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Entretenimento

A Squad é uma agência que chegou pra mudar os padrões da moda brasileira

A agência é a primeira a reunir um time de modelos fora do padrão feito por jovens influenciadores, com atitude, estilo e personalidade de sobra.

A Squad Agency é a primeira agência de moda do Brasil que reúne um time de modelos fora do padrão. Além de modelos, os jovens são influenciadores, com atitude, estilo e personalidade de sobra. A jornalista e stylist Thais Mendes e a produtora Patrícia Veneziano são as mentes responsáveis pelo projeto. Bati um papo com a Thais pra saber um pouco mais sobre a agência, que ainda não foi oficialmente lançada, mas já tem Instagram e promete fazer muito barulho nas redes e no mundo da moda brasileira:

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VICE: Me conta um pouco sobre o que é a Squad Agency.
Thais Mendes: A Squad é o primeiro coletivo de street casting e digital influencers do Brasil. Nós queríamos reunir um time que tivesse a cara do século XXI, então fomos atrás de cool kids, garotos, garotas que tivessem estilo próprio, personalidade, atitude, e individualidade, além de looks incríveis. São pessoas com poder de influência, ideias e objetivos suficiente pra serem o que quiserem na vida - ser modelo é apenas uma parte disso. Todos são ativos em redes sociais, criativos, engajados, autoconfiantes, criados na internet. E por essas e outras que são pessoas que não vieram pra se moldar ao mercado ou se encaixar em padrões. Pelo contrário, eles vieram pra mudar tudo.

Além disso, somos um coletivo criativo, que desenvolve colaborações, projetos e parcerias exclusivas e de impacto. Vamos atuar em todas as áreas do mercado de moda e publicidade.

Como surgiu a ideia do projeto?
Faz alguns anos que eu tinha essa ideia. Eu já trabalhava com pessoas desse perfil aqui em Londres, onde moro há 12 anos, porque aqui o mercado valoriza muito personalidade e individualidade. Mas quando eu ia pro Brasil não conseguia fazer isso, por dois motivos: primeiro porque eu não conseguia achar pessoas assim e tinha que recorrer às agências de modelo comerciais. Elas acabavam só mandando meninas com cara europeia: branca, alta, magra, loira, lisa. O Brasil é um país tão misturado e eu não conseguia achar diversidade! E o segundo motivo era que as próprias marcas não acreditavam que pessoas fora desse padrão de modelo, principalmente do padrão europeu/americano, fossem capazes de vender o produto em uma campanha - o que me parecia extremamente conservador e injustificável. Mas eu sabia que era questão de tempo, porque a internet já estava mudando tudo.

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E quando a Squad começou a tomar forma?
Foi durante uma campanha pra Adidas Originals no final de 2015 que surgiu a oportunidade. A Originals é uma marca que pensa a frente o tempo todo, e eles tavam abertos a fotografar meninas não agenciadas - e aí comecei uma pesquisa intensa. Rodamos o país em 10 dias de ponta a ponta, e durante a viagem, comecei a discutir a possibilidade de profissionalizar isso com a produtora executiva e minha amiga Patrícia Veneziano. A Pati é uma super woman, extremamente conectada e afiadíssima em business, a pessoa ideal pra transformar qualquer ideia maluca em realidade. A gente nem pensou muito: assim que acabou a campanha em novembro, em dezembro já estávamos no Brasil de novo, fotografando essa galera, pra virar o ano e já espalhar a palavra. A gente não quis perder tempo, pq temos total confiança que o momento é agora. E duas das meninas que estrelam essa campanha da Originals (de alcance global) agora estão dentro da Squad.

Você sentia falta de modelos fora do padrão no mundo da moda brasileira atual? Na gringa já existe uma diversificação maior, mas aqui no Brasil ainda não existem tantos modelos andróginos.
Não é nem só uma questão de modelos andróginos - que aliás, fiz questão de chamar pro nosso time porque eles são o futuro - é tudo. Todos eles são interessantes, atraentes que nem imãs, por motivos diferentes, mas nunca óbvios. A nova geração de jovens entende muito bem do que eu tô falando. Há não muito tempo atrás você ainda tinha que morar em uma metrópole como Londres pra ver pessoas assim nas ruas. Essas pessoas agora estão na internet, principalmente no Instagram, e no caso da Squad, estão pelo Brasil todo (e algumas fora). Tem meninas como a Zyom e a Dominich, estilosíssimas e únicas, e uma está em Passso Fundo, a outra em Roraima. Tem meninos como o Cauê, o Jorge, que moram na periferia de São Paulo e são enciclopédias de streetwear, entendem de movimentos jovens na Rússia e Leste de Londres. Tem meninas como a Evie e a Karen, que mesmo em Curitiba, uma cidade mega careta, conseguem ser artistas, ou criar projetos como lançar uma linha de batons com cores modernas. Eu posso ficar falando por horas de cada um, o quanto o fato de eles subverterem supostas desvantagens, é inspirador.

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Como falei antes, as agências de modelo brasileiras são ótimas pra scout meninas com cara europeia - magras, altas, brancas, loiras. Mas elas não representam a imensa mistura cultural que é o Brasil, e a maioria das agências tentam apagar a individualidade da modelo, enfiar ela em uma caixa com espaço zero pra se mexer. Acho isso uma atitude datada. As pessoas estão cansadas do mercado apontando o dedo e dizendo o que está errado com elas. Todos os movimentos culturais, sociais e políticos que arrebataram 2015 - e só vão intensificar daqui pra frente - não me deixam mentir. As pessoas não só querem ser aceitas como são, elas querem ser valorizadas.

E em termos de mercado, hoje em dia por mais lindas que algumas modelos sejam, raramente elas me inspiram a comprar algo. Não é só o fato de eu saber que nunca vou parecer com ela - é que elas acabam não tendo um estilo particularmente identificável, ou que eu consiga me associar. Eu gosto de olhar pra pessoas originais, que tem ideias fodas, que tem estilo próprio, e se ela quebra os padrões e faz disso uma vantagem, melhor ainda.

Tenho certeza absoluta que a geração de kids nova, de teenagers aos 20 e tantos, também consomem quase que exclusivamente assim. Tem uma demanda por isso já, que vai ficar cada vez mais forte. Elas seguem aquilo que acham inspirador, e movem mundos pra encontrar as peças que as representam. Tanto a mídia mais tradicional como os próprios designers e marcas, vão ter que se adaptar - ou vão ficar pra trás.

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A Anti-Agency foi uma inspiração pra você criar o projeto?
Em partes sim. Eu já trabalhei com eles algumas vezes e é incrível a maneira como eles mudaram o jogo na Europa. Mas a gente quer mais do que só reunir "modelos". A gente quer mostrar um outro lado do Brasil pouco conhecido aqui fora, que é extremamente cool e sexy e não tem nada a ver com futebol e samba e top models 'normais'. Queremos promover as habilidades, os projetos, a criatividade de cada um deles, porque eles são cheios de ideias que vão modificar não só o mercado brasileiro, como a visão estrangeira do Brasil. É tanto uma questão de moda como de cultura.

Como vocês fizeram o casting de modelos?
Internet Stalking. A gente fica de olho nas redes sociais, e como cool kids costumam andar em grupos, eles mesmos indicam amigos. Mas selecionamos a dedo: não é só ter uma tattoo, um cabelo rosa, ou só saber o ângulo certo da selfie. Também não é só ter milhares de seguidores. Nossos modelos são pessoas fodas, por todas as razões que eu falei antes.

São quantos modelos no total?
Temos 50 no momento, mas vamos dobrar, possivelmente triplicar até o mês que vem.

Vocês ainda vão completar o time de modelos conforme forem encontrando mais pessoas legais pra fazer parte?
SIM! Estamos abertos, indiquem os amigos!

Quando será o lançamento?
Não lançamos oficialmente ainda, mas já estamos abertos pra business! Já fechamos nossos primeiros jobs, e temos muitos planos pro primeiro semestre, que vai incluir zines, mixtapes, merchandising, e mais, fora campanhas. O lançamento oficial, com festa e prosecco e tudo, vai ser durante o próximo SPFW.

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Acompanhe a Squad nas redes:

https://www.instagram.com/squadbrazil/

http://squad.agency/

Abaixo, algumas fotos clicadas pelo fotógrafo Robinson Barbosa:

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