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Música

As 10 Coisas que eu Odeio na Noite de São Paulo

Dago Donato não teme o teto de vidro e lista as piores coisas que encara em mais de duas décadas de rolê na capital paulista.
Foto por Anna Mascarenhas

A internet tem uma capacidade historicamente inédita de amar ou odiar tudo e todos em intensidade faraônica (apesar de muitas vezes termos a impressão de que o Ódio Digital é muito mais valorizado que o Amor Virtual [exceto nudes]). Com isso em mente, além de um sutil desejo de provocar o tão gostoso buzz em comentários de Facebook, convidamos figuras icônicas das noites de São Paulo e Rio para elencar o que, para eles, são os dez pecados capitais ou as dez coisas que amo em você do circuito de baladas (sim, BALADAS) das duas cidades. Tentamos deixar de fora os defeitos e qualidades de cenas muito distantes do que, colonizados que somos, conhecemos por clubbing scene, tipo, os rolês sertanejos, festa de universitário, etc. Para a primeira instância da série, pedimos para que o vanguardista magnight Dago Donato, o dono da Neu, desse uma haterizada no perfil noturno paulistano.

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Posso dizer que já estive em todos os lados da noite: público, promoter, DJ, banda, dono, bartender. Se pá, só não fui segurança. Mas existem várias noites em São Paulo e eu só conheço uma delas. Explico: não conheço a noite playba, não conheço a noite sertaneja, não conheço a periferia e por aí vai. Então só posso falar sobre aquele circuito em que todo mundo se conhece e conhece as casas.

Não me leve a mal. Depois de tanto tempo ainda acho a noite de São Paulo legal. Só fiquei mais ranzinza. Aí que achei divertido quando me pediram pra fazer essa listinha, apesar do telhado de vidro. A real é que tô pouco me fodendo. Não pro telhado, mas pra essas coisas todas. Até hoje não deixei de sair apesar das coisas que (me) incomodam. E, no fim das contas, sempre dá pra achar um lugar pra você.

10. Comanda

Foto por I Hate Flash

No departamento de invenções nefastas do inferno, o capeta e seus trutas ficam bolando coisas desgracentas como a bomba atômica, a bancada evangélica, o assento da classe econômica dos aviões e a comanda das baladas. Essa ideia maldita te faz de refém do lado de dentro da casa até que você encare a fila pra pagar. Normalmente, você só vai liquidar a fatura quando já quer ir embora. E é nessa hora em que tudo que você mais queria era estar dormindo ou comendo um pernil no Estadão que você tem que aturar os bêbados mais chatos, desviar das brigas e discutir os 10% de serviço cobrados indevidamente.

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9. DJ (sub)celebridade / DJ meme / DJ amigo

Na verdade, foda-se se você não sabe tocar. É tanto DJ merda na cidade que nem é isso que pedimos mais. Só gostaríamos que você não fosse imbecil. Tipo, tocar as músicas no mesmo volume, não soltar uma música em cima da outra e não repetir sons já tá bom demais.

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8. Catuaba

Foto por Anna Mascarenhas

De repente, o que era bebida de fodido e mal pago ou de moleque que tá começando a beber virou aceitável na noite. Aceitável numas, né? Não dá pra não ter preconceito contra quem tem mais de vinte anos e toma vinho doce de maçã com gelo. Mas nada se compara ao mar negro de vômito de catuaba na porta das festas no fim da noite, cortesia do pessoal que acha que dá pra beber isso igual cerveja.

7. Os lugares muito loucos

Foto por Yuri Mira

"Cara, essa festa nessa carvoaria abandonada no Pari me lembra um pico que eu fui em Berlim". Tirando o foco de dengue atrás da cabine do DJ. A busca alucinada por novos locais muito loucos pra fazer festa invariavelmente resulta em alguns ou todos esses ingredientes combinados: perrengue, som bosta, risco de vida. Conselho amigo: cheque sempre as rotas de escape antes de ficar muito louco.

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6. Tema

Foto por Yuri Mira

Balada não é escola de samba, não precisa de enredo. Ainda assim, ficam algumas sugestões para temas de festas e casas noturnas: "drinque sem fila", "cerveja gelada", "música boa", "bebidas não batizadas", "seguranças simpáticos", "banheiros limpos".

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5. Marketing de fila

Foto por Yuri Mira

A manjada tática de fazer parecer que a casa tá bombando segurando a fila. Você fica uma hora e meia esperando pra entrar no lugar e se depara com o DJ tocando pro ar condicionado. Se tiver ar. E tiver ligado.

4. Falta de educação

Foto por Anna Mascarenhas

Tem pra turma que tenta de tudo pra não pegar fila, tem pro playba que passa a mão no cabelo da mina, tem pra "celebridade" que faz escândalo na porta, tem pro puto que mija no banheiro todo. Na noite de São Paulo, tem espaço pra todo mundo. É a cultura do "eu paguei, eu posso tudo", tão presente na nossa vida noturna.

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3. Turma do celular

Foto por Anna Mascarenhas

É um dos casos mais clássicos do item anterior. Sabendo da falta de educação típica do público paulistano, muitas casas têm afastado cada vez mais o DJ do público. Então criou-se essa nova maneira de incomodar quem tá tocando: escrever o nome do som no celular e tentar alcançar a atenção do DJ. Enquanto ele está tocando um som, virando outro e pensando no que vem na sequência, o DJ tem que parar pra ver o que um mala acha que não pode deixar de ouvir já que ele pagou pra entrar.

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2. Festas fechadas com atrações gringas

Foto por I Hate Flash

Alguém inventou que exclusividade gera "awareness". Então tome festinhas boca livre só pra convidados com atrações que muita gente que não foi convidada gostaria de pagar pra ver e que grande parte do público convidado tá pouco se fodendo pra quem é. Tá certinho.

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1. Voltar pra casa

Foto por Anna Mascarenhas

Aí que você encheu a cara, não tem mais um puto e só quer chegar em casa mas ainda são quatro da manhã. Senta e chora. Taxi vai sair bem caro. A linhas de ônibus da madrugada estão só começando a rolar, mas é claro que você não se informou sobre elas. E o metrô, bom você vai ter que esperar pra chegar em casa com o sol nas costas.

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