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Contem com a rotina numa manif da CGTP

Só foi bom para abrir telejornais.

É verdade, dia 29 foi uma seca. Na verdade, nem podemos chamar de manif ao que aconteceu. Foi um encontro de sindicalistas que vieram de todo o país para se encontrar no Terreiro do Paço e ouvir uns discursos que apenas fazem eco do que lemos todos os dias na imprensa. Comecemos pelo início: quando cheguei ao metro fiquei realmente entusiasmado. Parafraseando Arménio Carlos, as carruagens estavam “cheias como um ovo” e ao subir as escadas da estação do Rossio ouvi gritos e buzinas, o que me fez sonhar com algo em grande como no passado dia 25. Nada a ver. As ruas não estavam assim tão compostas e daí para a frente nada de incrível aconteceu. Fiquei desiludido rapidamente e decidi parar para tomar café enquanto esperava que os movimentos e os sindicatos maiores agitassem as águas. Há quem diga que a “luta é alegria” — não para o Arménio Carlos. Algo está mal quando consigo ver o principal responsável por uma manifestação a desfilar com cara de mauzão enquanto bebo o meu café confortavelmente. Tirei-lhe as fotos que quis e não foi preciso empurrar ninguém. Depois disso, deixei o homem com os seus problemas e encostei-me de tempos em tempos a ver passar o pessoal. Encontrei um pouco de tudo. Putos monárquicos, a bandeira com um Che em modo psicadélico e pessoal, a beber e a enrolar como se estivesse numa festa académica, que me avisou à distância que eu não era bem-vindo no grupo. Estava muito calor e muitos manifestantes preguiçosos estavam sentados no passeio, nas ruas que adjacentes, a descansar no bem bom. Eu fiz o mesmo, mas voltei a enjoar com tanta monotonia. Dei uma voltinha à praça e descobri uma tenda de finos da Voz do Operário. Filas com mais de 30 pessoas não é para mim, mas invejei cada brinde à revolução. Para ser sincero, ignorei um pouco os discursos. Eram uma valente seca, volta e meia lá se ouvia “sindicalizem-se”. A organização só conseguiu a minha atenção quando passaram uma canção da qual apenas percebi “hijos de puta” e “Havana”. Ainda interagi, já quando muita gente estava a ir para casa, com um bonito grupo de pessoal hippie, umas seis ou sete miúdas loiras com pinta de suecas, lideradas por um gajo que teimava em tocar músicas românticas para os curiosos que estavam (compreensivelmente) mais interessados nas gajas. Portanto, tirando alguns freaks urbanos, esta manifestação foi quase um comício do PC. Muita gente ficou feliz com 100 mil pessoas na rua quando dias antes estiveram 500 mil. Mas resultados práticos, zero.