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Música

O Karl Hyde do Underworld Adora que os EUA Amem a Dance Music

Vinte anos depois, a dupla britânica está de volta com um show tributo de ‘dubnobasswithmyheadman’.
Al Overdrive

Basta o primeiro acorde de "Born Slippy" para sua alma se encher com o frenesi bucólico e duro do hit alternativão dos anos 00 e uma das faixas que mais diretamente se associaram com o outro clássico da primeira turma de hiperconectados pós-modernos, o filme Trainspotting. Aproveitando que o Underworld está em turnê no hemisfério norte, nosso chefe ianque Zel McCarthy conversou com o vocal do grupo sobre o sucesso ambíguo do álbum e como tem sido recriar o seu clássico disco dubnobasswithmyheadman, o estado da música eletrônica na América e outras coisas gostosas.

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"Os puristas nunca gostaram de nós", diz Karl Hyde sobre sua banda, o Underworld. "Nossos gostos são tão amplos e nós pegamos emprestado coisas de tanta história da música que quando fazemos discos como o dubnobass, não tinhamos ideia de que seria algo que a fraternidade dance e o público indie abraçassem completamente."

No entanto, eles abraçaram. Mais de 21 anos depois de seu lançamento, o álbum que colocou o Underworld no mapa, dubnobasswithmyheadman, continua tão relevante como nunca. Depois do que deveria ter sido uma apresentação única em Londres no ano passado, o vocalista Hyde e o produtor Rick Smith têm viajado pelo hemisfério do norte em uma turnê de aniversário extendida. Eles voltam aos EUA nesse fim de semana para um show no Hollywood Bowl em Los Angeles, a segunda apresentação do grupo no icônico palco em uma década. O show é uma descontrução, com Hyde e Smith apresentando o disco nota a nota, trazendo memórias da época de gravação do dubnobass.

"A visão de Rick era que recriássemos o disco, que eu cantasse exatamente como cantei 20 anos atrás", diz Hyde. "Com todas as notas erradas e esquisitisse e tudo. É um pouco como atuar profissionalmente. Eu preciso estar de volta àquele lugar, liricamente. Eu preciso voltar às ruas de Manhattan, voltar às pradarias de Minnesota, voltar ao último trem em Londres cheio de bêbados."

Na época que eles fizeram dubnobass, o Underworld era um grupo que lutava contra a sua presunção em ascensão na época, não bem rave o bastante para os clubes e não banda o suficiente para a cena rock. Enquanto os dois álbuns que precedem o hit formam uma base sólida que muitos artistas hoje em dia não têm o privilégio de ter, Hyde ainda olha para aqueles esforços com certa ambivalência.

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"Naqueles dias, nós falhamos em chegar nas listas de sucesso; nós falhamos em ser um grupo de rock populista", ele explica. "Agora, eu diria que nossa falha foi em não sermos nós mesmos, tentando ser alguém ou tentar ser a ideia de alguma outra pessoa do que uma banda precisa fazer para ter uma carreira. Eu olho para trás e muitas das bandas de que gosto parecem ter carreiras menores do que as bandas que estavam nos topos das listas — essas são as bandas que são mais interessantes para mim agora".

Lançado em janeiro de 1997, dubnobasswithmyheadman se tornou um dos três discos de ouro do Underworld no Reino Unido. Embora quase não tenha feito barulho nos EUA, muita gente no país conhece o Underworld graças a uma de suas faixas mais adoradas, "Born Slippy". Embora não estivesse no álbum, a música foi lançada como um single em 1995, e ganha uma apresentação ao vivo nesse show. Que o Underworld vai encontrar um público ensandecido esse fim de semana em Los Angeles não é uma vitória que Hyde ignora.

"Estou empolgado que a América tenha encontrado sua voz contemporânea na dance music", ele diz. "Levou muito tempo e muitos de nós tentaram e muitos artistas americanos tentaram incendiar uma cena que explodiria".

Hyde está menos preocupado em oportunidades comerciais para sua música, com a qual pretende se conectar com seu público. Sua gratidão pelo interesse num disco feito mais de duas décadas atrás é o tipo de apreciação de alguém que pagou o que devia. "Nós viemos [para a Califórnia] no meio dos anos 90 e tocamos em um festival de techno em Big Bear", recorda. "Muitos artistas vieram e simplesmente não deslancharam. E agora sim. É um imenso suspiro de alívio. Quando os EUA se apodera de algo isso se torna global. A cena encontrou nova força e isso é uma coisa ótima para todos nós".

O Underworld está no Twitter

Tradução: Pedro Moreira