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Μodă

Como as Gatas Ficam Gatas

As meninas já são tão bonitas, mas normalmente querem ser bonitas de uma outra maneira beeeem exata.

Deixando de lado a maquiagem, que é já batida, as coisas pelas quais meninas passam pra ficarem bonitonas são desagregadoras, ambivalentes e, no final das contas, muito esquisitas. Tipo, há quantidades gigantescas de “produtos” na maioria dos banheiros das garotas – até mesmo uma sapata-punk-vegan-feminista vai ter lá seu “sabonete especial de carbono” – mas a maioria desses produtos não são lá grandes coisas e não “funcionam” de verdade, e mesmo assim manteém sua presença abominável na consciência coletiva das mulheres. Esse é um problema interno, e não há nenhuma solução. As meninas já são tão bonitas, mas normalmente querem ser bonitas de uma outra maneira beeeem exata.

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CERA
Você sabe o que é uma “virilha íntima”, tenho certeza. Vamos nos parabenizar por termos popularizado um estilo de penteado vaginal! Mas você sabia que depois do começo da vida sexual das meninas, e antes das Serras Peladas (estou zoando, ninguém fala assim) há uma era inteira de lâminas raspando vaginas? E, já que todo mundo está comprando essas lâminas com faixas hidratantes nos cantos (deve ser “todo mundo”, porque aparentemente isso custa três centavos pra ser produzido, e vinte contos pra comprar), chegar perto dos pelos se tornou uma Missão: Impossível – O Protocolo Fantasma, e é por isso que algum dia as meninas simplesmente deixam rolar ou se depilam. Além disso: depilar essa região dói menos do que depilar as pernas. Por quê? Sei lá.

BRILHO
As travestis sabem todos os segredos, e um look bem, mas bem trava é aquele brilho corporal intenso. Vai lá e dá uma olhada. VIU?! Todo aquele açúcar de confeiteiro está inserido em cada ângulo da clavícula e joelhos-bunda e punho (talvez não). O melhor brilho se chama “Body Bling”. Vamos apenas refletir um pouco sobre isso.

ÓLEO
Há um lance novo de que estão falando no Mundo das Meninas sobre como óleo é um item que está sendo usado para hidratar cabelos rebeldes e a pele das pernas, e também pra limpar a cara. Quer dizer…

PELO NO BRAÇO
Eu tomo umas vitaminas para pelos suspeita chamada Viviscal porque li sobre ela em uma revista enquanto estava em uma praia chique no México com minhas duas irmãs perfeitas (magrelas loiras ricas de dois metros de altura). Estava me sentindo vulnerável – ao ponto de, depois, chorar pra caramba em uma cama de massagem que meus líquidos faciais caíram tão forte no chão e, de verdade, quase acertaram os sapatos da minha massagista – de qualquer forma, fez meus cabelos crescerem tão rápido quanto dentes-de-leão (bonitinho!) e fiquei muito feliz. Mas adivinha, também fez meu insignificante pelo no braço crescer tão rápido, que aleatoriamente apareceram pelos de 5 centímetros (loiros como o verão, pelo menos) por toda parte.

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Aqui vão algumas coisas pra se fazer com os pelos do braço: depilar; descolorir (APENAS se você for muito branca; uma vez no acampamento de verão uma das meninas mais escuras pegou um descolorante emprestado e houve toda uma mesa-redonda sobre como aquilo foi uma má ideia); esperar que ninguém perceba. De qualquer forma, não tem problema. Uma vez minha amiga, que não se importa com nada, ficou esfregando seus pelos no braço e disse sem cerimônias: “Eu amo meus pelos”. É isso aí. Sério, essa é a coisa menos importante, e é por isso que é super fácil de prestar atenção demais nisso.

SHAMPOO SECO
Tomar banho é um saco quando você tem cabelo comprido, porque é um lance repetitivo e trabalhoso pra cuidar do que é essencialmente um tapete morto. Em vez disso, uma quantidade grande garotas simplesmente não se importa, e é lindo. O shampoo seco existe há muito tempo, principalmente em uma forma conhecida como “Pshhhhh”, que é essencialmente amido de milho em uma garrafa de spray, e assim é chamado porque acho que não lavar o cabelo é uma tragédia para a indústria de cosméticos, e fazer o cabelo ficar gigante e fofinho com esse produto em vez de limpá-lo é nosso grande segredo gay.

Shampoos secos vêem em uma névoa grossa, mas bem formada (Oribe, o melhor) ou um pó daqueles de Halloween que transforma cabelos castanhos em um lance meio feiticeiro cinza (Klorane também é bom). Os dois fazem um som que satisfaz (“Pshhhh!”). Você tem que arrumar com os dedos depois de jogar o spray, e jogar a cabeça pros lado um pouco. Fiquei muito doida com esse negócio ontem e quando acordei hoje de manhã, meu cabelo estava perfeito, mas obviamente possuído por algum demônio e vou pagar por isso mais tarde.

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EXTENSÕES
Não posso te falar sobre as aventuras da experiência com cabelos negros porque isso seria muito nojento da minha parte – eu cortava o cabelo de vários amigos, e quando um cara pediu pra que trançasse o dele, tentei e tive que me retirar da empreitada absolutamente envergonhada. Também não posso falar nível de força muscular que se aplica numa situação dessas. Sou, no entanto, especialista em extensões baratas pra loiras, e posso falar que, quando ficam muito tempo sem serem arrumadas, com a manutenção inevitável entre festas de energético e vodca e dormir o dia inteiro, elas começam a parecer galhos de cocô formulados por uma dieta deficiente em vitaminas com energéticos e vodcas e porra e glitter plástico e bile gorfada e gasolina.

BRONZEAMENTO
Ainda não saquei esse lance. Não sei. É genuinamente assustador e terrível, mas também é recomendável em doses pequenas; é lindo e até que fica meio estranho. Passei o tempo todo usando bloqueador FPS50 e uma camada de bronzeador por cima. Bronzeamente é um mistério eterno.

DESCOLORAÇÃO
Descolorante é o símbolo primário de Coisas que Toda Menina Faz pra Ficar Gata, e é um produto tóxico e complicado que raramente acaba deixando alguém mais bonita, mas nós tentaaaaamos e tentaaaaamos.

Dá pra descolorir seu próprio pelos, os do cu, os da cara (não faça isso), e até o seu cabelo. Especialmente o seu cabelo. Antes de ter o cabelo numa das cores do arco-íris, esse é um processo absolutamente obrigatório na experiência de uma menina – lembre-se, raramente o lance de Coisas que Toda Menina Faz pra Ficar Gata tem a ver com “ficar gata” – é crucial descolorir a cor, a saúde e a etnia pra fora de si, e depois jogar um pink (bom), um roxo (bom), uns verdes (bom) e uns azuis (cuidado: pode parecer meio que um acidente).

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Além disso, tem aquele lance intermediário, pelo menos pras morenas, onde você pode descolorir apenas a parte de baixo. Meu cabelo é normalmente bem doidão – muito longo, nunca é escovado – e gosto de descolorir as pontas porque realmente chama a atenção o quanto elas estão mortas e descuidadas. Como tudo na beleza corporativa, essa descoloração foi inventada para convencer as mulheres a parecerem mais novas, mas de repente as mais novas começaram a fazer também, e então todo mundo olhou em volta e disse: “Nada disso funciona, né?”

OK, luzes. Dá pra dizer de onde uma menina vem – se não der pra dizer só pela bolsa dela – baseado em sua escolha de luzes. A descoloração intermediária, como já dita, é coisa urbana. Pinceladas de bege e loiro que começam uniformemente no topo, são as meninas com quem você foi, ou vai, pra escola, e que tem tanto pavor da ideia de interagir com um mendigo que elas acabam ficando em seus bairros de merda, com seus salões de merda até que sejam diagnosticadas com Tédio Nível Quatro e desapareçam lentamente, o que não tem problema se você curte essas coisas, mas elas obrigatoriamente devem usar essas luzes – ou sua variação suburbana descolada, uma faixa “bacana” descolorada, da qual não consigo nem falar – com uma letra escarlate, pra sempre, amém.

Dica amiga: também é obrigatório e nojento colorir o seu cabelo de preto escurão pelo menos… duas vezes? E talvez sua mãe, furiosa, vai pagar pra que você arranque isso do cabelo pra que você fique com uma cor nada a ver por sete anos até que tudo isso cresça.

PEDICURES
Com certeza, uma pedicure é uma delícia, e os resultados valem a pena se você se importa com esse tipo de coisa. Também uma excelente maneira de ver suas amigas em atividade enquanto estão oficialmente “relaxando”, além de conseguir ler os tabloides como é obrigatório, tipo: “Ah, acho que vou escolher essa aqui e ver o que a Coco está fazendo, sem problemas”.  No entanto, isso é bem racista. É racista! O que, você acha que ter pessoas não-brancas ou que migraram recentemente se ajoelhando na sua frente para LAVAR A PORRA DO SEUS PÉS é alguma coisa além da maior demonstração da disparidade da economia global já imaginada por alguém? Esqueça todo aquele lance insano que acontece lá embaixo, tipo arrumar a unha e a cutícula e raspar os calos. Há ZERO atividades tão eloquentes quanto essa que discutem as funções de classes e raças, ZERO. É tão absurdo que sair de uma pedicure e acordar pra realidade é tão novo e odioso todas as vezes. Aproveite!

TEXTO POR KATE CARRAWAY
TRADUÇÃO EQUIPE VICE BR