A 2ª Edição do Prêmio Sexy Hot Foi Boa. Tava Ruim. Aí Melhorou. Um Pouco

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A 2ª Edição do Prêmio Sexy Hot Foi Boa. Tava Ruim. Aí Melhorou. Um Pouco

O evento aconteceu na Vila Olímpia, bairro nobre bate-panela da zona sul de São Paulo e foi o primeiro ano que premiou os filmes do nicho LGBTT.

Fabi Thompson e a ganhadora do prêmio de Melhor Atriz Hétero, Angel Lima. Todas as fotos são do Guilherme Santana.

Sem a desconfiança ou os sentimentos mistos que dominaram um pouco o clima no ano passado, a segunda edição do Prêmio Sexy Hot aconteceu sem estresse e com um tico de emoção, já que o canal adicionou a categoria LGBT à lista de concorridos. Vale lembrar que a premiação era chamada de Prêmio da Indústria Pornô e foi rebatizada de Prêmio Sexy Hot, nome do canal pertencente à Globosat. A troca do nome veio junto com um investimento muito maior na infraestrutura do evento e também na quantidade de convidados.

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A premiação aconteceu no meio do bairro nobre bate-panela da zona sul de São Paulo, Vila Olímpia: assim, os vestidos chamativos das convidadas faziam um contraste cômico com as dezenas de homens musculosos que praticavam cooper na rua às 20 horas. Logo na porta do local, já dava para perceber que o número de jornalistas dobrou em comparação ao do ano passado.

A premiação nunca escondeu a intenção de chupinhar o AVN Awards de acordo com a realidade brasileira. Então, pode-se dizer seguramente que o clima emulado era o de glamour com tapete vermelho, produtoras contratadas se desdobrando em cima de saltos altos e roupas chiques para garantir o funcionamento do evento, banheiro bonito (para mim, isso garante 85% do glamour), comida gostosa estilo casamento, open bar e um ar-condicionado tão frio que garantiu muitos faróis acesos durante a festa.

Circulando no espaço onde os convidados aguardavam o início da premiação, vi que o bar não estava servindo nenhum tipo de bebida alcoólica antes de tudo começar. Embora isso mantivesse um certo clima de tensão no ar, achei uma escolha sábia para não dar nenhum tipo de B.O. antes da atração principal.

No ano passado, lembro-me de ter perguntado ao Maurício Paletta, diretor geral da Playboy Brasil, o porquê da ausência de categorias que premiassem a pornografia LGBTT (quando falo LGBTT, leiam isso como se estivesse separando cada termo). Maurício contou na época que o canal reconheceu essa falha e provavelmente isso seria sanado se houvesse uma segunda edição. A promessa foi cumprida, e mais três categorias foram adicionadas: Melhor Filme/Cena LGBT, Melhor Ator/Atriz LGBT e Revelação do Ano LGBT.

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Foto por Guilherme Santana.

A premiação correu bem. O comediante e cantor Serjão Loroza segurou bem o script que trazia todas as piadas que aquele seu parente bêbado faria num churrascão familiar; além disso, personalidades por quem mantenho uma estranha obsessão, como a Dani Sperle (a Miss Bumbum) e Lorena Bueri (musa do Brasileirão), estavam lá com suas faces corretamente contornadas com maquiagem e vestidos bonitos.

Na edição anterior, tive a péssima oportunidade de ver o Rafinha Bastos a menos de cem metros de distância de mim, mas neste ano a curadoria do evento dobrou a meta de tatuagens bostas com a aparição do Tico Santa Cruz, o responsável pela existência do Nickelback brasileiro, que apresentou o prêmio de "Melhor Título". Eu me perguntei por que Tico estava presente, e alguém perto de mim comentou que ele produz literatura erótica. Estremeci no meu assento por alguns segundos ao receber essa informação.

Quem foi o destaque da noite foi o ator Yuri, que faturou três prêmios: Melhor Ator Hétero, Melhor Cena de Sexo Anal (junto com a performer Darlene Amaro) e Melhor Cena de Sexo Oral (com a Melissa Pitanga). Já o carioca Brad Montana, dono da BM Videos, levou pra casa dois prêmios: Melhor Título (pelo filme A Culpa É das Bucetas) e Melhor Cena de Sexo Anal.

Tico Santa Cruz entregando o troféu para o Brad Montana.

Já o time do "A gente já sabia" foi para o Gil Bendazon, o ninja do pornô, levando o prêmio de Melhor Cena LGBT, e Rebeca Rios, como Revelação do Ano. Ambos não compareceram na cerimônia para receber o troféu.

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A Patty Kimberly faturou o prêmio de Melhor Cena de Fetiche. Muito aplaudida e visivelmente feliz com o reconhecimento pelo seu trabalho, Patty recebeu o prêmio da ex-BBB Clara Aguiar. Esse momento foi fofo de verdade – junto com a campanha contra revenge porn promovida pelo canal, que fez uma vinheta especialmente para a premiação sobre o assunto.

Patty Kimberly. Foto por Guilherme Santana.

Com o término da entrega, aproveitei que o bar já estava servindo álcool para conseguir entrevistar alguns dos convidados sem precisar de uma abordagem muito constrangedora.

Carla Novaes. Foto por Guilherme Santana.

A primeira delas foi uma das indicadas na categoria Melhor Cena/Filme LGBT, a travesti Carla Novaes, que já conta com 10 anos de experiência no mercado pornô. Fina, simpática e muito educada, Carla não levou o troféu, mas destacou a importância de ter um espaço na premiação para a categoria LGBTT. "Só de estar aqui participando no prêmio e estar representando a categoria pela primeira vez, já é um grande ganho para mim".

"Em todas as entrevistas que eu dou, gosto de destacar que nosso espaço está se abrindo cada vez mais. Eu fico feliz por isso, porque somos seres humanos iguais a qualquer outro", completou.

Bia Bastos, outra atriz travesti veterana na pornografia, compartilhou do mesmo sentimento de Carla, embora tenha destacado a necessidade de se criarem subdivisões para as categorias LGBTT. "É um pouco injusto a transexual ou a travesti ter de concorrer na mesma categoria com gays, lésbicas, etc. Não que uns sejam melhores do que outros, mas é um físico diferente, é uma história diferente", frisou.

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Bia Bastos. Foto por Guilherme Santana.

Ainda assim, Bia elogiou a iniciativa. "Isso mostra que a gente não é tão minoria assim. Até porque, anos atrás, as transexuais e as travestis eram muito pouco vistas em sociedade. Hoje em dia, com a gente andando por aí à luz do dia, participando e concorrendo a prêmios, seja no meio do sexo ou não, assim como algumas emissoras contratam a gente para fazer participação em novela ou seriado, acho que [isso] abre a cabeça das pessoas para elas verem que a gente também tem sentimento, que a gente também sofre, que a gente também ri, também trabalha e tudo mais."

Hilda Brasil, outra estrela do mercado transex, que tem cerca de 200 filmes em seu currículo, também destacou a importância da criação de subdivisões para a categoria LGBTT. "São públicos diferentes", destacou.

Hilda Brasil. Foto por Guilherme Santana.

Embora os filmes de transex sejam um dos nichos brasileiros mais exportados para a Europa ou os EUA, com cenas que são, segundo a Bia, "gravadas diariamente", garantindo o reconhecimento das performers transgênero no exterior, foi curiosa a maneira com que a Sexy Hot escolheu seu modo de representativade. Ainda assim, em comparação com a premiação 100% mercado hétero do ano passado, já é um passo.

A Mayanna Rodrigues, da Xplastic, também foi outra ganhadora da noite com o prêmio de Melhor Atriz LGBT. Feliz e lindamente empacotada em um vestido de látex, a atriz concordou com as sugestões das colegas em relação à inclusão de novas subdivisões para a comunidade LGBTT. Fora isso, em comparação com a nossa entrevista no ano passado, Mayanna pareceu muito mais otimista com os rumos do pornô brasileiro.

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Mayanna Rodrigues. Foto por Guilherme Santana.

"O prêmio conseguiu trazer de volta o assunto pornô na mídia. O pornô estava realmente fadado ao fracasso: muitas produtoras fecharam, as pessoas estavam consumindo muita pornografia de fora e também importando muita coisa de fora. Com esse prêmio, as pessoas começaram a voltar a se interessar pelo assunto, e as produtoras voltaram a se reerguer e querem filmar novamente", contou.

Terminada a bateria de entrevistas, não pude deixar de notar que, de fato, o clima no ar era de festa. A televisão aberta estava lá para conseguir sua cota de bundas e peitos em rede nacional, jornalistas perambulavam pelo salão de festas tentando encontrar a próxima pauta inusitada para seu veículo e os produtores (homens, majoritariamente) seguravam seus copos de uísque e sorriam para selfies em grupo, contentes em poder participar.

Ainda assim, estou no time das meninas que pediram que as categorias fossem mais separadas, em vez de encarar a comunidade LGBTT como um bololô só.

Agora é esperar pelo ano que vem.

Veja a lista dos indicados e ganhadores da noite:

Melhor Filme Hétero
Torcida ninfomaníaca da Copa
Boa de Bunda 2
Taras & BDSM

Melhor Filme/Cena LGBT
Carla Novaes e Toni Lee
Gatas e gatas 2
Cama dos Prazeres

Melhor Diretor
Marcos Morais, por Cornolândia, o submundo dos cornos
Eduardo Azevedo, por Taras & BDSM
Roy, por Game over

Melhor Ator Hétero
Loupan, por Tudo pelo Prazer 2
Alex Ferraz, por Entre picas e picanhas
Yuri, por A mulher do meu amigo

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Melhor Atriz Hétero
Angel Lima, por Tudo pelo Prazer
Jéssica Winchester, por Tatoo 4 Fuck
Melissa Pitanga, por A mulher do meu amigo

Melhor Ator/Atriz LGBT
Mayanna Rodrigues, por Jujubas
Melainny, por Puro anal

Melhor Cena de Sexo Anal
Andressa Meirelles e Ed Junior, por Elas preferem anal
Soraya Carioca e Alemão, por Amigos íntimos
Darlene Amaro e Yuri, por A culpa é das B*

Melhor Cena de Dupla Penetração
Melissa Alecxander, Ed Jr. e Tony Tigrão, por Taras & BDSM
Sara Japa, Fabio Lavatt e Mr. Rola, por Mistura brasileira
Britney Bitch, Alemão e Erick, por P* para dentro

Melhor Cena de Fetiche
Bárbara Costa, Ed. Jr e Dinho, por Cornolândia, o submundo dos cornos
Patty e Alemão, por Pés do prazer
Britney Bitch e Higor, por A dominação sacana

Revelação do ano LGBT
Bianca Hills, por Bianca Hills & Alex Jr.
Agatha Alencar, por Triângulo Amoroso

Melhor Cena de Orgia
Kamilla Werneck, Nanda Rios, Wallace, Vinny e Yuri, por Orgia ao Pôr do Sol
Celine Sales e Mr. Rola, por Folia Carnavalesca 2014
Prince, Nicole Bittencourt, Britney Bitch e Yara, por Garotas da Van em Prince, o Gostosão

Melhor Cena de Sexo Oral
Laisa Gregory e Loupan, por Amigas da minha irmã 2
Melissa Pitanga e Yuri, por A mulher do meu amigo
Angel Lima, por Boca nervosa

Revelação do Ano Hétero
Kamilla Werneck, por A culpa é das B*
Rebeca Rios, por Tudo pelo prazer 4
Britney Bitch, por Boca de seda

Melhor Título
A bunda manda e o bundão obedece
A Culpa é das Bucetas
Borboneca tarada

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