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Feminisme

Tudo o que sabemos sobre as denúncias de estupro na Vila Mariana, em SP

Até agora, o Metrô de São Paulo confirmou um dos três casos cujos relatos circulam pelas redes sociais. As demais situações seguem sem confirmação.
Foto da estação Ana Rosa do metrô, via Wikimedia

Na segunda-feira (20), começaram a rolar posts no Facebook e Instagram e correntes do WhatsApp denunciando crimes de tentativa de estupro na região da Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Nos relatos, as estudantes da região, que conta com diversos cursinhos e faculdades, denunciam supostos casos de abuso sexual que teriam ocorrido na região desde o sábado (18).

As informações que circulam nas redes sociais variam. Há posts em que usuários declaram uma, duas ou até três situações que aconteceram na mesma região e em horários diferentes. A VICE Brasil foi atrás das informações sobre os supostos casos e das instituições envolvidas para verificar o andamento das denúncias.

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Captura de tela: Instagram.

A assessoria de imprensa do Metrô afirmou à VICE que, de fato, uma mulher pediu auxílio dos funcionários da estação Vila Mariana alegando ter sido vítima de crime sexual que ocorreu fora da estação no último sábado (18) pela manhã. "Depois de atendida, a jovem recusou encaminhamento hospitalar e foi levada até a casa dos pais pelos funcionários do Metrô", completam. Eles também afirmam que não há registros sobre outras supostas ocorrências.

Segundo apurado pelo R7, o mesmo é afirmado pela 36º DP e 16º DP, delegacias responsáveis pelo perímetro da zona sul em que ocorreram os supostos casos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, SSP, não há nenhum registro de ocorrência referente a tentativas de estupro ou abuso sexual desde o início dos boatos, até este momento. A VICE confirmou a informação nas DPs e contatou também a 2ª Delegacia da Mulher, que atende a região, e também afirmou não ter recebido nenhuma denúncia.

Em reportagem que foi ao ar na útima quarta-feira (22), o Balanço Geral entrevista uma estudante de arquitetura que diz ter sido perseguida por um homem na região na noite de segunda-feira (20). A matéria insinua que outras vítimas foram seguidas pelo mesmo homem.

A Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), que também fica nos arredores da região, foi citada entre os boatos, que clamavam que a coordenadoria da faculdade teria entrado em contato com a polícia militar em busca de reforço de segurança. A assessoria de imprensa da ESPM, porém, disse à VICE que procurou a PM apenas para apurar os casos mais a fundo, mas também não encontrou, até então, nenhuma denúncia formal. Já a coordenadoria do curso pré-vestibular Hexag Medicina diz que uma aluna disse ter sofrido uma tentativa de estupro no metrô Vila Mariana na última semana, mas não soube especificar o dia ou mais detalhes. O caso mais sério, porém, teria sido com uma aluna de outro cursinho cujo nome não foi citado.

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A estudante cujo post mais repercutiu no Facebook, Luana Mender, diz ter ouvido a história por amigos de amigos. A aluna da Hexag Medicina fala não saber de mais detalhes dos casos de duas mulheres que teriam sido sexualmente abusadas na última semana, na região do metrô Vila Mariana, que ela relata na publicação. O post de Luana teve mais de seis mil reações e cinco mil compartilhamentos.

Em meio a tanta informação desencontrada, o sentimento que fica para as estudantes da região é de pânico generalizado. Desde que os posts viralizaram nas redes, grupos estão se organizando no WhatsApp para que as alunas se protejam durante o caminho do metrô ao destino desejado. A nota acima, publicada originalmente pela usuária do Instagram @sunflowvers, alerta os alunos em relação aos casos e anuncia a criação de um grupo criado para este fim. Diversos posts também foram feitos com os dizeres "não andem sozinhas", "tomem cuidado", e dando dicas num geral para que as alunas escapassem de possíveis ataques.

Na segunda-feira (20), a Folha de S. Paulo publicou reportagem que apura que os casos de abuso e assédio sexual no metrô e trens da CPTM aumentaram em 67% nos últimos quatro anos. Comparando o primeiro semestre de 2015 com o de 2018, os casos cresceram de 97 para 152. É possível que esse número não necessariamente represente mais ocorrências deste tipo de crime mas sim um aumento nas denúncias destes.

A movimentação e organização das mulheres nas redes sociais é importante por este motivo, mas os alertas também podem causar ainda mais medo, especialmente em mulheres jovens como as estudantes de cursinhos e faculdades. As histórias mal apuradas de supostos crimes não surtem efeitos positivos em quem, como nós, já anda alerta e assustada pelas ruas. É preciso ter cuidado com a disseminação de informação nas redes para que não se crie pânico.

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