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O fim deprê do Carnaval de SP

Bombas de gás e spray de pimenta foram usados para dispersar foliões no Largo da Batata, Largo da Matriz e Praça Roosevelt na última terça-feira (28).
Foto: Dan Moraes/VICE

Foto: Dan Moraes/VICE

Nos últimos minutos da noite de terça-feira (28), foliões desavisados na Praça Roosevelt levaram bombas de gás e spray de pimenta pela Polícia Militar até todo local ser esvaziado. A motivação da ação policial, segundo a Secretaria de Segurança Pública e a Prefeitura Municipal, era o barulho excessivo na praça. Houve também relatos de ações parecidas no Largo da Batata, no bairro de Pinheiros e no Largo da Matriz, Freguesia do Ó. Ninguém foi detido e nenhum ferido foi registrado.

A Roosevelt, assim como no carnaval do ano passado, se tornou uma espécie de after para os foliões órfãos de blocos de rua que costumam terminar mais cedo. Na terça-feira não foi exceção, reunindo diversas pessoas espalhadas pela praça e nos bares da região que estendem até a Martins Fontes. Por volta da meia noite, bombas foram ouvidas por toda a extensão da praça, fazendo com que centenas de pessoas fugissem do local. Dan Moraes, diretor de fotografia, testemunhou tudo da janela de seu apartamento. Segundo ele, a rua estava bloqueada pela quantidade de pessoas trazidas pelo carnaval, mas "as pessoas estavam fazendo o que elas sempre fazem na Roosevelt, bebendo e conversando". A imagem que ilustra a reportagem, inclusive, é de autoria do diretor de fotografia. Moraes viu que uma viatura tentou avançar na rua lateral à praça, mas foi impedida pela grande quantidade de pessoas. "Nessa hora um PM saiu da viatura já com o lançador de bombas na mão, apontou pro alto e começou a atirar sem nenhum critério, mandando gás pra cima das pessoas", conta. "Algumas pessoas que insistiram em ficar na praça, pois não estavam fazendo nada demais, começaram a ser perseguidas por alguns policiais a pé. E esses policiais a pé estavam jogando spray de pimenta na cara das pessoas, e mesmo com a pessoa fugindo o policial corria atrás delas jogando o spray. E ao mesmo tempo que faziam isso dava pra ouvir eles gritando coisas do tipo 'Vai pra sua casa!' ou 'Vaza da praça'." Outros frequentadores dizem que foram ao menos 10 bombas usadas na praça para espantar quem estava presente. A editora de vídeo Thaís Mayume Carvalho Higa, buscou abrigo junto com um amigo pra se proteger do gás que já impregnava a praça. "[Dentro do bar] contamos mais umas 3 bombas de gás, além dos gritos fora do bar."

O secretário municipal de cultura, André Sturm, disse em uma entrevista à Rádio Jovem Pan que lamenta a ação policial, mas era uma questão de "direitos". "Claro que não posso ser a favor de gás lacrimogêneo, mas aconteceu que era meia noite, a polícia já havia solicitado para que as pessoas dispersassem da Praça Roosevelt. Elas permaneceram em grande quantidade, não atenderam as solicitações nem primeiro da prefeitura regional, nem da equipe do carnaval e os moradores estavam reclamando. (…). Novamente, a gente não é a favor de nenhum tipo de violência, mas chega uma hora que faz o que? Qual é o direito que tem mais direito? São os moradores que não conseguiam dormir e que não conseguiam transitar ou daquelas pessoas que resolveram que a praça é deles que eles podem ficar e fazer o que bem entenderem? É esse equilíbrio que a gente precisa buscar uma solução." Já no Largo da Batata por volta das 23 horas, moradores e frequentadores denunciaram que a PM estava tacando bombas de gás para dispersar os foliões, especialmente na Avenida Faria Lima. Em alguns vídeos postados nas redes sociais é possível ver a Força Tática cercando a avenida para impedir o retorno de qualquer grupo. Uma das entradas da estação de metrô Faria Lima chegou a ser bloqueada. Internautas também postaram fotos de restos de projéteis não-letais utilizados no Largo da Batata. Segundo a SSP, a ação foi feita dentro do previsto para conter os foliões que esticavam a festa além do horário estipulado na cidade. "Após o horário estipulado para o fim do bloco do dia 28/02, participantes da festa investiram contra PMs do comando de trânsito, que recorreram a técnicas de Controle de Distúrbios Civis para dispersar o grupo." Cabe dizer que nenhum frequentador da Praça Roosevelt e do Largo da Batata relatou ter sido instruído para deixar o local ou que tenha testemunhado alguma tentativa de dispersão amigável por parte da polícia antes dos bombardeios de gás. No caso do Largo da Matriz, localizado na Freguesia do Ó, quase nenhuma informação foi dada pela imprensa. O local já é um point conhecidos nos fins de semana e feriados por acontecer bailes de funk a céu aberto com quase milhares de pessoas. Assim como a Praça Roosevelt, muitos moradores da região se dizem incomodados com o som alto e a grande concentração de pessoas consumidos bebidas alcóolicas e drogas ilícitas. O volume de frequentadores é tão alto que o baile da Matriz é constantemente alvo de reclamações em páginas nas redes sociais como o Portal do Ó no Facebook. A SSP informou por meio de nota oficial solicitada pela VICE de que a PM foi acionada para intervir na Praça Roosevelt e no Largo da Matriz "para atender a chamados de perturbação de sossego por volta de meia-noite, ou seja, além do horário permitido, por conta do som alto. Ao chegarem aos endereços citados, pessoas que obstruíam a via passaram a jogar garrafas e pedras contra os policiais, que precisaram conter os agressores. Nas duas ações, ninguém foi detido. Na praça Roosevelt, duas viaturas foram danificadas. "

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