Primeira-ministra britânica pede eleições gerais antecipadas
Foto: ASSOCIATED PRESS.

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Primeira-ministra britânica pede eleições gerais antecipadas

Pleito pode acontecer se dois terços dos parlamentares da Câmara dos Comuns forem a favor.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE News .

Nesta terça-feira (18), a primeira-ministra britânica Theresa May chocou o Reino Unido quando pediu eleições gerais antecipadas para 8 de junho, citando a necessidade de fortalecer o governo no início das negociações críticas do Brexit com a União Europeia.

May disse que o país precisa de uma liderança forte e estável enquanto tenta conseguir o melhor acordo possível para sair da UE — e que a posição do governo atualmente vem sendo minada por parlamentares da oposição que ameaçam votar contra o acordo final do Brexit.

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"O país está se unindo, mas Westminster não está", ela disse. "Se não fizermos uma eleição geral agora, eles continuarão com seus jogos políticos."

May fez o anúncio surpresa durante uma entrevista coletiva convocada às pressas em Downing Street, dizendo que tinha decidido recentemente que uma nova eleição era necessária. Antes ela tinha dito várias vezes – inclusive no mês passado – que não pediria eleições adiantadas.

"Foi com relutância que decidi que o país precisa dessa eleição, mas é com uma forte convicção que digo que isso é necessário para assegurar a liderança forte e estável que o país precisa para passar pelo Brexit e ir além", ela disse.

Leia também: "O que esperar depois do Brexit?"

Ela disse que todo voto para seu partido fortaleceria a posição do governo, enquanto ele procura assegurar um acordo favorável com a UE em questões espinhosas como comércio e segurança, e "dificultar o trabalho para políticos de oposição que querem me impedir de fazer esse trabalho".

Sob a lei britânica, eleições gerais são marcadas para a primeira terça-feira de maio a cada cinco anos, significando que as próximas eleições seriam em 2020. Mas eleições antecipadas podem acontecer se dois terços dos parlamentares da Câmara dos Comuns forem a favor.

Jeremy Corbyn, líder do Partido dos Trabalhadores, que faz oposição ao governo, disse que o partido recebeu bem a notícia, indicando que o pedido de May deve ser aprovado quando a questão for colocada diante do parlamento.

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"Dou boas-vindas à decisão da primeira-ministra de dar ao povo britânico a chance de votar por um governo que coloque os interesses da maioria em primeiro lugar", disse Corbyn numa declaração.

"O Partido dos Trabalhadores vai oferecer ao país uma alternativa eficiente para um governo que fracassou em reconstruir a economia, abordar a queda na qualidade de vida e que exigiu cortes em educação e [saúde pública]."

May disse que o momento é certo para tirar uma eleição do caminho enquanto a UE ainda está decidindo sua posição nas negociações, e antes que as discussões do Brexit comecem para valer.

Pesquisas mostram que a hora também é boa para o partido dela, indicando que os conservadores venceriam com vantagem. A última pesquisa do YouGov mostrou os conservadores com 44% das intenções de voto, quase o dobro do apoio ao Partido dos Trabalhadores, o principal grupo da oposição, que tem 23% das intenções de voto.

O apoio à liderança de May é ainda mais forte, com 50% dos eleitores dizendo que ela é a melhor escolha para o cargo de primeiro-ministro, comparado com 14% para Jeremy Corbyn.

Nicola Sturgeon, chefe do Parlamento Escocês e líder do Partido Nacional Escocês, descreveu o pedido de May como "uma das guinadas mais extraordinárias na história política recente", e disse que a primeira-ministra tinha "mais uma vez colocado os interesses de seu partido na frente dos interesses do país".

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Na Escócia, onde a maioria dos eleitores votaram para continuar na UE, o Brexit desencadeou uma pressão renovada pela independência do país, com o Parlamento Escocês procurando uma permissão de Westminster para realizar um novo referendo de independência — uma ação que May diz que não permitirá até que o Brexit esteja completo.

Sturgeon disse que eleições antecipadas dariam aos eleitores escoceses "a oportunidade de rejeitar a agenda estreita e divisiva dos tories, além de reforçar o mandato democrático existente para dar ao povo escocês uma escolha para o futuro".

Tim Farron, líder de oposição do Liberal Democratas, disse que a eleição poderia dar "a chance de mudar a direção do nosso país" para eleitores que querem "evitar um Brexit desastroso e difícil". E Paul Nuttall, líder do Partido da Independência do Reino Unido, pró-Brexit, disse que também deu boas-vindas à eleição antecipada, mas que o pedido de May foi "uma decisão cínica impulsionada mais pela fraqueza do Partido dos Trabalhadores de Corbyn do que pelo bem do país".

O pedido de eleições antecipadas é a última reviravolta no tumulto político no Reino Unido desde o choque do anúncio da saída da União Europeia ano passado. A eleição de junho deve oferecer ao público britânico a chance de votar diretamente na liderança de May — ela subiu ao poder quando o ex-primeiro-ministro David Cameron, que fazia campanha para que o país permanecesse na UE, renunciou depois do resultado do referendo.

Apesar de May pessoalmente ser a favor de continuar na UE, ela disse que o resultado do referendo deve ser respeitado, e desde então sinalizou suas intenções de buscar o que tem sido descrito como um "Brexit difícil" — uma separação clara da união, sem meias medidas.

Tradução: Marina Schnoor

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