A Coreia do Norte testou um novo míssil de longo alcance

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A Coreia do Norte testou um novo míssil de longo alcance

Indícios apontam que a nação de Kim Jong Um estaria mais perto de atingir os EUA.

A Coreia do Norte anunciou na última segunda-feira (15) que testou com sucesso um "míssil balístico recentemente desenvolvido, capaz de carregar uma ogiva nuclear de tamanho grande", aumentando temores de que Kim Jong Un pode um dia ter uma arma capaz de atingir os EUA.

O lançamento de teste no domingo, o décimo até agora de 2017, envolveu um "foguete balístico de médio alcance Hwasong-12", segundo a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA. Pyongyang também divulgou um vídeo e fotos do lançamento, mostrando Kim sorridente e comemorando depois que o míssil decola.

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Relatórios oficiais da Coreia do Sul, Japão e EUA dizem que o míssil voou alto e mergulho na costa nordeste da Coreia do Norte, próximo do território russo. O projétil voou por quase 800 quilômetros, e o "teste foi conduzido no maior ângulo em consideração à segurança de países vizinhos", segundo a mídia norte-coreana. Isso significa que o míssil basicamente foi mirado para o céu para não ameaçar o Japão.

Analistas logo calcularam que se o míssil fosse lançado numa trajetória mais plana, ele teria um alcance máximo de cerca de 4.500 quilômetros, o que colocaria as bases militares norte-americanas na ilha de Guam, no Pacífico, a uma distância atingível. O Havaí fica a 7.400 quilômetros da Coreia do Norte, e a Califórnia a quase 9.300 quilômetros — distâncias consideráveis para um míssil.

O teste, que ocorreu dias depois da eleição presidencial na Coreia do Sul, é significativo por várias razões. O consenso entre especialistas independentes é que a Coreia do Norte está lentamente trabalhando para desenvolver um Míssil Balístico Intercontinental (ICBM), e que esse lançamento vai ajudá-los a aprender como construir um desses, já que a tecnologia envolvida é similar.

"É uma base para as ambições norte-coreanas de adquirir um míssil de longo alcance", disse Tal Inbar, chefe do centro Space & UAV do Instituto Fisher de Estudos Estratégicos Aeroespaciais, a NK News. "Um ICBM? Não. Mas eles estão chegando perto."

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A boa notícia é que esse novo foguete, revelado durante um desfile militar mês passado, ainda usa combustível líquido, mais complicado de trabalhar do que novas tecnologias. A Coreia do Norte também vem trabalhando com foguetes de combustível sólido, que tornam a defesa mais difícil porque podem ser implantados e disparados mais rapidamente de lançadores móveis.

As fotos divulgadas pela mídia estatal norte-coreana indicam que o Hwasong-12 "não é um míssil totalmente móvel", disse Scott LaFoy, um analista de imagens especializado em mísseis balísticos a NK News. Ele disse que o míssil parece usar "um sistema transportável que tem um número limitado de posições de lançamento". O ponto positivo aqui é que se a Coreia do Norte quer lançar um míssil para Guam, os EUA terão tempo de notar o lançamento em progresso e reagir. Por outro lado, Ankit Panda do The Diplomat apontou que o míssil provavelmente "é uma base para um ICBM de combustível líquido". Escrevendo para o site 38 North, John Schilling apontou que "esse míssil permitiria a Coreia do Norte conduzir pelo menos alguns testes necessários para desenvolver um ICBM operacional sem realmente lançar um".

O ponto chave aqui é que a Coreia do Norte ainda não pode atingir os EUA, mas o novo foguete testado no domingo é o mais avançado do país até agora — e um sinal de que Pyongyang logo terá a América do Norte no alvo se nada mudar. Pelo menos foi o que disse a mídia norte-coreana na segunda.

O anúncio da mídia estatal dizia que Kim deu a seus cientistas de foguetes "ordem para desenvolver continuamente ogivas mais precisas e diversificadas, e meios de ataques nucleares" e "fazer preparações para mais testes".

A mídia informou que Kim mencionou especificamente os EUA, alertando que "é melhor os EUA verem claramente se os foguetes balísticos da [Coreia do Norte] representam uma ameaça real ou não".

Tradução: Marina Schnoor

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