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Greenfield, CLT e Fora Temer: a semana da política no Brasil

E vale lembrar: a cassação de Eduardo Cunha pode ser hoje.

Crédito: Agência Brasil.

Setembro de 2016 tem tudo de ser agitado como o resto desse glorioso ano da nação brasileira – Michel "40 pessoas" Temer que o diga. Depois de ter menosprezado o tamanho das manifestações contra o seu governo – primeiro na China, e depois durante o Sete de Setembro – o Regime Temer foi alvo de uma avalanche de manifestações de rua. Durante o próprio desfile de Sete de Setembro, em Brasília, tomou vaias, apesar de cercado pelo aparato político-policial que tem direito. Na abertura das Paralimpíadas, no Maracanã, ainda no mesmo dia, as vaias foram bem maiores. Já nas ruas, apesar da repressão da PM às manifestações na semana anterior, Temer foi coroado com dezenas de passeatas pelo Brasil – a realizada na quinta-feira (8) em São Paulo foi impedida de chegar à casa do ex-interino pela PM. Geraldo Alcklmin (PSDB), governador de São Paulo, já começou a pedir pra todo mundo ficar só protestando na Paulista, em contraste com Junho de 2013, quando perdeu a "disputa simbólica" pela avenida depois de massacrar o quarto ato do MPL.

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Não são apenas protestos populares que o governo enfrenta. A temporada de greves começou quente, com os bancários rejeitando o reajuste de 7% proposto pela Febraban e os servidores do Itamaraty marchando até o Planalto – notícia chata para o ministro das Relações Exteriores José Serra (PSDB). As greves iniciam um embate nas centrais sindicais na luta por uma greve geral – a governista Força Sindical, liderada por Paulinho da Força, deputado do Solidariedade, se diz contra, mas patrocina outdoors contra as medidas de corte nos direitos trabalhistas propostas aos poucos pelo governo. Aliás, esse embate deve ir longe e contaminar a disputa política. Depois de virar manchete ao propor a jornada diária de 12 horas, o ministro do Trabalho (e pastor da Assembleia de Deus) Ronaldo Nogueira (PTB-RS) foi obrigado a se retratar, sob pressão do governo. Já o ministro da Advocacia Geral da União, como esperado, acabou sacado do governo, sob ordens do chefe da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB-RS). Fábio Medina foi substituído por Grace Mendonça, primeira mulher a ocupar um cargo de ministério no temerário governo. Outra substituição de peso foi na vice-direção da Procuradoria Geral da República: depois da saída da "esquerdista" Ela Wiecko, entra José Bonifácio Borges de Andrada, truta do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Para não dizer que não valeu de nada, o governo pode contar sua primeira vitória no Congresso onde conseguiu aprovar sua Medida Provisória que diminuiu o número de ministérios lá quando Temer se interinou.

Na esfera policial, tão importante para o debate público brasileiro nos últimos anos, a grande novidade é a Greenfield, operação da Polícia Federal para desbaratinar desvios nos fundos de pensão de empresas estatais. Os desvios podem chegar a R$ 8 bilhões, e as investigações podem incluir ainda, além de políticos, bancos e até empresas de avaliação de riscos financeiros – enquanto surgem teorias de que, depois da Lava Jato, essa seria a tentativa final de acabar com o capital brasileiro e vender tudo para os gringos de vez. Além disso, pequenas tretas relacionadas a outras investigações agitaram o mundo da política, como a prisão da mãe do deputado federal Hugo Motta (PMDB-PB), que presidiu a CPI da Petrobras; as citações ao ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) na Lava Jato e as buscas na casa da deputada Raquel Muniz (PSD-MG), que havia elogiado o marido e (agora ex) então prefeito de Montes Claros, Rui Muniz (PSB) durante o seu voto favorável ao impeachment.

As eleições municipais, coitadas, estão tragadas no turbilhão que se tornou o governo recém-empossado, mas tentam avançar aos poucos. Em São Paulo, João Dória (PSDB) chamou o governador Alckmin para participar dos programas políticos depois de descobrir que, quem apoia o governo de Geraldo está declarando voto em Celso Russomanno (PRB). Mas chamar o padrinho pode ser ruim, porque o Ministério Público eleitoral já chamou Alckmin a explicar a troca de cargos em seu governo em busca de apoio eleitoral de diferentes partidos ao seu televisionável candidato. Já Fernando Haddad (PT), atual prefeito em busca da reeleição, conta com a presença de Lula em comícios – o ex-presidente se manifesta contra as mudanças na CLT.

Mas para fechar a tampa e quem sabe animar a folia, esta segunda-feira (12) tem tudo para ser um dia especial ou trágico para o Brasil: segundo Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, é hoje que será julgada a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no plenário da Casa. É ver pra crer.

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