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Líderes mundiais exigiram que Trump repense sua proibição da entrada de refugiados

A medida do novo presidente norte-americano foi considerada um “beco sem saída” histórico.

Primeira imagem via REUTERS/Alex Schmidt.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE News .

Líderes mundiais, ativistas e grupos de direitos humanos rapidamente condenaram a ordem executiva do presidente Donald Trump que proíbe cidadãos de sete países de maioria muçulmana – Iraque, Síria, Irã, Iêmen, Líbia, Sudão e Somália — de entrarem nos EUA.

No sábado (28), a premier alemã Angela Merkel usou parte de sua primeira chamada telefônica com o presidente Trump para discutir regras da Convenção de Genebra. O porta-voz de Merkel Steffen Seibert disse que a chanceler alemã repudiou a decisão do novo presidente dos EUA, e que estava convencida de que "a batalha contra o terrorismo não justifica desconfiança geral contra pessoas de certa origem ou religião".

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O presidente francês François Hollande foi menos reservado e alertou Trump que "num mundo instável e incerto, se fechar é uma via sem saída".

Enquanto isso, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau respondeu à proibição reiterando a política de seu país em aceitar todos os refugiados independentemente de sua fé:

"Para aqueles fugindo da perseguição, terror e guerra, os canadenses vão receber vocês, independentemente de sua fé. Diversidade é nossa força. #Bem-vindosAoCanadá."

A primeira-ministra do Reino Unido Theresa May, que na sexta-feira (27) se tornou a primeira líder do mundo a se encontrar oficialmente com Trump, evitou criticar o presidente norte-americano naquele dia. Ainda assim, sua recepção calorosa e seu silêncio depois da ordem controversa de Trump foram fortemente condenados por muita gente em seu país. E na manhã de domingo, May foi obrigada a divulgar uma declaração condenando a proibição de Trump:

"Não concordamos com esse tipo de abordagem e não será uma [decisão] que vamos tomar. Estamos estudando essa nova ordem executiva para ver o que ela significa e quais são seus efeitos legais, e particularmente as consequências para os cidadãos do Reino Unido. Se houver qualquer impacto para cidadãos do Reino Unido, faremos representações ao governo norte-americano sobre o assunto."

A declaração de May, no entant, estava longe de ser uma denúncia direta, e ela foi criticada pelos dois lados do espectro político por esperar tanto para divulgar uma resposta oficial.

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Parlamentares do próprio partido de May não deixaram de demonstrar seu descontentamento com a nova ordem executiva:

"5 – Nem sequer uma história

6 – Trump é um negócio realmente enojante. Essa é a história"

"Uma liderança forte significa não ter medo de dizer a alguém poderoso quando ele está errado. É um ethos de que este país se orgulha, @theresa_may"

"Quando você faz algo incrivelmente idiota, seu amigo mais próximo te avisa. É para isso que temos relações especiais."

Nadeem Zahawi, um político conservador que fugiu do Iraque quando criança, revelou que foi pessoalmente afetado pela ordem de Trump.

"Sou um cidadão britânico e tenho muito orgulho de ter sido recebido neste país. Triste saber que serei proibido de entrar nos EUA por causa do país onde nasci"

O corredor britânico medalhista olímpico Sir Mo Farah, que mora nos EUA, postou uma mensagem em seu Facebook explicando que pode ser proibido de entrar no país onde sua família vive, já que nasceu na Somália.

"No dia 1ª de janeiro deste ano, Sua Majestade a Rainha me fez Cavaleiro do Reino. No dia 27 de janeiro, o presidente Donald Trump parece ter me tornado um alienígena."

Uma petição para impedir que Donald Trump visite o Reino Unido este ano já recebeu mais de 1 milhão de assinaturas. Qualquer petição que atinja 100 mil assinaturas deve ser considerada para debate no parlamento britânico.

O presidente iraniano Hassan Rouhani, que aceitou um acordo nuclear com os EUA em 2015, também condenou a ação, dizendo: "Agora não é tempo de erguer muros entre nações. Eles devem ter esquecido que o muro de Berlim caiu anos atrás".

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O governo iraquiano, que ainda depende de apoio militar crucial dos EUA em sua guerra contra o ISIS, tentou chegar a um equilíbrio diplomático, expressando seu desejo de que a proibição "não afete nossos esforços de fortalecimento e desenvolvimento de relações bilaterais ente Iraque e EUA". Mas parlamentares iraquianos foram menos indulgentes, chamando a proibição de "injusta" e exigindo que seu governo responda da mesma maneira. "Pedimos ao governo iraquiano que tome uma decisão recíproca à proibição da administração norte-americana."

A vencedora do prêmio Nobel Malala Yousafzai condenou a ordem de Trump e disse que estava com o coração partido: "Os EUA estão dando as costas à sua história orgulhosa de aceitar refugiados e imigrantes — as pessoas que ajudaram a construir seu país".

Outros líderes europeus parecem concordar com Yousafzai. O ministro das Relações Exteriores francês Jean-Marc Ayrault disse: "Aceitar refugiados fugindo da guerra, fugindo da opressão, é parte das nossas responsabilidades". Na mesma entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores alemão Sigmar Gabriel disse: "Amar o próximo é um dos principais valores cristão, e isso inclui ajudar pessoas".

Mas nem todo mundo condenou a ordem de Trump, que vem recebendo apoio de sua panelinha usual de admiradores da extrema-direita internacional.

Nigel Farage, ex-líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) e comentarista da Fox News, defendeu os planos do presidente, e pediu que uma política similar seja introduzida na Inglaterra: "Ele tem todo direito de fazer isso, e até onde eu sei sobre este país, sim, eu gostaria de ver vetos extremos".

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O político holandês de extrema-direita e anti-islâmico Geert Wilders apoiou a decisão de Trump, tuitando que "Islã e liberdade são incompatíveis".

"Acabar com a imigração de qualquer país islâmico é exatamente o que precisamos.

Também na Holanda.

Porque islã e liberdade são incompatíveis."

Num protesto em Atenas, na Grécia, organizado pelo partido neofascista Aurora Dourada, os gregos de direita saíram às ruas no sábado para condenar a imigração, com um manifestante dizendo ao canal DW alemão: "Gostaríamos de seguir uma política como a que Donald Trump tem nos EUA agora".

Tradução: Marina Schnoor

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