Fotografando a Revolução na Ucrânia

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Viagem

Fotografando a Revolução na Ucrânia

O novo livro do documenta os conflitos de 2014.

Todas as imagens por Tomy Sussex.

O fotógrafo Tommy Sussex não tinha a intenção de fotografar a turbulência civil durante sua primeira viagem a Ucrânia em 2013. Ainda um universitário, o nativo de Bristol queria apenas ver como as pessoas da sua idade viviam em outro país.

Sentindo uma ligação com os jovens ucranianos que conheceu, ele voltou ano passado para continuar o que era então uma série não muito rígida. Aí as circunstâncias o alcançaram, e ele se viu no meio de uma revolução. Sabendo que ele não era jornalista, seus temas não hesitaram em trazê-lo para suas vidas, resultando numa série de fotos íntimas.

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O trabalho das duas viagens está em seu último livro, Our Sincere Tolls, publicado pela Bloom Publishing de Melbourne.

VICE se encontrou com ele para falar sobre documentar momentos históricos.

VICE: O que deu início à sua fascinação pela Ucrânia?
Tommy Sussex: Eu estava no segundo ano da faculdade, e eu e alguns amigos estávamos fazendo um blog aberto para contribuições enquanto montávamos exposições em galerias de Bristol. Estávamos recebendo trabalhos de Austrália, Ucrânia, Polônia e Alemanha. Isso foi muito bem recebido e fizemos vários amigos pela internet. Acabamos levando uma exposição para a Polônia que de lá foi para a Ucrânia. Era lá que eu esperava juntar fotos para o meu projeto final.

Fotografar os protestos foi pura coincidência?
A primeira vez que fui para lá foi em novembro de 2013, antes de qualquer coisa começar, mas as pessoas estavam nas ruas pela decisão de se juntar à União Europeia. Então peguei a primeira parte dos protestos dos estudantes, mas era tudo muito calmo, algumas centenas de pessoas marchando pacificamente. Muitas das pessoas com quem falei expressaram desagrado com as restrições na Ucrânia e seu impacto em suas vidas.

O acordo de comércio definitivamente representava um futuro melhor para caras da mesma idade que eu. Fui embora na semana em que Yanukovych tomou sua decisão, o que desencadeou uma guerra civil agora e é difícil acreditar que isso foi apenas um ano e pouco atrás.

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Retornando em 2014, você estava apreensivo por estar num ambiente tão instável?
Não vou mentir, eu estava me borrando de medo. As filmagens que surgiram alguns dias antes da viagem mostravam que as coisas estavam realmente piorando. Muitas barricadas e fogo.

Qual era a atitude dos locais quanto aos fotógrafos?
Sempre deixei claro que não era jornalista. As pessoas eram abertas e tinham orgulho de ter seu retrato tirado. E quanto os protestos, eles queriam a maior cobertura possível. Eles queriam que o mundo os visse.

O que você espera que as pessoas tirem da publicação?
Quando eu estava lá, eu só estava tentando documentar sem nenhum tipo de significado – a posição neutra clássica de deixar as fotos falarem. Mas passei muito tempo com esses caras, nós saíamos para beber e conversar, e isso informou a maneira como editei o que fotografei. No final da viagem, fiquei muito orgulhoso do que os protestos tinham alcançado e acho que minha neutralidade mudou.

Acho que você pode dizer que eu compartilhava a positividade de derrubar Yanukovych. É muito difícil não compartilhar esse entusiasmo e essa sensação de conquista, mesmo sendo estrangeiro.

O que você acha que vai acontecer com a Ucrânia agora?
É uma situação complexa, mas é algo que reverberou pela Europa. Tenho amigos na Polônia que dizem que as pessoas estão treinando, as pessoas estão começando a se militarizar e se proteger no caso dos conflitos avançarem para o oeste. Não sei o que vai acontecer, mas definitivamente é um tempo importante para o Ocidente e o Oriente.

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Compre Our Sincere Tolls pela Bloom Publishing.

Entrevista por Ben Thomson. Siga-o no Instagram: @benjamin_thomson

Tradução: Marina Schnoor