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Tecnologia

Ca'Crise. Moço! - O jogo da vida real

O Super Mário do zeitgeist da crise

Nenhum dos nossos gajos dos jogos está cá hoje: já foram todos de férias de Natal, por isso tenho que ser eu a falar-vos

sobre este jogo. É o primeiro da no3xit, a empresa em que o nosso ex-estagiário e p'rasempre-amigo Nuno Oliveira trabalha. Até pode não ser verdade, mas gostamos de acreditar que o facto de ter passado uma temporada a trabalhar connosco lhe deu criatividade suficiente para lançar jogos parvos e potencialmente virais como este. Estamos mais que orgulhosos! No Ca’ Crise, Moço! somos um Zé Povinho com barrete de Pai Natal que deve atravessar um cenário recheado de trocadilhos sobre a nossa permanente crise política e económica. O avatar não morre, mas, se saltarmos na altura errada, ficamos endividados para a vida. Onde é que já vimos isto? Não existe propriamente forma de ganhar mais pontos/dinheiro, o objectivo é só mesmo perder o menos possível. Ah, e também não passamos de nível, o que pode significar várias coisas: a) não há forma de sair da cepa torta, b) se passarmos o nível único com saldo positivo ultrapassamos a crise de vez ou c) o programador não tinha tempo ou paciência para criar outro cenário (ou imaginação para mais trocadilhos). Quanto aos trocadilhos, acertam todos na mouche. Falo com autoridade porque sou, afinal de contas, Mestre em Comunicação Política: temos que saltar por cima de Coelhos, ter cuidado para não acabarmos vítimas de fisting do PS, desviarmo-nos de mísseis do IRS ou de bigornas do IVA (estará o jogo a sugerir que fujamos ao fisco?), não nos deixarmos atropelar por um cavalo de Troika ou cair no grande Buraco da Madeira. Falhar qualquer um destes objectivos chupa-nos o dinheirinho que tanto nos custa a ganhar. Tal e qual como na vida real. Isto é puro humor de revista aplicado aos videojogos. E digo isto no bom sentido, claro. Fartei-me de rir com o jogo, mesmo tendo perdido milhares de euros virtuais (também não comi nenhuma princesa pixelizada, como o Super Mario). A jogabilidade é simples e intuitiva e, por isso mesmo, viciante. Basta andar para trás e para a frente com as setas do teclado e carregar na barra de espaço para saltar. Mas também é lixadão passar com um saldo positivo. Os obstáculos aparecem rápida e inesperadamente, uns a seguir aos outros, não havendo tempo para delinear uma táctica eficaz para os ultrapassar (a metáfora da crise não acaba!). É óptimo para queimar horas no emprego — em vez de chorar o corte do 13.º mês — e fazer um intervalo do trabalho que temos pela frente até sair deste buraco que, de uma forma ou de outra, todos ajudámos a escavar.