O que o Lula realmente quis dizer no discurso pós-condução coercitiva
Foto: Jardiel Carvalho R.U.A. Foto Coletivo

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O que o Lula realmente quis dizer no discurso pós-condução coercitiva

Putaraço, ex-presidente falou sobre sobre seu depoimento na Lava Jato, atacou seus opositores e não descartou sua candidatura em 2018.

Como noticiamos, na manhã desta sexta-feira (4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi coercitivamente conduzido à Polícia Federal para depôr na 24ª fase da Operação Lava Jato, batizada de "Aletheia" que, segundo a Polícia Federal (PF), faz alusão à expressão grega que significa busca da verdade. Contrariando a vontade da oposição, o ex-presidente não saiu do Aeroporto de Congonhas — onde deu seu depoimento — direto para a prisão. Apesar da comemoração precoce dos adversários, ele saiu de lá e foi para a sede do PT em São Paulo gritar aos quatro cantos que o jogo só está começando e que, apesar da medida coercitiva, no final das contas tudo isso foi importante no tabuleiro político atual. Em um trecho de sua coletiva de imprensa ele afirma: "Embora eu esteja magoado, acho que o que aconteceu hoje era o que precisava acontecer para o PT levantar a cabeça". O ex-presidente não negou o desconforto com a ação impositiva determinada pelo juiz Sérgio Moro. Ele afirma que "jamais se recusaria a prestar depoimento. Não precisaria ter mandado uma coerção. Era só ter convidado. Antes deles, nós já éramos democratas".

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Foto: Jardiel Carvalho R.U.A. Foto Coletivo

Mas como o depoimento de Lula à PF, e principalmente seu discurso na sede do Partido dos Trabalhadores, o posiciona no game político? Lula se dirigiu aos seus adversários, entre eles grandes veículos de comunicação. "Há muito tempo que o PT está de cabeça baixa, há muito tempo que todo santo dia alguém faz o PT sangrar. Não precisa prova, é só dizer." No início da coletiva o ex-presidente ironicamente ainda pergunta onde é que está o microfone da Rede Globo, emissora expulsa da sede por manifestantes, e em outros trechos critica severamente o show midiático e a pirotecnia da cobertura da imprensa. Em outro momento ele alfinetou novamente o veículo de comunicação. "Se preocupando com pedalinho de dois mil reais que ela [Marisa] comprou pros netos. Se preocupando, porque eu estou utilizando a chácara de um amigo. Eu uso dos amigos, porque meus inimigos não me oferecem. Bem que a Globo poderia me oferecer o tríplex de Paraty. Quem tem casa em Nova York, em Paris, nunca me ofereceram, se me oferecessem eu ia", afirmou. O ex-presidente anunciou ainda que estará nas ruas assim como estava na década de 1980 nos palanques do ABC paulista. "A partir da semana que vem, quem quiser um discursinho do Lula é só acertar a passagem de avião — não vai de ônibus que demora muito — que eu tô disposto a andar esse país." Ele não descartou a candidatura em 2018, mas fez uma ressalva. "Não sei se serei candidato em 2018, não sei. A natureza às vezes é implacável com a gente que ultrapassa os 70, mas como a ciência também avançou e essas coisas todas que eu faço aumenta a minha tesão de participar das coisas desse país." A velha, mas ainda consistente, retórica do metalúrgico e a mobilização rápida dos membros e simpatizantes do Partido dos Trabalhadores, que lotaram a porta da sede do PT com bandeiras, faixas e discursos de ordem, agitaram ainda mais o cenário político já extremamente maniqueísta. E hoje, 4 de março de 2016, é um dia em que os dois lados do jogo estão comemorando. Se de um lado uma manifestação pró-Lula foi convocada às 17h em frente à sede do PT, na região da Sé, uma anti-Lula foi chamada para o vão do MASP às 19h para comemorar a ação da Polícia Federal - e desmarcada. Pela manhã, membros dos dois lados entraram em conflito tanto na frente da residência de Lula quanto no aeroporto de Congonhas.

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Foto: Rodrigo Zaim R.U.A. Foto Coletivo.

Enquanto o discurso de Lula passava nas televisões dos botecos do centro, do lado de fora militantes do PT se acotovelavam para ver o que o ex-presidente, com cara de poucos amigos, bradava. Centenas de pessoas ecoavam os gritos de "Olê olê olá Lula Lula" e rodopiavam bandeiras brancas com a estrela vermelha do PT ao centro. Como numa eleição, pessoas se abraçavam para celebrar um novo capitulo da política: o dia em que o ex-presidente, putaraço, atacou. "Se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca tá viva, como sempre esteve."

Foto: Rodrigo Zaim R.U.A. Foto Coletivo.

Às 17:32 a presidente Dilma Rousseff, em rede nacional, criticou a ação coercitiva contra Lula e fez severo parecer à delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).

Assista ao discurso na íntegra neste link.