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cenas

Acho que os gordinhos me dão tusa

Há que celebrar o homem com banhas.

O nosso amigo Jamie Lee a fingir que é gordo. Lembram-se desse artigo, certo? Não? Carreguem aqui, então. De vez em quando vou para a cama com um amigo magrinho e, mal acabamos o sexo, reparo logo que tenho nódoas negras nas coxas. Porquê? Porque os ossos salientes do gajo deixam marcas no meu corpinho sensível. Atenção, eu até gosto de lesões suaves deste género. Tenho por hábito olhar para elas, lembram-me de quando era mais nova e de olhar para os meus chupões como um motivo de orgulho, uma prova feia de que estava a crescer. Mas, e apesar de curtir estas nódoas negras, dormir com trinca-espinhas não é a minha cena favorita, de todo. Com isto não quero fazer com ninguém se sinta mal. Em vez de ficar para aqui a cortar nas maravilhas dos físicos masculinos escanzelados, quero celebrar a antítese: o homem com banhas. Percebam isto: eu ADORO gordinhos. Por acaso, também adoro comer, mas acho que isso é culpa da minha ascendência grega. Há um tipo especial de gordinhos que me atrai: aqueles gajos que têm uma gordura homogénea em vez daquela barriga de grávido, mesmo à pai. Do género de homem que até anda de bicicleta para caraças — porque tem pernas enormes —, mas que parece que não bebe nada para além de cerveja. Quero um homem que seja tão rijo quanto a raiz de uma árvore centenária. Um homem que a minha mãe pudesse descrever como “saudável” e “fofinho” (não se esqueceram, pois não? Herança grega). Uma vez namorei com um gajo que tinha uma grande barriga. Lembro-me do sentimento de conforto que era abraçar-me à volta daquela montanha de banha. Uma noite, quando estávamos a descansar na cama, a ver um filme, ele puxou-me para o peito dele e, com a minha cabeça pousada junto ao ombro do meu homem, coloquei o braço sobre a barriga dele. Sentir o ventre a subir e a descer, ao ritmo da respiração, paralisou-me. Senti-me imediatamente excitada pela imensidade deste homem gigante, que nem sequer conseguia abraçar na totalidade. Isso marcou-me. Se tivesse de aprofundar a questão, diria que adoro sentir-me pequenina ao lado de um grande monte de carne masculina, ser esmagada, precisamente por essa masculinidade. Acho que é uma coisa típica de mulher das cavernas, ou algo bué heteronormativo mesmo típico de dona de casa desesperada. A televisão de sinal aberto australiana, país em que cresci, ensinou-me algo pouco comum: só os homens bronzeados, com altos abdominais e de cabelos loiros é que são sensuais. Mas, em vez de me passear pela praia com um surfista qualquer, sempre quis andar com um gajo latino, que praguejasse, que tivesse um aspecto mediterrânico, que talvez trabalhasse numa fábrica e que adorasse cerveja. Que fosse, enfim, o tal marido gorduchinho. Sempre quis ser o tipo de mulher que apoia o marido, o tipo de mulher adorável que mexe os cordelinhos por trás do espectáculo da vida quotidiana em que o marido é a personagem principal. Eu sei: tenho um problema, não é? Esquecendo as normas da cultura pop, penso que, a um nível primário, há algo muito sensual nos homens gordos. É certo que eles ocupam espaço, mas parece que te convidam a habitares esse espaço com eles. Sinto-me completamente segura. Sinto que tenho de explicar que não sou propriamente gorda e é muito feminino estar com alguém que tem mais carne do que tu. E, já que se fala nisso, se tivesse um acidente de avião (ou me visse envolvida em qualquer catástrofe natural em que a minha vida estivesse em risco), ter um gajo gordo comigo seria sinónimo de estar alimentada. Depois, há certas coisas que os magricelas não conseguem fazer. Os gajos mais gordos são, geralmente, homens fortes. Adoro a ideia de um gajo conseguir levantar-me pelo ar com só uma mão, sem qualquer esforço. Excita-me! Mesmo que depois disso, ele precise de descansar um bocado. Como já disse, a grande parte das minhas amigas tem uma queda por magrinhos e não vejo mal nenhum com isso. Mas quando estou interessada num homem gordo, elas agem superficialmente, dizendo coisas do género “ai que nojo!”. Penso que isso é ser-se ignorante (ok, admito que os homens gordos têm a tendência para suar mais e, sim, isso é nojento, a menos que estejamos a fazer sexo). Quando as minhas amigas me dizem estas coisas, eu respondo: "Meninas, deixem de ser invejosas e acordem para a vida. Um tipo com o dobro do tamanho vai, muito provavelmente, dar-me o dobro do amor."