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Depois do ataque, silêncio mortal nas ruas de Nice

Nas noites de verão, as ruas estreitas da quinta maior cidade francesa se enchem de turistas. Mas nesta quinta elas ficaram praticamente desertas, à exceção de políciais pesadamente armados revistando transeuntes.
Pierre Longeray
Paris, FR

A polícia bloqueia o acesso a Promenade des Anglais depois do ataque em Nice na quinta-feira (Pierre Longeray/VICE News).

Matéria original da VICE News.

Nas noites de verão, as ruas estreitas de Vieux Nice, a parte velha da quinta maior cidade francesa, se enchem de turistas tomando sorvete ou comendo uma fatia de socca, uma iguaria de grão-de-bico local. Assim como a Place Masséne ou a Promenade des Anglais, uma avenida que corre ao longo do Mediterrâneo. Mas nessa quinta, à meia-noite, as únicas pessoas nas ruas da capital da Riviera eram alguns retardatários e a polícia com capacetes e armas.

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Apenas uma hora antes, um caminhão avançou contra a multidão reunida na Promenade des Anglais para as comemorações do 14 de julho. Mais de 70 pessoas morreram, segundo as autoridades locais. Testemunhas disseram que o indivíduo dirigindo um caminhão branco fez zigue-zague entre a multidão, para matar o maior número possível de pessoas que tinham vindo ver a tradicional queima de fogos do dia nacional francês.

"Minha mãe estava na cena. Agora ela está em casa. Chorando, totalmente chocada", disse um homem jovem em frente ao Casino Le Ruhl, apenas alguns passos de onde o massacre aconteceu. Pedestres olham chocados paras as imagens em seus celulares, filmadas logo depois do caminhão passar. Elas mostram corpos no chão, sangue, pessoas correndo.

A polícia com coletes à prova de bala na Place Masséna (Pierre Longeray/VICE News).

No centro de Nice, os policiais estão tensos. Na Place Masséna, oficiais pesadamente armados gritam para quem passa erguer as mãos e levantar a camiseta; os turistas cruzam a praça com a mãos na cabeça, e a polícia os revista. No resto da cidade, a polícia patrulha com armamento pesado, tirando pessoas de bares e avançando pelas ruas, acendendo suas poderosas lanternas nas janelas.

Isso acontece num silêncio interrompido apenas pelas sirenes das ambulâncias e das viaturas. Turistas que se abrigaram nos lobbies dos hotéis próximos a Promenade esperam, com o olhar apreensivo. Bandeirinhas francesas que foram distribuídas para o feriado nacional estão abandonadas pelas calçadas.

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Vidro quebrado e restos de sanduíches no chão são prova do pânico daqueles que vieram aqui, uma avenida à beira mar, para celebrar o 14 de julho. Homens do BRI e do RAID, as forças especiais, ainda estão no local; assim como uma mulher, fazendo telefonemas agitados de sua varanda.

Por volta das duas da manhã, soldados investigam os arbustos do jardim Coulée Verte, procurando com suas lanternas. Quem ainda está nas ruas a essa hora recebe uma advertência da polícia: Vá pra casa, eles dizem, e rápido.

Pessoas numa varanda com vista para o local do ataque (Pierr Longeray/VICE News).

Tradução do inglês por Marina Schnoor.

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