Sua cara fica branca desse lado do muro: Conselho de Ética pede cassação de Cunha
Foto: Agência Brasil

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Sua cara fica branca desse lado do muro: Conselho de Ética pede cassação de Cunha

Por 11 votos a 9, decisão sobre mandado do presidente suspenso da Câmara vai para votação aberta no Plenário - e Cunha deve cair mesmo,

Numa sessão para variar um tanto zoada, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados finalmente encaminhou o pedido de cassação do deputado federal e presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao Plenário da Casa. Com os votos contados previamente pela imprensa e zepovinhagem em geral, o destino de Cunha foi decidido por Tia Eron (PRB-BA), que, citando durante a sessão Platão, Darcy Ribeiro e Umberto Eco, votou pela cassação do popular "Caranguejo".

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No processo, que durou sete meses, entre mumunhas e artimanhas, Cunha é acusado de quebra de decoro parlamentar por ter mentido à CPI da Petrobras, dizendo que não possuía contas no exterior – posteriormente, uma série de contas milionárias na Suíça apareceu em seu nome e da sua família.

A votação marcou uma aliança especial entre a esquerda e a direita na Câmara, e poucas vezes no futuro DEM e PSOL serão vistos concordando com tanta veemência no futuro. O Centrão, preso ao bolso de Cunha, fez os maiores malabarismos em seus discursos, incluindo a declaração do avermelhado Carlos Marun (PMDB-MS) de que "truste não é conta", que levou boa parte do Conselho de Ética aos risos. O relatório de Marcos Rogério (DEM-RO) foi aprovado por 11 votos a 9, e agora deve ser remetido ao Plenário da Câmara (Cunha ainda tem cinco dias para recorrer à Comissão de Constituição e Justiça), onde Cunha pode ser cassado por maioria simples em votação aberta.

A provável cassação de Cunha deixa o Planalto na berlinda. Se por um lado é bom para a imagem pública do governo interino se descolar da imagem de Cunha, existe um medo concreto de que o possível ex-deputado possa delatar até mesmo o temerário presidente em exercício para se livrar (e livrar a família) da cadeia, bagunçando ainda mais a já esculhambada República. O desespero de Cunha tem sentido: sua esposa já é ré na Lava Jato, o Banco Central multou o casal em mais de R$ 1 milhão e a Justiça do Paraná acabou de decretar a indisponibilidade dos bens do deputado num processo por improbidade administrativa.

Vale lembrar que a turma de Cunha é pesada, e inclui ainda o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), entre outros indicados para cargos públicos. Com a queda de Cunha, também serão realizadas novas eleições para a presidência da Câmara, no momento presidida interinamente por Waldir Maranhão (PP-MA).