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Tecnologia

Kim Dotcom: O Homem Por Trás do Mega

A nova vida e os detalhes da prisão de Kim Dotcom, o milionário por trás do Megaupload e do Mega.

Quando conheci Kim Dotcom em Auckland, passamos a maior parte do tempo no estúdio de gravação dele. É ali que Kim esquece um pouco sua vida sob prisão domiciliar em seu gigantesco complexo próximo da maior cidade da Nova Zelândia. No estúdio, Kim não deixa entrar advogados ou problemas dos negócios – só batidas de música eletrônica. É isso mesmo. O cara está trabalhando num disco de EDM.

Enquanto Kim, Tim Poll da VICE e eu conversávamos sobre a vida de Dotcom e seu caso, ele nos surpreendeu com uma informação que ainda não havia sido divulgada para a imprensa. Quando Kim foi preso de forma cinematográfica pelas autoridades da Nova Zelândia em janeiro de 2012, sua mãe, que vive na Alemanha, também foi cercada por policiais armados, que queriam apreender o carro que Kim tinha comprado para ela. Depois de pressioná-lo por mais informações, Kim disse que aquela era a primeira vez que discutia esse incidente com repórteres.

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Quando voltei para o Canadá, Kim e eu voltamos a nos falar para discutir o incidente com mais detalhes. “Um dia a polícia alemã apareceu na porta da casa da minha mãe, com homens armados com MP5s, e apreendeu a Mercedes Benz ML I que eu tinha dado de presente a ela”, ele contou. “Eles bloquearam a rua com duas vans da polícia de cada lado. Parece que eles queriam ter certeza que ninguém escaparia com o carro.”

Kim disse que o carro “estava registrado no nome de um de seus empregados de Munique, já que essa pessoa fazia a manutenção do veículo e o levava à oficina da Mercedes sempre que pneus de neve eram necessários”.

O Motherboard não encontrou documentos da polícia alemã sobre o caso, mas o Departamento de Justiça norte-americano lista os recibos de compra da Mercedes ML 350 da mãe de Kim na relação de provas do julgamento Megaupload, e o carro também está listado como propriedade para cassação na acusação do Departamento de Justiça.

A invasão da propriedade de Kim com certeza foi traumática para ele e a esposa, Mona Dotcom, que na época estava grávida de gêmeos, mas o episódio envolvendo sua mãe elevou os níveis de stress ao ponto de ebulição. Kim disse que a abordagem à sua mãe foi “um ultraje”.

“Fiz muito dinheiro no mercado de ações com fundos que adquiri antes do Megaupload sequer começar. O Megaupload tinha apenas 9% de sua renda e usuários vindos dos Estados Unidos (dentro da jurisdição americana)”, ele disse. “Todos os outros clientes e 70% dos nossos servidores não eram americanos. E mesmo assim eles dizem que todos os meus bens, os bens da minha equipe, da minha esposa, da minha mãe, cada centavo, estão de alguma forma manchados pelo Megaupload e devem ser apreendidos, sem nenhuma audiência, sem nenhum julgamento.”

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“Não podemos nem trazer nossas roupas e móveis de Hong Kong, o governo americano insiste que tudo que possuímos em nosso apartamento lá deve ser leiloado e os fundos devem ser congelados”, ele continuou. “Tudo isso aconteceu quase dois anos atrás e não parece que vai terminar tão cedo.”

Essa apreensão total das propriedades de Kim Dotcom mostra a perversidade com que as autoridades foram atrás dele, e realmente parece que ele e sua antiga empresa, o Megaupload, estão sendo usados com um exemplo para futuros casos de suposta violação de direitos autorais de Hollywood. A mãe de Kim disse ter ficado “chocada” com a invasão. “Ela não acreditava na quantidade de policiais que foram até a casa dela”, disse Dotcom. “E eles só queriam o carro. Eles estavam armados e bloquearam a rua; os vizinhos acharam que a polícia estava prendendo um terrorista.”

Kim se refere à invasão de sua casa na Nova Zelândia e à apreensão na casa de sua mãe na Alemanha como um “ataque global coordenado”.

E outras pessoas de seu círculo pessoal também se tornaram alvos das autoridades. “A conta bancária do meu assistente pessoal e do chefe da minha segurança ainda estão congeladas”, ele disse. “Esses membros da minha equipe não foram indiciados nem acusados de nada. Mas o governo norte-americano mantém as contas deles congeladas até hoje. Eles também apreenderam objetos pessoais da minha esposa. Presentes de aniversário, Natal, aniversário de casamento… Todas as coisas bonitas que comprei para ela.”

Evidentemente, o fervor com que as autoridades caçaram Kim Dotcom está vindo de algum lugar. A mensagem entregue por essas invasões é que esses poderes não tolerarão quem estiver lucrando com o que eles alegam ser violação de direitos autorais, e a luta de Dotcom contra essa mensagem não parece estar próxima do fim.

Tradução: Marina Schnoor