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Fui à Coletiva de Imprensa com o Tarantino e Achei Ele Gente Boa

Acompanhando a exibição de seu novo filme, "Os Oito Odiados", ele falou sobre o fim de sua carreira, Spike Lee e atendeu aos pedidos dos jornas tietes.
Foto: Divulgação/Diamond Films

Quentin Tarantino. Foto: Divulgação/Diamond Films

Na cabine de imprensa que aconteceu ontem (23), a primeira regra para ver Os Oito Odiados, a nova obra de Quentin Tarantino, era não falar sobre o próprio filme até o dia 21 de dezembro. No maior clima à moda Clube da Luta, uma legião de jornalistas assistiu a uma cópia não finalizada da obra que estreia por aqui em 7 de janeiro de 2016. O Brasil foi o primeiro país a receber essa cópia na telona e a visita do próprio diretor para uma coletiva de imprensa.

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Claro que ninguém se controlou nas perguntas sobre o filme em si; assim, muitas das informações soltas na entrevista não podem ser reveladas ainda, mas outros assuntos surgiram e o papo não deixou de ser legal.

Apesar da experiência, Tarantino se mostrou gente como a gente e admitiu que às vezes não faz a menor ideia do que está fazendo quando começa a gravar um filme. Inclusive, essa foi uma das razões para que ele gravasse Os Oito Odiados, seu segundo western, logo depois de Django. "Agora que eu fiz Django e saiu bem bom, e agora eu sabia o que estava fazendo; então, eu disse: 'OK, agora me deixa fazer de novo, agora que eu já sei o que eu estou fazendo, e a gente vê por onde vai'.", relatou. "Não estou dizendo que sou bom, mas dou o meu melhor. Acho que tenho algo a dizer, acho que tenho algo a contribuir para o gênero, e também tem um aspecto em que parte da diversão do que eu faço – e também parte da ansiedade do que eu faço – é que eu gosto de algumas coisas, mas eu não sei exatamente como eu vou fazê-las."

O ponto de virada na vida de Tarantino foi Pulp Fiction, porém a primeira visita do diretor ao Brasil foi em 1992, quando Cães de Aluguel esteve na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Na época, ele quis até aprender português. "Eu realmente achei, lá em 92, que eu aprenderia português, não porque eu achei que conseguiria usar, e sim porque eu achei a língua tão bonita. Mas aqui estou de novo, e não aprendi merda nenhuma, embora naquela época eu fosse jovem e tivesse sonhos – e esse era um deles", diz.

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Tim Roth. Foto: Divulgação/Diamond Films

O ator Tim Roth, o eterno Mr. Orange, que também recebeu um papel n'Os Oito Odiados, o acompanhou na coletiva e se lembrou dos tempos de Cães de Aluguel com saudades. "Foi inacreditável e fodeu com a minha cabeça, eu realmente curti", disse. O diretor garantiu que deve parar sua produção no seu décimo filme, mas frisa que espera trabalhar mais vezes com Tim. "Quando trabalhamos juntos, é bem especial, porque é a combinação certa do ator com o personagem", contou. Tarantino também contou que escreve alguns personagens já pensando nos atores, como também aconteceu com o ator Samuel L. Jackson, e que tem vontade de trabalhar com Johnny Depp e Kate Winslet.

Tarantino afirmou que, apesar de ser um diretor norte-americano, seus filmes costumam fazer mais sucesso fora dos EUA, o qual ele considera somente mais um mercado. Sobre sua relação com o cinema brasileiro, Tarantino citou Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, embora destaque que seu favorito é Pixote, de Hector Babenco.

O diretor não se recusou a responder nenhuma pergunta – nem mesmo quando questionado sobre a polêmica relação com o ator Spike Lee, que fez uma crítica ferrenha sobre a questão racial em Jackie Brown e Django. "Eu jamais consideraria trabalhar com Spike Lee: eu tenho só mais dois filmes, por que eu gastaria meus filmes com o merda do Spike Lee? O dia em que eu trabalhar com o Spike Lee será o dia mais feliz da vida daquele filho da puta", afirmou o diretor ao fim da coletiva, fazendo todo mundo rir, mas deixando claro que talvez ainda exista algum ressentimento no ar.

A coletiva acabou com aquele gosto de quero mais, os tietes tentando fazer uma selfie e uma vontade imensa de continuar a conversa numa mesa de bar. Deu pra ver que o Tarantino é um cara que manja muito e parece ser gente boa demais, mesmo tendo lá suas tretas.

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