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'Todo mundo tem que ter armas', diz o vocalista do Eagles of Death Metal no retorno da banda a Paris

Em entrevistas para a imprensa francesa, o vocalista da banda, Jesse Hughes, disse que ainda tem pesadelos com o ataque.
Foto por Yoan Valat/EPA.

O Eagles of Death Metal (EODM), banda que estava se apresentando na casa de shows Bataclan em Paris quando o lugar foi atacado por atiradores em novembro passado, voltou à capital francesa para "terminar" o show daquela noite.

Em entrevistas para a imprensa francesa, o vocalista da banda, Jesse Hughes, disse que ainda tem pesadelos com o ataque, quando 90 pessoas morreram, mas diz que o massacre só consolidou sua visão de que todo mundo deveria ter acesso a armas de fogo.

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A banda tocou num show do U2 em Paris em dezembro, mas a apresentação da última terça (16) no Olympia foi a primeira aparição solo deles desde o ataque. Psicólogos estavam de prontidão para ajudar sobreviventes do ataque, que receberam convites gratuitos. O EODM estava se apresentando para um público de cerca de 1.500 pessoas no Bataclan no dia 13 de novembro, quando três homens com fuzis invadiram a casa de shows e começaram a atirar e lançar granadas de mão.

A série de ataques a Paris naquela noite, em que 130 pessoas morreram, foi assumida pelo grupo terrorista Estado Islâmico. O Bataclan ainda não reabriu.

Relacionado: O que aconteceu na casa de shows Bataclan durante os ataques de Paris

"Não voltar para concluir nosso show nunca foi uma opção", disse a banda numa declaração em dezembro, anunciando as novas datas de sua turnê europeia.

Numa entrevista emocionada de 19 minutos na segunda-feira, Hughes — um defensor de longa data do acesso a armas — disse ao canal de TV francês iTélé que o controle de armas não salva vidas.

"O controle de armas na França impediu que uma pessoa sequer deixasse de morrer no Bataclan? E se alguém tiver provas que sim, eu gostaria de ouvir, porque não acho que isso seja verdade. Acho que a única coisa que impediu isso foi alguns dos homens mais corajosos que vi na vida, avançando em direção à morte com suas armas de fogo."

Os ataques só confirmaram a crença dele da necessidade do acesso a armas de fogo, disse Hughes.

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"Sei que as pessoas vão discordar de mim, mas me parece que Deus fez homens e mulheres, e naquela noite, as armas tornaram todos iguais. E odeio que isso seja assim", disse Hughes, que apoia o candidato Donald Trump para as eleições presidenciais dos EUA.

"Acho que o único jeito que minha mente mudou talvez seja que até que ninguém tenha armas, todo mundo tem que tê-las. Porque nunca vi alguém que tem uma morrer, e quero que todo mundo tenha acesso a elas, e vi pessoas morrerem que talvez tivessem vivido, não sei", ele disse.

Alguns sobreviventes do ataque disseram aos repórteres que ir ao show os ajudaria a encerrar essa questão.

"Para mim era óbvio que o show precisava terminar e do jeito certo desta vez", disse a sobrevivente de 27 anos Lydia Berkennou a Sky News. "Isso vai me ajudar a seguir em frente e isso é um grande passo, uma coisa que pode me ajudar a fechar essa porta atrás de mim."

Outros expressaram apreensão sobre se conseguiriam lidar com a experiência emocionalmente.

Guillaume Munier, 29 anos, que sobreviveu se escondendo num banheiro, disse a RFI inglesa: "Vou até o Olympia, mas não sei se vou conseguir entrar."

Hughes disse que esperava que o show o ajudasse em sua recuperação. "Espero que eu consiga subir naquele palco e ser mais forte do que estou sendo agora… Isso é terapia para mim."

Numa entrevista para a VICE ano passado, Hughes afirmou que a banda retornaria aos palcos.

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"Nossos amigos foram lá para ver rock 'n' roll e morreram. Eu vou voltar lá e viver."

Assista a entrevista aqui:

Tradução: Marina Schnoor

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