Os Fotógrafos da Magnum Compartilham suas Imagens mais Íntimas

A gente adora a Magnum Photos. Temos até uma coluna chamada " A VICE Adora a Magnum " (com mais de uma dezena de galerias diferentes com os nossos trabalhos favoritos da famosa agência de fotografia) para deixar isso bem claro. Então, quando eles nos ofereceram imagens exclusivas de seu novo projeto online, a gente disse "Claro, por favor". Para Up Close & Personal: The Most Intimate Photos from Magnum , mais de 60 fotógrafos e artistas da agência interpretaram o tema "intimidade" e escolheram uma imagem de seus arquivos que amplificasse essa interpretação. Até hoje, dia 13 de novembro, você pode comprar as impressões das fotos, autografadas ou com carimbo de propriedade, por apenas US$ 100 cada.

Abaixo, temos uma seleção dos trabalhos à venda, com os fotógrafos explicando por que escolheram essas fotos.

"O que poderia ser mais íntimo que uma escola de sexo (seja lá o que for isso) em Tóquio – particularmente a lição 437B, 'Chupar os dedos do pé'? Passei cinco meses tentando me tornar íntimo do Japão, mas, mesmo quando chegava bem perto, eu continuava sendo um estrangeiro. A parede de vidro da língua nos separava. Eu podia ver o que havia lá dentro, porém não realmente entender o que estava vendo.

Talvez tivesse sido melhor se eu soubesse o que estava acontecendo aqui. Ou talvez não, pois, na minha curiosidade ignorante, tive de observar melhor e deixar minha imaginação correr solta. Assim, nos tornamos mais íntimos de uma maneira inesperada."

"Tirei essa foto no outono de 1983, um pôr do sol nas antigas docas de Nova Jersey com vista para as torres do World Trade Center, em Nova York. Eu tinha ouvido falar que eles tinham um cantinho dos namorados ali, um ponto de encontro aonde as pessoas vinham de carro, trazendo bebidas e, às vezes, drogas. O sol estava se pondo, e as torres do outro lado do rio estavam brilhando antes que ficasse escuro demais para tirar mais fotos."

"Alguns anos atrás, eu estava rastreando velhos contadores de história nas Ilhas Egeias. Cruzei com esta mulher de 90 anos em Cárpatos, um dos lugares mais remotos e belos da Grécia. Ela me recebeu em sua casa modesta com imensa generosidade e confiança. Entre seus poucos pertences, havia um pássaro, um brinquedo que alguém deixou lá. Isso se destacava, talvez a única coisa que não tinha um uso específico; logo, perguntei a ela [sobre isso]. Seus olhos se encheram de alegria. Ela me pediu para acompanhá-la lá fora a fim de me mostrar todas as coisas que seu pássaro fazia à luz do dia. E ela ficou lá, em pé, em seu pequeno terraço com vista para o mar, brincando com seu pássaro, inocente e feliz como uma criança pequena."

"Intimidade pode se manifestar numa fotografia literalmente, mostrando real intimidade entre as pessoas, ou ser implicada na imagem através de um ato de profunda internalização. Um pouco mais misterioso… uma provocação, talvez?

Por anos atuando como fotojornalista, meu trabalho era ser didático, mas agora minha tendência mudou: ainda acredito no testemunho, embora esteja mais inclinado a deixar meu público com perguntas sem resposta. Por que tudo tem de ser resolvido? Não é um grande prazer imaginar o que pode estar acontecendo?

Estou muito envolvido, sou muito parte da história, para que meu trabalho continue a ser considerado fotojornalismo. Ainda assim, talvez meu novo trabalho possa cair em alguma interpretação de documentário. Não me importo. Estou simplesmente num rio que me leva aonde vai."

"Essa foto, que pode ser intitulada 'Primeiro Encontro', foi feita na Main Street, em Daytona Beach, Flórida, em 1988, durante a Bike Week – quando milhares de motoqueiros lotavam as ruas da cidadezinha com suas motos para se divertirem. A Main Street estava lotada de motos estacionadas, com os donos sentados nos bancos vendo o desfile de motos passar. Procurando por fotos, meus olhos caíram nessa motoqueira com um corpo lindo quando um homem, também de corpo bonito, a abordou. Cortando os rostos, me concentrei no aperto de mão: o primeiro encontro de dois corpos. Quando fui embora, eles estavam conversando profundamente. Quem sabe o que aconteceu depois?"

"Chicago, Illinois: dois jovens manifestantes descansam do lado de fora do salão de convenções durante a turbulenta Convenção Democrata de 1968. Burt Glinn era um democrata convicto de uma família de esquerda. Ele cobriu as convenções republicana e democrata de 1948, quando tinha acabado de sair da Universidade de Harvard.

Além disso, nessa época, ele já tinha completado dois anos de serviço no Exército. Burt capturou muitos momentos apaixonados e desembaraçados no salão de convenções com os delegados. Foi uma pena ele não ter vivido para ver Barack Obama ser eleito em 2008. Burt acreditava muito na sensibilidade liberal e democrática de Obama."

– Elena Glinn, viúva de Burt Glinn

"Muitos fotógrafos descobrem que, para ganhar a vida, eles precisam tirar fotos como 'profissionais', produzindo trabalho classificado como comercial sobre coisas que não importam para eles além do óbvio. Eles perseguem seu trabalho profissional, porém as fotos que envolvem seus sentimentos e que lhes dão satisfação ficam 'de lado'.

Tenho muita sorte. Esses ensaios de fotos que fiz para a Life e outras revistas não só me deram uma renda segura, porém modesta, mas também eram meu trabalho pessoal. Para mim, nunca houve a distinção entre comercial e pessoal. Eu trabalhava em histórias que me interessavam e empolgavam, histórias sobre as quais eu tinha sentimentos fortes e grandes esperanças, e eu dirigi todos os meus talentos e energia para esse trabalho."

– De Cornell Capa. Peter Fetterman Gallery, 2002

"Além da hipocrisia fundamental da produção fotográfica que alimenta a miséria humana com a pretensão de disseminar informação e conscientizar, a proliferação de iconografia compassiva neutraliza o discernimento, doma instintos brutais e induz o risco de uma intimidade segura e enganosa sob o reino autocrático da aparência.

Escolhi adotar estratégias [de um] hacker, forjando um segredo ilícito, linguagem imoral, desconstruindo protocolos construídos pela ideologia hegemônica com a intenção explícita de contaminar, perverter e destruir isso. O ato de fotografar não aceita compromisso: isso envolve ir além dos limites físicos da vida e possuir o mundo através da absorção e adsorção.

A fotografia é uma fonte de desordem porque carrega em si a semente da ação, desencadeando a fúria que torna suportável o medo e o desejo. Ser, amar, pensar e sofrer não são mais o suficiente. É preciso ser um santo ou um louco."

"É difícil imaginar o Tim fazendo uma foto que não fosse íntima. Ele abordava todo mundo com uma curiosidade e um coração aberto aos quais poucos conseguiam resistir. Ele deixou para trás um mundo de pessoas que o conheciam como amigo, apesar de seus encontros breves. Tim conheceu Jonathan nas ruas de Kinshasa em 2001. Jonathan morava nas ruas há cinco anos, pois sofria com os maus-tratos da madrasta. As anotações de Tim nos dizem que o sonho dele era aprender a escrever e ser um bom pai.

– Stephen Mayes, Tim Hetherington Trust

"Descobri que a intimidade vem da conversa e que, num dia bom, isso pode levar a um momento inesperado. Depois de passar três dias seguindo ursos, lobos e insetos com Çagan Sekercioglu, eu acabei em sua estação de coleta de pássaros num vilarejo perto da fronteira com a Armênia. Çagan é um ornitólogo e biólogo conservacionista. O desafio era fazer um retrato dele junto com os pequenos pássaros que sua equipe estava juntando – pessoas e pássaros existem em escalas diferentes. Seguindo a sugestão dele, nascida do tempo que passamos juntos, fiquei do lado de fora de seu trailer enquanto ele libertava os pequenos pássaros lá de dentro."

Veja mais da série Up Close & Personal: The Most Intimate Photos from Magnum e compre as impressões aqui.

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