Imagem: Rockstar Games/Reprodução.
GTA XX é a série especial da VICE Brasil, com entrevistas e análises exclusivas, que celebra os 20 anos da franquia que mudou tudo nos games.*Matéria originalmente publicada na VICE.Parte da grana da campanha de marketing de Grand Theft Auto: Vice City, lançado há 15 anos exatamente neste dia, nos ajudou a lançar a revista VICE no Reino Unido e manteve a nossa equipe alimentada por dois meses. Esse dinheiro também ajudou a pagar pela produção da primeira capa da edição britânica da revista, com umas carreiras de cocaína num espelho, e também levantou a festa inaugural dos nossos escritórios na Europa, o Fortress Studio, em novembro de 2002. Nessa festa tocaram Rapture, Trevor Jackson, More Fire Crew e acho que o Chris Cunningham deu as caras por lá e soltou um monte de bombinha pela festa. Ninguém nem chegou a notar.Por sorte, boa parte das drogas que seriam usadas para a festa foram consumidas dias antes do evento rolar. Foram tempos loucos demais para mente da nossa equipe, mas raramente rolavam momentos de tédio naquela época. Justamente porque o pessoal da Rockstar foi tão generoso com a gente, tínhamos pilhas de objetos e merchan de Vice City espalhadas pelo escritório. Eles mandaram um box-set completo da trilha sonora, e isso foi tão incrível para todo mundo da época que eles até conseguiram fazer com que o bizarro empresário musical, Tommy Mottola, desse uma rápida entrevista sobre o jogo.Para muita gente que estava naquele rolê, os anos passaram e o interesse por videogames diminuiu, mas GTA: Vice City foi um dos grandes momentos da história do entretenimento interativo e quase nenhum outro jogo da série teve o mesmo charme que aquele. Eu amo San Andreas, claro, mas talvez ele exigisse demais dos jogadores casuais.A série de mundo aberto da Rockstar já era um enorme sucesso, mas foi Vice City que a transformou num clássico. Os primeiros jogos eram caricatos e influenciados demais por filmes de gangsters e ação tosca, encaixando temas que aparecem desde Os Bons Companheiros a 60 Segundos, entre muitas execuções e tiroteios brutais. Vice City, no tentando, focou em um gênero específico do crime fictício, misturando os tons pasteis e as luzes de neon dos anos 1980, lembrando de clássicos como Scarface e Miami Vice, mostrando tanto o lado fantástico quanto a ressaca moral do Sonho Americano.Acima de tudo, Vice City é um jogo de época, seja nos figurinos e cenários, ou nas rádios que tocavam os melhores sons desses anos, de Phil Collins a Foreigner. Estruturalmente, a Rockstar não tentou reinventar a roda quando apresentou a narrativa clichê de vingança do ex-preso Tommy Vercetti, que sai da cadeia para construir um império do crime, mas a ambientação do jogo faz com que a sensação de joga-lo seja mais intensa que os games anteriores que se passavam em Liberty City.Liberty City é ótima para resumir o zeitgeist nova-iorquino: um cenário urbano pastiche e cheio de nomes de duplo sentido. Vice City é Miami pura, mas também resume uma época em que a cidade realmente era importante, com todo o brilho superficial dos anos 1980, fazendo com que (muitas vezes acidentalmente) a ultraviolência do jogo fosse mais impressionante e intensa.Então, se já existia um conceito antes, Vice City veio para definir o tom de toda a série da Rockstar. O mundo do crime evoluiu muito desde as homenagens toscas dos primeiros jogos de GTA, e a narrativa apenas expandiu dentro das possibilidades da linguagem dos games. Roube uns carros e passe nuns faróis vermelho e verá que Vice City faz isso com louvor. Além disso, o jogo também fez com que a velha banda A Flock of Seagulls ficasse famosa novamente por uns seis meses, e até fizeram um documentário sobre o último retorno da banda na TV. Eram bons tempos.Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.
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