente da esquerda também. Nós não podemos aceitar que é o fim da história, porque não vai ter socialismo em terra devastada.

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Não acredito que um ser humano deve carregar uma responsabilidade individual de ser guru político e orientar exatamente o caminho que deve ser traçado.

Na obra Capitalist Realism do Mark Fisher ele aborda muito essa questão do neoliberalismo em que fixa a ideia nas pessoas de que não há nenhuma outra alternativa, acarretando nesse pensamento de que é mais fácil o mundo acabar do que o fim do capitalismo. Você enxerga esse pensamento quando você abordou a tal da melancolia da esquerda?
Sim, especialmente quando falo sobre a melancolia da esquerda moderada que acredita que nós já perdemos e que nós temos que fazer o melhor com o que está dado nessa realidade. Você abre mão da utopia. A utopia é uma coisa muito positiva dentro do marxismo. Uma utopia isolada nada mais é do que um sonho aleatório que não vai se concretizar. Porém, a utopia dentro do marxismo vai estabelecer nosso horizonte de ação política. E vejo isso em vários líderes. Quando consegue imaginar um fim do mundo com aliens invadindo o planeta que nem nos filmes, mas não consegue perceber que o capitalismo está gerando algo dessa maneira, também é um grande problema. Então, é uma questão da gente mexer na nossa perspectiva e demonstrar pras pessoas que há uma alternativa, principalmente pras que estão na base disso tudo, que tão sendo exploradas. Eu sempre menciono o filme Elysium, uma distopia sobre uma terra contaminada, pessoas trabalhando no meio da radioatividade e a classe rica lá em cima já conseguindo burlar a morte. Eu não quero esse tipo de realidade, por isso tenho de pautar uma outra situação. Nós temos que provocar sempre as barreiras que nós construímos.

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Quando falo de veganismo vejo uma resistência muito forte em algumas pessoas, muitas usando inclusive causas indígenas como token para justificar o próprio consumo de carne. Ou seja, temos pessoas que conseguem achar que vamos derrubar o capitalismo globalmente, que já é um projeto muito difícil, mas não conseguem imaginar a vida sem carne hoje. É uma provocação que precisa ser frequente. Se incomoda, temos que descobrir o que está por trás disso.

Lembro que numa das suas primeiras entrevistas você foi chamada de “Olavo de Carvalho da esquerda”. Você acha que existe essa necessidade de buscar a figura de um guru ou de uma diva para uma ideologia ou movimento social?
O que acontece isso é que sempre buscam essa figura de alguém que vai orientar todo mundo, um guru mesmo. E é tudo que não quero ser na minha vida. Principalmente porque não quero essa responsabilidade, não acredito que um ser humano deve carregar uma responsabilidade individual de ser guru político e orientar exatamente o caminho que deve ser traçado. Isso é bastante problemático a gente aportar dessa mesma forma porque gera essa noção de gente seguir cegamente um ao outro. E nós devemos questionar isso sempre.

No geral, é problemático porque acaba desumanizando as pessoas. Na minha experiência, essa coisa de ser chamada de “fada sensata” é um fardo pra carregar porque vai que eu erro? Eu estou sujeita a erros. E isso também acaba matando o debate. Passei por isso esse ano quando fiz um vídeo criticando as ações da Tábata Amaral e veio um monte de gente me chamando de invejosa, me cancelando e depois de quatro meses vieram me pedir desculpa ou alguns continuam orgulhosos de terem apoiando ela.

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Só que não é uma questão de me pedir desculpa ou não, é uma questão de compreender agora de onde que vinha a minha análise. Não é uma questão de disputa pessoal ou de picuinha, é uma questão de mostrar que na minha perspectiva como marxista tenho uma oposição concreta ao tipo de política que a deputada defende. É isso que eu estou falando. A gente precisa ter esse tipo de liberdade de crítica, de apontar essa coisas, inclusive remando contra a maré do que é o pop ou de quem está viralizando essa semana. É perigoso. As pessoas precisam ser um pouco mais racionais e tomar cuidado na hora de criar certos mitos na cabeça, especialmente na esquerda progressista. Porque não vai ser uma pessoa que viralizou num vídeo ou alguém que você admira muito que vai salvar a situação. Não vai ser o Lula que vai mudar a situação no Brasil, mesmo se a gente conseguir libertar ele da cadeia, não vai ser ele.

A gente tem que realmente pautar uma política que vai sair das entranhas, que vem dia a dia, do suor e com muita gente envolvida. Nós vamos bater a cabeça sim, mas precisamos sempre manter o respeito. Não é só a direita não que tem esse comportamento desrespeitoso, inclusive o hater de esquerda me causa muito mais dor de cabeça do que o hater de direita.

Acredito que a internet é um campo muito importante para ser conquistado, mas penso às vezes se não focam demais nela ao invés de pensarem em ações efetivas nas ruas.
É uma coisa também de encontrar espaços que vão fazer sentido pra você. Não é uma coisa de falar que você vai se filiar em qualquer organização e acabou. Uma questão fantástica de você estar organizado coletivamente é que você não precisa ser trocentas pessoas, você já está com trocentas pessoas.

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Já vi pessoas falando na internet que se derrubarmos o Nando Moura a gente derruba o Bolsonaro e eu fiquei tipo “Que?? Ahan? Isso não faz o menor sentido?”.

Claro que Nando Moura construiu uma legião de apoiadores pro Bolsonaro, isso é fato. Mas Bolsonaro também conta com o apoio dos moralistas, dos bancos e está com a classe dominante brasileira que é quem sustenta o governo dele até o momento que deixar de ser conveniente pra ela. É assim que as coisas têm funcionado no Brasil, o golpe funcionou dessa forma.

Por isso que precisamos nos mobilizar, mas também não é só a manifestação com data marcada porque isso não garante que vai ter gente suficiente na rua e muita gente na rua também não garante que vai fazer muita diferença. A organização deve representar uma ruptura contínua. A greve geral, por exemplo, é uma ferramenta muito importante pra esquerda, mas o pessoal tem na cabeça que basta só marcar e vai dar tudo certo. Não é assim que ocorre, porque greve deve fazer sentido na cabeça das pessoas. Uma pessoa que não é sindicalizada geralmente acha que a greve não tem nada a ver com ela. Pra uma pessoa autônoma uma dia sem trabalhar faz diferença na hora de colocar comida na mesa. Isso deve ser construído com muito esforço e isso passa pela por ferramentas de organização diferentes. Passa pra gente pensar em sindicatos, partidos, movimentos de bairro, assessoria jurídica, tudo que você possa imaginar para aí sim fazer sentido pra pessoa aderir a uma greve.

Muitas figuras da direita têm essa mania de chamar quem pensa diferente pra um debate, para “destrui-la” com hora marcada. Você acredita que participar desse tipo de coisa é frutífero?
É a sociedade do espetáculo em vários sentidos. Pra mim há uma certa diferença entre debate político, real e concreto e o espetáculo de colocar duas pessoas com visões opostas em hora tal, pra falar de uma coisa do momento com uma audiência lá que vai estar torcendo contra ou a favor, se divertindo e comendo pipoca. Eu tenho muita dificuldade de enxergar o propósito político desse último formato. O pessoal acha que política é entretenimento.

Lógico que um vídeo ou um conteúdo seja legal e não ser maçante, mas ele não está lá para ser consumido como se fosse uma série. Estamos lidando com a vida de pessoas, política é isso. No dia a dia tenho muito mais interesse em que as pessoas aprendam o que estou falando ali e se sintam mais conectadas para debater. Não é questão de ganhar ou perder o debate, é uma questão de perder ou vencer na vida. Eu penso muito também no papel da masculinidade tóxica hegemônica entra nisso, porque essa mania de chamar pro debate é algo muito comum entre youtubers homens. De onde vem essa necessidade de se impor e “destruir” no debate? Isso me lembra o problema da falta de equivalência, porque debater com uma pessoa que não está partindo de uma premissa racional significa que não vai ter um debate e sim um bate-boca.

Não é questão de ganhar ou perder o debate, é uma questão de perder ou vencer na vida.

Por que você escolheu a Tese Onze da análise de Karl Marx contra Feuerbach como título do seu canal?
Minha tese favorita é a tese três, que foi inclusive onde baseei boa parte da minha pesquisa do doutorado tentando entender práxis, mas quando eu fui mudar o nome do meu canal queria algo que trouxesse um significado bem direto, mas com um nome que levasse as pessoas a pesquisarem. Pensei na tese onze justamente pra gente lembrar que não é só pra ficar no YouTube, que não é só para produzir coisas pro grupo de WhatsApp. Nós vamos interpretar o mundo, mas por que? Pra que a gente tá tuitando, brigando com a família? A gente quer transformar essa realidade. A tese onze é de profunda provocação para a academia, a militância, quem tá ou não tá na internet. Ela é o fundamento central do marxismo vivo e prático no qual eu acredito.

A entrevista foi condensada para melhor leitura e compreensão.

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