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O Irão está disposto a falar sobre a Síria - mas não deixa de apoiar Assad

O Irão é um conhecido aliado de Bashar al-Assad.
O presidente sírio Bashar Assad, à esquerda, fala com o líder supremo iraniano, o ayatolá Alí Jameneí, a 19 de Agosto de 2009. (Imagem por AP/oficina do líder supremo)

O Irão quer discutir a crise Síria com os seus adversários. Pelo menos foi o que disse o presidente Hassan Rouhani, na terça-feira.

Rouhani compareceu junto aos meios de comunicação com o presidente austríaco Heinz Fischer, que é o primeiro líder europeu a visitar o Irão em mais de uma década. O seu homólogo sírio pediu aos Estados Unidos, e aos grandes poderes dos Estados Unidos, que encontrem uma solução urgente para solucionar a crise síria.

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"Aceitamos sentar-nos com qualquer líder daqui, ou de fora". Assim respondeu Rouhani quando lhe perguntaram se o Irão estaria disposto a discutir a situação na Síria, com os seus inimigos, Arábia Saudita e Estados Unidos.

O Irão é um conhecido aliado de Bashar al-Assad. E desde que rebentou a revolução síria em 2011, a república islâmica não deixou de abastecer o regime de Assad com ajuda tanto humanitária como militar. O Irão reconheceu que os seus assessores militares estão em Damasco, mas negou que as suas tropas estejam instaladas nessa zona. Desde 2012, o grupo libanês Hezbollah, que conta com o apoio do Irão, envia as suas tropas para a Síria, para que combatam com o exército do país.

Tanto a UE como os EUA pedem a demissão de Assad, e outras super-potências, como a Turquia e a Arábia Saudita, apoiam abertamente os rebeldes que lutam contra o regime sírio.

Paralelamente, o Irão encontra-se numa situação em que luta do mesmo lado que muitos dos seus rivais regionais na sua cruzada contra o Estado Islâmico (EI). Enquanto os Estados Unidos, os Emirates Árabes e os aviões turcos planeiam bombardear as posições do EI na Síria e no Iraque, os conselheiros iranianos continuam na primeira linha. Ali dedicam-se a apoiar, tanto Assad como o governo iraquiano e as suas milícias, para assim reclamar o território ocupado pelo EI.

As observações de Rohuani remetem às declarações emitidas na sexta-feira passada por Vladimir Putin - outro poderoso aliado de Assad. Em declarações à imprensa, durante a celebração do Fórum Económico de Leste, em Vladivostok, Putin disse que Assad está disposto a mudar as eleições parlamentárias e que poderia partilhar o poder com uma oposição "saudável".

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"Também trabalhamos com os nossos companheiros na Síria. Regra geral, pode entender-se que este tipo de esforços unificadores, para lutar contra o terrorismo, deveriam desenvolver-se paralelamente a algum processo político, no país", declarou Putin.

Apesar de tudo, a Rússia e o Irão não mudarão de opinião em relação a Assad. Na terça-feira, Rouhani reiterou que continua a pensar que a paz na Síria não depende de se Assad é ou não afastado do seu cargo de presidente.

"O povo sírio está a ser assassinado, e a assistir à destruição das suas casas…a nossa prioridade é deter o derramamento de sangue. Queremos uma Síria segura, queremos devolver as pessoas às suas casas. Nesse momento poderemos falar em futuro", disse. "No dia em que a Síria volte a ser um país seguro, todos saíremos beneficiados".

Em declarações emitidas na segunda-feira, o ministro dos assuntos exteriores iraniano, Javad Zariff, mostrou-se um pouco mais implacável:

"Aqueles que permitiram que o presidente sírio tenha estado no poder durante os últimos dois anos são os verdadeiros culpados desta guerra. Estes deveriam ser responsabilizados pelo derramamento de sangue dos últimos anos". Disse numa conferência de imprensa na qual compareceu junto ao seu homólogo espanhol, José Manuel García-Margallo, no Teerão.

As declarações de Rouhani fazem-se ouvir ao mesmo tempo que os Estados Unidos, o Irão e a comunidade internacional se aproximam de fechar um acordo para conter o programa nuclear iraniano. Talvez este acordo diplomático histórico assente as bases de um novo cenário de cooperação entre o Irão e os Estados Unidos.

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Na terça-feira, Harry Reid anunciou que o acordo avançará de todos os modos. Reid quis encerrar o debate com os defensores do acordo nuclear, que pretendiam manter o debate no congresso.

"O acordo seguirá o seu curso", declarou durante um discurso emitido no Fórum Carnegie Endowment para a Paz Internacional.

Entretanto, três novos senadores declararam o seu apoio ao acordo na terça-feira de manhã. Agora que o acordo conta com 41 partidários no Senado, já não poderá exercer-se o direito de veto.

Vê o documentário da VICE News: O estado islâmico: