A repressão policial na manifestação do dia 12 foi muito a mais
Foto: Guilherme Santana/VICE

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A repressão policial na manifestação do dia 12 foi muito a mais

Manifestantes e jornalistas foram fortemente reprimidos pela Polícia Militar.

Foto: Felipe Larozza/VICE

Na terça-feira, o ar na linha de frente estava pesado. A mistura de suor, vinagre e leite de magnésia entrava pelas narinas enquanto a massa de pessoas tentava seguir seu caminho. "Deixa passar a revolta popular", gritavam os manifestantes. O calor foi aumentando entre as tentativas de caminhar em direção à Avenida Rebouças, rota previamente proibida pela PM. Sem o menor aviso, outro som veio da esquina da Paulista com a Consolação. Começava a chover bombas. Gritos, choro, ardência nos olhos, dificuldade na respiração. As pessoas estavam desesperadas e com medo da iminente possibilidade de serem pisoteadas. Os policiais, que seguravam essa massa toda, fecharam a conta, borrifando rajadas e mais rajadas de spray com muito gás de pimenta. Assim começou o segundo protesto do Passe Livre contra o aumento das tarifas do transporte público de São Paulo.

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Foto: Guilherme Santana/VICE

O GAPP, Grupo de Apoio ao Protesto Popular, informou ter atendido 15 vítimas graves e dezenas de vítimas leves que apresentavam, na maioria das vezes, olhos feridos por gás, pequenos cortes e outras lesões. "A maioria dos atendimentos graves foram lacerações por estilhaços das bombas de efeito moral, o que revela que elas foram jogadas diretamente nas pessoas,e não a uma distância segura" informa Alexandre Morgado, um dos voluntários do GAPP.

Foto: Guilherme Santana/VICE

Além de atender vítimas com cortes, o grupo resgatou um manifestante com uma fratura no pé causada pelo impacto das bombas e outro que sofreu tantos golpes de cassetete na cabeça a ponto de expor o crânio. Segundo o MPL informou ao G1, uma manifestante que estava grávida foi chutada por um policial e, na queda, quebrou as costelas.

O estudante Gustavo Camargo, de 19 anos,também foi atingido por uma bomba de efeito moral na mão. O resultado foi uma fratura exposta, alguns tendões rompidos, uma cirurgia de emergência e, no futuro, um bom tempo de fisioterapia e o risco de perder certos movimentos. Outro manifestante foi espancado até perder os dentes.

Foto: Raphael Sanz

A imprensa não ficou nem de perto imune aos ataques. O fotojornalista Francisco Toledo, do Democratize, acompanhava um grupo que tentou se refugiar em um hotel da Avenida Paulista. Em meio à confusão, alguns se esconderam perto da saída do estacionamento. A polícia arremessou as bombas em direção aos jornalistas que estavam no local. Uma delas explodiu a menos de dois metros do grupo, e um estilhaço se alojou na perna do repórter. Os manifestantes prestaram socorro ao jornalista. Já no Hospital das Clínicas, ele descobriu que um pedaço de 2 cm da bomba vai ter de ficar lá dentro esperando a sorte da recuperação humana resolver a treta.

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Foto: Felipe Larozza/VICE

A repórter Fernanda Azevedo, da TV Gazeta, também foi ferida na perna por estilhaços de bomba, e eu fui agredido com golpes de cassetete por policiais da ROCAM enquanto fotografava um jovem que estava sendo preso depois de ter sido atropelado por um dos policiais.

Foto: Felipe Larozza/VICE

O secretário de Segurança Pública Alexandre de Moraes disse ter recebido muitos elogios pela atuação da PM. Um deles foi do próprio governador Geraldo Alckmin, que viu com bons olhos a mudança de estratégia para conter o protesto. Já o prefeito Fernando Haddad se mostrou preocupado com as imagens que viu e passou a mão no telefone para conversar com o parceiro e pedir mais canais de diálogo. As informações são do G1.