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Música

Discos: Raf and O

Existem cópias de Portishead simpáticas, banais e dolorosas. Adivinhem qual é esta.

Time Machine

Telephone Records

Felizmente, Portugal não é o único país a sofrer diariamente com aquelas bandas em que a vocalista (de franja arranjadinha) canta com enorme emoção lírica, enquanto é acompanhada por uma banda empenhadíssima em obter um som sofisticado, que tantas vezes acaba por ser apenas horrível. Os ingleses, por exemplo, já desovaram duas ou três gerações convencidíssimas de que seriam capazes de ressuscitar o trip-hop. Isso nunca aconteceu, até porque, apesar da evidente marca de Bristol na música urbana britânica, todo esse legado não volta a ficar de pé só porque os miúdos ouviram o

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Dummy

 e o

Blue Lines

até ao ponto de ambos estarem gravados no pensamento. Os Portishead, talvez por terem sido tão imperiosos no que fizeram, ainda hoje são um beco sem saída para tantos dos projectos que, com diferentes graus de imaginação, procuram enquadrar a voz da mulher elegante na malha de electrónicas criadas em sintonia.

Mas cópias dos Portishead existem as simpáticas, as banais e as dolorosas. O duo Raf and O recai nesta última divisão. A prova disso encontra-se num segundo álbum chamado

Time Machine

, que está tão cheio de dramas delicados e fantasias de jovem mulher, como de canções penosas e capazes de nos deixar com umas saudades estúpidas de Bat for Lashes (também ela algo inconsequente, mas jamais dolorosa). No disco, os instrumentais de O (ele) oscilam para o lado do irritante e Raf Mantelli (ela) vai buscar o tom élfico de Björk e das Cocorosie, mas não chega a perceber muito bem quando deve parar de acrescentar farinha ao bolo. Não há realmente paciência para

Time Machine

.