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Comida

Desculpa aí vegetarianos, mas carne pode ser a razão da nossa evolução

Se você estrebuchou depois de ver Rodrigo Hilbert matar um filhote de ovelha na TV, sugiro que leia sobre esta pesquisa de Harvard.
Phoebe Hurst
London, GB

Foto via usuário do Flickr Kirk K.

Esta matéria foi originalmente publicada no MUNCHIES

Com todo o ódio disseminado na internet depois de Rodrigo Hilbert ter matado um filhote de ovelha para fazer um churrasco, além de todos os alertas assustadores de saúde rodando sua cabeça toda vez que você faz um sanduíche de presunto, o vegetarianismo parece uma saída quase óbvia. Afinal, assim você pode evitar um câncer iminente e ter a consciência limpa — não tem como discordar, né?

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Mas segundo um novo estudo da Universidade de Harvard, comer carne pode ser a razão que fez os humanos evoluírem a partir dos macacos. Engole essa com seu churrasco de tofu, vegês!

Publicada no jornal Nature, a pesquisa da Harvard afirma que o uso de ferramentas de pedra para cortar carne crua forneceu nutrientes essenciais aos primatas, ajudando assim os primeiros homens a se desenvolverem como a espécie altamente funcional que somos hoje — mesmo com a existência do Bolsona.

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Enquanto pesquisas anteriores sugeriam que a invenção do cozimento permitiu aos humanos ingerirem os nutrientes extras necessários para o desenvolvimento cerebral, este novo estudo argumenta que isso pode ter acontecido muito antes dos nossos ancestrais usarem o fogo para cozinhar.

Segundo a pesquisa da Harvard, por volta de três milhões de anos atrás, o homem primordial acrescentou carne à sua dieta baseada em vegetais, usando ferramentas de pedra para cortar a carne em pedaços comestíveis. Isso poupava cerca de 2,5 milhões de mastigadas por ano, porque mesmo a carne crua sendo mais difícil de mastigar, isso "exigia menos força mastigatória por calorias do que as plantas, geralmente duras, disponíveis para os primeiros hominídeos".

Em vez de passar o dia inteiro mastigando vegetais, os primeiros homens espertões cortavam a carne em pedaços menores e conseguiam energia mais rápido.

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O coautor do estudo, Daniel Lieberman explicou: "A maioria dos outros animais, como os répteis, mal mastigam sua comida — eles apenas engolem a comida inteira. A evolução da habilidade dos mamíferos em mastigar o alimento em partículas menores deu a eles energia extra, isso porque partículas menores têm um volume maior de nutrientes proporcionalmente, o que permitiu que as enzimas digestivas quebrassem o alimento de maneira mais eficiente".

Para testar sua teoria, Lieberman e colegas pesquisadores alimentaram um grupo de adultos com vegetais que estavam disponíveis para os primeiros homens, além de carne de cabra crua cortada — já que isso é similar ao tipo de aves de caça não-domesticadas que nossos ancestrais comiam. Eles mastigavam as amostras e cuspiam, para que os pesquisadores analisassem quão bem isso estava digerido antes de ser engolido.

Os resultados mostraram que ao se alimentar a partir de uma dieta com um terço de carne cortada, junto com material vegetal, significava que o homem primitivo precisava mastigar 17% menos e com 26% menos força.

Foi daí que surgiu a conclusão do estudo: "Portanto, supomos que comer carne era muito dependente do processo mecânico que tornou possível a invenção da tecnologia de corte".

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Precisar mastigar menos pode ter feito o aparato de mastigação dos humanos evoluir, o que explicaria por que temos dentes menores — e cérebros maiores — que outros primatas.

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Lieberman também disse: "Passamos de ter focinhos, dentes grandes e músculos maiores de mastigação para dentes e músculos menores, e um rosto sem focinho. Essas mudanças, entre outras, permitiram a seleção da fala e outras mudanças na cabeça, como cérebros maiores".

Claro, como vários estudos mostram, comer como um homem das cavernas não é muito bom para nosso cérebro moderno, então é melhor não descartar inteiramente o vegetarianismo.

E de qualquer jeito, um churras (de carne de ovelha, inclusive) ainda é melhor que carne crua de cabra.

Tradução: Marina Schnoor

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