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Sabe quando um filme tem um monte de atores famosos e ainda assim é muito ruim?

Então, aqui estão os nove piores filmes de ensemble cast de todos os tempos
Grande Gatsby
Imagens via trailers.

Quando Quentin Tarantino começou a anunciar os astros para seu novo filme, Era Uma Vez em… Hollywood, todo mundo ficou empolgado. Brad Pitt e Leonardo DiCaprio como astros de programa de velho oeste? Margot Robbie como Sharon Tate? Dakota Fanning como uma das garotas da seita do Manson que tentou matar Gerard Ford? Mas aí o elenco continuou aumentado. E aumentando. E aumentando mais um pouco.

De Al Pacino a Bruce Dern a Kurt Russell até o falecido Luke Perry estão no filme. Até a Lena Dunham entrou nessa, sei lá como. E, claro, é um grande elenco, mas agora está perigosamente lotado.

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Tarantino diz que o filme é uma colcha de retalhos de histórias interligadas como Pulp Fiction, passado na Los Angeles do final dos anos 60, mas com tanta gente envolvida, a coisa pode facilmente virar um Onde Está o Wally de celebridades em vez de um longa coerente. Com uma narrativa ampla ou não, isso ainda precisa ser um filme em vez de 150 minutos de participações especiais.

Fica a pergunta – o que torna um filme com ensemble cast ruim? E quais são os piores filmes tipo “e grande elenco” já feitos? Acontece que são muitos. Mas aqui na VICE nós corajosamente sofremos assistindo todos eles para fazer uma lista definitiva dos piores filmes com ensemble cast gigantes, de Tá Todo Mundo Louco! a Para Maiores.

Pronto? Lá vai!

O Conselheiro do Crime

Tem uma certa magia em obras de arte péssimas feitas por artistas brilhantes. E O Conselheiro do Crime é uma das piores. Dirigido por Ridley Scott; baseado num roteiro de um dos maiores romancistas vivos, Cormac McCarthy; e com astros como Michael Fassbender, Brad Pitt, Penelope Cruz, Javier Bardem e Cameron Diaz – o filme é uma desgraça. O enredo denso e impenetrável do thriller de cartel parece escrito pelo Elmore Leonard doidão de mescalina, e a coisa é tão conscientemente sombria que acaba brega. Ah, e tem uma cena onde a Cameron Diaz transa com o para-brisa de um carro. O autor de Meridiano de Sangue escreveu esse filme. É pra ficar embasbacado mesmo.

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O Grande Gatsby (2013)

Faz vinte anos que o Baz Luhrman está tentando recriar o sucesso de Romeu + Julieta, e cada tentativa é mais gratuita e insanamente extravagante que a outra. A adaptação de Grande Gatsby dele é a pior de todas. O filme desperdiçou seu elenco de celebridades com diálogos tão constrangedores que fariam o próprio Fitzgerald dar uma gorfadinha, e esconde as atuações em cenários cheios de firula com um monte de coisa acontecendo ao mesmo tempo. Além disso, a trilha sonora é zoadíssma. Atualmente, Luhrmann está de olho no filme biográfico do Elvis. Pelo amor de deus, alguém pare esse homem.

O Apanhador de Sonhos

O Apanhador de Sonhos foi dirigido pelo grande Lawrence Kasdan. E o roteiro é de Kasdan e outro grande mestre do cinema de todos os tempos, William Goldman. O filme é baseado num livro do Stephen King. Parece um gol de placa fácil, fora uma coisinha: esse livro do Stephen King é sobre alienígenas que te dão diarréia. Tipo, umas lampreias anais. O Apanhador de Sonhos é um estranho pastiche dos trabalhos muito melhores do autor – Chamas da Vingança, It, Tommyknockers – sobre um grupo de amigos que fica na mira de uma entidade maliciosa chamada Mr. Gray. Só que nessa história de King, a criatura maligna espalha suas sementes plantando vermes dentro dos humanos, que depois peidam grotescamente, tipo uma paródia ruim de Alien. Seja lá como, o Morgan Freeman leu o roteiro e ainda quis participar.

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Tá Todo Mundo Louco!

Tá Todo Mundo Louco! é uma tentativa do começo dos anos 2000 de imitar Deu a Louca no Mundo, mas sem um pingo do charme e das risadas do original. O filme tem Whoopi Goldberg, John Cleese, Mr. Bean e Breckin Meyer (era 2001, né), e um elenco gigante de coadjuvantes numa corrida pelos EUA para conseguir alguns milhões de dólares no Novo México ou algo do tipo. Aí começa a confusão, que envolve principalmente um ônibus cheio de gente fazendo cosplay de Lucille Ball e o Mr. Bean apreciando pacas a beleza de uma sala.

A Maior História de Todos os Tempos

O épico do Novo Testamento de 1965 é tão longo e chato que palavras curtas e simples não fazem justiça. A Maior História de Todos os Tempos precisa daquelas palavras enormes do alemão para descrever apropriadamente quão interminável é o bagulho. O filme parece mais a página da Wikipédia pra Jesus de Nazaré, passando demoradamente por cada um de seus milagres, um por um, enquanto todo rosto familiar da Hollywood do meio do século passado aparece pra confundir, até você rezar pra mão de Deus descer do céu é socar a cara sorridente do Charlton Heston.

O.C. & Stiggs

Não precisava nem dizer, mas vamos mesmo assim: Robert Altman é o rei absoluto do ensemble cast. Tem uma razão para P.T. Anderson ter copiado Altman na caruda em Magnólia. O cara fez várias obras-primas, como Nashville, MASH e Short Cuts - Cenas da Vida. Mas sua comédia besteirol dos anos 80 O.C. & Stiggs, não é uma delas.

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O filme é baseado numa série de contos da revista National Lampoon, e segue as desventuras de uma dupla de adolescentes que sai por aí fazendo pegadinhas, acho. É o equivalente cinematográfico de escrever “SEIOS” numa calculadora. Parece que Altman estava tentando parodiar as comédias de sexo adolescente dos anos 80, mas o filme dá tanta vergonha alheia que acaba sendo um dos piores do gênero, e olha que estamos falando de Pork's.

Rock of Ages: O Filme

Quem foi que assistiu Top Gun e achou que era uma boa deixar o Tom Cruise cantar? Rock of Ages é um filme ruim baseado num musical ruim, com todas as músicas ruins da rádio que seu pai colocava pra tocar no carro em 1997. Não.

Todo filme do Gerry Marshall com nome de data especial

Tem Idas e Vindas do Amor [que é Valentine's Day em inglês], Noite de Ano Novo e O Maior Amor do Mundo [Mother's Day], e todos tem o mesmo sabor sem graça de breguice romântica. O diretor Gerry Marshall, o cara que fez Uma Linda Mulher, chegou numa fórmula na última década e decidiu passar seus anos dourados soltando esses filmes estilo Simplesmente Amor um atrás do outro. Todos são péssimos, mas o elenco cheio de estrelas ainda consegue dar bilheteria, então Marshall provavelmente vai continuar fazendo a mesma coisa até o fim dos tempos. Se prepare para o inevitável épico romântico ecológico Dia da Árvore, que estreia sei lá quando é o Dia da Árvore.

Para Maiores

O que é Para Maiores? Por que ele existe? Mesmo depois de assistir, não dá pra entender. É um besteirol horrível e sem graça onde, inexplicavelmente, aparece todo ator em que você consegue pensar. É uma esteira rolante sem fim de participações especiais, cada uma mais constrangedora e martelada que a outra, com umas piadas forçadas tão bestas que chega a doer. A única razão possível pra esse filme existir é um esquema de lavagem de dinheiro da elite de Hollywood. Isso explicaria por que Hugh Jackman tem bolas no pescoço. Não, essa não tem como explicar mesmo.

Matéria originalmente publicada na VICE EUA.

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