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As Eleições no Paquistão Correram Bem... Na Medida do Possível

Porém, o clima tenso reinou soberano.

Foto via FurSid.

Depois de décadas de conflito, os cidadãos do Paquistão podem agora apontar o dia 11 de maio de 2013 como aquele em que puderam escolher seu governo democraticamente por meio de eleições gerais. O partido muito criticado de Nawaz Sharif, a Liga Muçulmana do Paquistão, saiu vitorioso numa eleição altamente controversa, mesmo no contexto dessa região tão volátil. Sharif já tinha sido primeiro-ministro do Paquistão em duas ocasiões: de 1990 até 1993 e de 1997 até 1999. À primeira vista, seria fácil rejeitar esses resultados como apenas um selo do status quo, um curativo na ferida aberta da instabilidade política. Mas olhando mais de perto a situação sociopolítica aqui, fica claro que ter uma autoridade de transição governamental sem militares envolvidos já é uma vitória.

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Não que tudo tenha corrido perfeitamente. Antes da eleição, Hakimullah Mehsud, líder do Talibã paquistanês, escreveu uma carta afirmando insolentemente que o objetivo de sua organização era destruir inteiramente o sistema democrático no Paquistão. Ameaças contra seções eleitorais foram comuns. A má organização da comissão eleitoral levou a filas intermináveis para aqueles que queriam exercer seu direito ao voto. Fraudes eleitorais foram testemunhadas em muitos dos locais de votação. Incidentes onde mulheres foram impedidas de votar aconteceram em algumas cidades. Ainda assim, 47% da população escolheu ignorar o perigo e ir às urnas, e a violência foi mantida num nível mínimo numa nação onde a instabilidade política é muito familiar.

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A história de transições caóticas no Paquistão é bem documentada. De 1999 até 2008, o general Pervez Musharraf comandou o país através de uma violenta ditadura militar. O cerco à mesquita de Lal Masjid em Islamabad, em julho de 2007, uma tentativa de pacificar o crescente movimento fundamentalista islâmico no Paquistão, e o assassinato da líder da oposição, Benazir Bhutto, em dezembro de 2007, só aumentaram a pressão sobre o regime militar e contribuíram para a queda do governo de Musharraf.

Apesar do progresso conseguido através do círculo das eleições, o Paquistão não deixou para trás suas lutas, o que não é surpresa para um país desacostumado à paz. Pelo menos 121 pessoas foram mortas e mais de 496 foram feridas no mês anterior às eleições. O Partido Popular do Paquistão (PPP), o Movimento Muttahida Qaumi (MMQ) e o Partido Nacional Awami (PNA) foram todos notificados antes do começo da votação pelas forças talibãs por suas plataformas de esquerda. Seus locais de reunião foram atacados e seus candidatos, mortos em ataques suicidas. Sadiq Zaman Khattak, candidato à Assembleia Nacional pelo PNA, foi morto com seu filho do lado de fora de uma mesquita na sexta, e as eleições foram adiadas naquela zona eleitoral.

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Depois que os resultados foram anunciados, as várias entidades políticas começaram imediatamente a distribuir a culpa por qualquer inconsistência eleitoral. Em uma das zonas eleitorais, um protesto foi organizado pelo PPP contra o MMQ depois de ameaças do líder desse último, Altaf Hussain. Na zona NA-250 em Karachi, Zahra Shahid Hussain, a vice-presidente do PTI (Partido Teehreek-e-Insaf) na província de Sind, foi assassinada no sábado numa tentativa de roubo. O presidente do PTI, Imran Khan, culpou o MMQ e Altaf Hussain pelo assassinato, já que o líder do MMQ tinha feito ameaças depois do protesto. No domingo, o PTI conseguiu a cadeira na Assembleia Nacional da NA-250 depois de uma nova votação. Não ficou claro se a briga levou a uma maior mobilização dos partidários do PTI, mas isso é mais um exemplo da rivalidade política que está saindo do controle no país.

Espera-se que tudo isso seja apenas parte da transformação do país em um lugar onde o poder é transferido através de meios democráticos não violentos. Enquanto as tensões crescem na região, o Paquistão pode servir como um modelo para os países vizinhos. A evolução no Egito permanece frágil, a Síria desce cada vez mais no caos dia após dia, e o governo do Afeganistão mal consegue controlar a zona rural. Mas se as eleições podem ser realizadas aqui, então podem ser realizadas em qualquer lugar.

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