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314 dias sem ela: operação prende miliciano suspeito de envolvimento no caso Marielle

O major da PMRJ Ronald Paulo Alves Pereira foi homenageado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro em 2004. Flávio empregou mãe e esposa de suspeito foragido que também homenageou.
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Foto via Wikimedia

Segundo o G1 , uma força-tarefa do Ministério Público e Polícia Civil do Rio de Janeiro, denominada operação Os Intocáveis, prendeu um suspeito de integrar o Escritório do Crime, grupo de extermínio que estaria envolvido no caso Marielle Franco, nesta terça feira (22). O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, segundo as investigações, é chefe de milícia na favela da Muzema e foi homenageado por Flávio Bolsonaro em 2003. Na época, ele já estava sendo investigado como um dos autores de uma chacina que matou cinco jovens na Baixada Fluminense.

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Um outro suspeito, Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do BOPE, também recebeu um mandato de prisão mas está foragido. Segundo O Globo, Flávio Bolsonaro empregou a mãe e a esposa de Adriano em seu gabinete por uma década, até o fim do ano passado. Bolsonaro também homenageou o miliciano em 2003, e em 2005, ele recebeu a medalha Tiradentes, principal honraria da Assembleia Legislativa.

Em abril de 2018, Marielle Franco foi homenageada com a mesma medalha. O único voto contrário à honraria foi de Flávio, clamando que a vereadora assassinada pregava uma ideologia que não era a dele. Ele julgou que a placa com o nome de Marielle quebrada por dois então candidatos do PSL em outubro de 2007 era uma "restauração de ordem". O senador eleito também já se disse a favor da legalização das milícias, em 2007.

Jair Bolsonaro, na época da morte de Marielle, foi o único presidenciável a não se pronunciar sobre o assassinato – segundo seu assessor, sua opinião sobre o caso era "polêmica demais". Em 2003, o presidente mostrou sua apreciação aos grupos de extermínio por "substituírem a pena de morte" no Brasil.

Atualização: 22/01, às 13h23

Em nota à imprensa divulgada algumas horas após as notícias das prisões dos milicianos terem sido publicadas, Flávio Bolsonaro volta a afirmar que está sendo "vítima de uma campanha difamatória" e nega ter envolvimento na contratação das funcionárias em seu gabinete, dizendo que esta teria sido responsabilidade do ex-assessor Fabrício Queiroz. Quanto à homenagem aos militares, Flávio diz sempre ter atuado na "defesa de agentes da segurança pública" e pede que aqueles que cometeram erros respondam por seus atos.

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A Anistia Internacional publicou nota sobre as prisões, pedindo que qualquer solução do caso seja baseada em evidência concretas e sublinhando a importância de uma resposta adequada do sistema de justiça criminal aos grupos de extermínio. "O caso só pode ser considerado solucionado quando a investigação do assassinato for concluída da forma correta e quando os responsáveis forem levados à justiça por este assassinato, e não por outros crimes", conclui a nota.


Assista ao nosso vídeo sobre o assassinato de Marielle Franco:


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