Quando Nova Iorque tentou invadir a Trump Tower

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Quando Nova Iorque tentou invadir a Trump Tower

Jeremy Liebman fotografou os milhares de manifestantes que se reuniram em Nova Iorque para protestarem contra o novo presidente eleito norte-americano.

Todas as fotos por Jeremy Liebman

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma i-D.

Michael Moore destacou-se por entre a multidão que na noite de 9 de Novembro se reuniu em Union Square, Nova Iorque, EUA, em protesto contra a eleição de Donald Trump. Por um lado, por estar de calções à chuva, em pleno Novembro e os seus "presuntos" cintilarem na escuridão, por outro por estar bastante acima da média de idades da maioria dos manifestantes que se juntaram para marcharem em direcção à Trump Tower. Mais. Moore foi uma das poucas figuras públicas que previu que isto iria acontecer.

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"O Reino Unido teve o seu Brexit e isto é o nosso Brexit", disse o cineasta a um grupo de participantes que se juntou à sua volta, maioritariamente para lhe tentar tirar fotos com os telefones. "No entanto, o Reino Unido decidiu abandonar a União Europeia; a América decidiu abandonar a América". depois destas declarações, Moore ergueu o seu próprio telefone para fazer um Facebook Live da onda de manifestantes que subia a Broadway.

As pessoas empunhavam cartazes em que se lia "Dump Trump", ou "Black Lives Matter", ou, simplesmente, caminhavam de braço dado e de mãos dadas. Gritava-se "Pussy grabs back!", ""Hey, ho, Donald Trump has got to go!" e "Not our President!".

"Só espero que as pessoas vejam isto", diz-me Monica, uma manifestante que caminha ao meu lado. E acrescenta: "Espero que os canais de televisão por cabo estejam a transmitir isto, para que se saiba que não é igual a 2004, nem é igual a 2000. Não vamos simplesmente esquecer. Vamos pegar nesta revolta e o movimento vai continuar". O seu namorado, Ben, salienta que está aqui para que as pessoas sintam que não estão loucas por se sentirem totalmente desamparadas".

A Norte de Madison Square, a polícia - com os cinturões carregados de tiras plásticas para algemar - tenta divergir a corrente de pessoas, por isso a multidão desloca-se pela 30th Street, em direcção à Broadway. Em passo lento e com gritos contidos, Elizabeth, 26 anos, empunha um cartaz pintado a verde fluorescente e diz-me: "Não vamos apoiar um racista, homofóbico, sexista, xenófobo e fanático na nossa Casa Branca e só porque ganhou a presidência não quer dizer que nós não saíamos à rua e lutemos contra tudo aquilo que ele representa".

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Como muitas outras pessoas, ela salienta que este protesto é apenas o começo. "Vamos estar activos a partir de hoje e até que ele saia da Casa Branca", assegura.

Em herald Square, vejo um jovem a ser dominado e algemado no chão pela polícia. "Não há aqui nada para ver!" gritam os agentes ao grupo de manifestantes que, entretanto, se formou à sua volta e que grava tudo nos seus iPhones. Ao mesmo tempo, uma senhora de cabelo grisalho e gabardina com padrão leopardo tenta perguntar a um dos polícias onde é que está a paragem de autocarro mais próxima e um casal de idosos resmunga entre dentes contra "esta juventude", enquanto tenta atravessar a rua.

Mais acima, onde as montras das lojas já estão prontas para o Natal, Faith, 20 anos, tenta transmitir o seu medo por palavras. "Tenho uma namorada e tenho medo que, nos próximos dois anos, possamos perder o direito ao casamento, por exemplo. A ideia que isso possa acontecer é absolutamente assustadora. Tenho amigos imigrantes, tenho medo que as suas famílias possam ser levadas", salienta Faith. E continua: "Tudo o que [Trump] representa é aquilo que a geração 'millennial' não representa. Nós somos os futuros líderes, não merecemos este tipo de futuro".

Na 5th Avenue e na 54th Street a multidão abranda a marcha. A Trump Tower acabava de ser cercada pela polícia, portanto a opção foi parar e gritar palavras de ordem ali mesmo. Uma mulher em topless, com o peito coberto de tinta vermelha incitava a multidão a gritar "Hey ho, sexual violence has got to go". Outras pessoas penduram-se em andaimes. Um grupo de mulheres, uma delas com um cartaz que dizia "Queer as in fuck you", lançam um ritmo e cantam por cima a promessa de que não iriam parar de lutar até à "verdadeira revolução".

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"Ele não merece ser o líder do nosso país, ele não representa o nosso país. É um monte de merda", diz Alicia, que lidera os cânticos com um megafone e que, acrescenta, quer também passar uma mensagem de amor. "A união da América vai ultrapassar estes tempos merdosos e crescer. não seremos grandes outra vez, mas sim melhores amanhã".

Abaixo podes ver mais imagens da manifestação de Nova Iorque.