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Μodă

Intimidades com roupa interior na Arábia Saudita

Uma fatwa que impede as mulheres de vender sutiãs e batom.

As leis da Arábia Saudita são baseadas nos princípios rígidos da Sharia, que exigem a segregação de géneros e proíbem as mulheres de conduzir, viajar sozinhas e atingir o mesmo estatuto profissional que os homens. Claro que os efeitos nos direitos civis são uma valente chatice, mas o mais estranho resultado colateral da Sharia tem a ver com lingerie. Estranhamente, quase inacreditavelmente, a maioria dos sauditas que vendem roupa interior de mulher são homens. E num país onde um homem e uma mulher a dançarem juntos é o equivalente oriental a fazer sexo anal no meio de um infantário, muitas mulheres sentem-se desconfortáveis a falar com um tipo sobre cuecas e sutiãs. As mulheres sauditas têm vindo a protestar contra esta situação há anos. A activista Reem Assad, por exemplo, foi a líder de uma campanha para boicotar lojas de lingerie que empregavam homens. Em Julho do ano passado os seus pedidos foram finalmente atendidos pelo Rei Abdullah que deu aos vendedores de cuecas seis meses para despedirem os seus empregados homens. (O decreto do rei também se aplicava a lojas de cosmética.)
Esta não é a primeira vez que algum oficial tenta acabar com a venda de roupa interior feita por homens. O ministério do trabalho apresentou há três anos a ideia de banir os vendedores de lingerie, mas por alguma razão estúpida encontrou a oposição dos poderosos clérigos da nação que chegaram ao ponto de emitir uma fatwa contra mulheres a vender sutiãs ou batons. Mulheres de todo o país protestaram contra a decisão, protesto que culminou com Fatima Garoub a lançar uma campanha no Facebook chamada “Enough Embarassment”. Apesar do clero se manter oposto à ideia de que uma mulher se possa sentir envergonhada por falar com um homem sobre sutiãs e coisas do género, Abdullah manteve a sua decisão e o ministério do trabalho contratou 400 inspectores para garantir que os vendedores de lingerie do país estão a cumprir a nova lei. Apesar das mulheres da Arábia Saudita só recentemente terem ganho o direito ao voto e a candidatarem-se à política (mas não o podem fazer antes de 2015), e apesar de terem bem menos oportunidades de emprego que os homens, esta pequena medida para as deixar confortáveis por debaixo dos seus véus é certamente um passo na direcção certa. Ilustração por Grace Wilson