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Me mudei para Montpellier, no sul da França, para cursar a universidade. A maioria dos estudantes lá eram desajustados de humanas, e nesse ambiente mais relaxado fui aprendendo a ouvir meus instintos. Nessa cidade onde não conhecia ninguém, me sentia livre para fazer o que eu quisesse sem ninguém ficar sabendo. Nos bares que eu e minhas amigas frequentávamos, nunca encontrava um cara de quem realmente gostasse. Eu queria conhecer homens mais velhos — com mais experiência sexual do que os meus colegas — e não queria nenhuma das minhas amigas se intrometendo nisso. Então decidi começar a procurar caras mais velhos online, e não por meio dos sites de encontro comuns.Me inscrevi no sugardaters.fr, o maior site francês de sugar daddies, sugar mummies, sugar babies e toy boys. Um sugar daddy é um homem de certa idade que sustenta uma garota bem mais jovem que ele — a sugar baby — em troca de serviços sexuais. Um sugar daddy e uma sugar baby estabelecem um tipo de relacionamento quando se conhecem, mais como um casal tradicional do que propriamente como uma profissional do sexo e um cliente.Decidi começar a procurar caras mais velhos online, e não por meio dos sites de encontro comuns.
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A ideia de um sugar daddy milionário com quatro iates, nove vilas e que vai levar você para viajar todo final de semana não existe. Se existe, nunca conheci nenhum. Geralmente os homens desse site são ricos, mas não milionários. Geralmente são gerentes, engenheiro ou médicos. Tenho certeza de que alguns deles são casados e querem escapar da rotina do casamento sem achar uma amante de verdade e ter que assinar um divórcio.O primeiro cara que conheci me convidou para ir a Aix-en-Provences — uma cidade-universitária na região de Provença-Alpes-Costa Azul. Ele disse que tinha uma casa de veraneio lá, onde ia aos finais de semana para relaxar. Ou, como ficava claro pela linha branca no dedo anular bronzeado, para transar com mulheres que não fossem sua esposa. Isso não me incomodou, estava claro para mim desde o começou que eu não estava ali para fazer amigos. E nem ele.Nunca fiz isso pelo dinheiro. Não que eu dispensasse os benefícios, eu geralmente pedia um perfume, uma bolsa, uma massagem ou só um final de semana fora com tudo pago.
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A endorfina que me dava um imenso barato depois do orgasmo funcionou como uma droga para mim. Percebi que estava levando essa coisa de sugar baby longe demais quando me vi tirando a roupa antes mesmo de o cara chegar na minha casa. Então decidi tentar algo diferente: clubes de swing.Durante os primeiros meses em que frequentei um clube desses, me excitava com todo tipo de nova tara, mas logo mudei para ménages, gang bangs — e mais recentemente participei de um gang bang duplo, no qual vi outra mulher ser comida por um grupo de homens enquanto esperava minha vez. Por um tempo, fiquei muito atraída por glory holes, ser penetrada por um pênis saindo de um buraco, sem nem ver o rosto do dono dele, era o jeito ideal de conseguir um barato rápido.Percebi que estava levando essa coisa de sugar baby longe demais quando me vi tirando a roupa antes mesmo de o cara chegar na minha casa.
Essa necessidade de ter sempre uma solução pronta para o meu tesão é parte da minha vida há cerca de um ano, e sei que não vai ser fácil sair dessa. Outras pessoas matam o tempo jogando videogame, eu transo com estranhos de 40 a 50 anos. O que começou como um desejo de experimentar com homens mais velhos virou um tipo de vício em sexo não-diagnosticado.Acho que logo vou querer uma vida diferente. Em algum momento vou ter que superar meus impulsos, crescer, casar, comprar uma casa, ter filhos, comprar um cachorro e finalmente me divorciar de algum sujeito, como todo mundo faz. Às vezes me sinto estranha e culpada por não viver uma vida sexual convencional, mas o prazer que tiro disso ainda supera a vergonha. Tenho 22 anos hoje, e sei que esse estilo de vida não dura para sempre. Talvez eu tenha que procurar ajuda para superar essa compulsão. Mas essa parece uma perspectiva terrivelmente chata pra mim.A autora escreveu para a VICE França sob um pseudônimo.Tradução do inglês por Marina Schnoor.Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.Tenho 22 anos hoje, e sei que esse estilo de vida não dura para sempre. Talvez eu tenha que procurar ajuda para superar essa compulsão.