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Escapando de Bombas com Rebeldes Sírios Amigáveis que Adoram Futebol e Adolf Hitler

Como faz toda manhã, Amir me acorda perguntando se eu gostaria de morrer com ele. “Posso levar você para Damasco, mas não vamos sobreviver."

As fotografias deste artigo são uma mistura de imagens feitas pelos rebeldes sírios desta história e pelo autor na Síria.

Como faz toda manhã, Amir me acorda perguntando se eu gostaria de morrer com ele. “Posso levar você para Damasco, mas não vamos sobreviver. Vamos juntos até Alá, você e eu, como mártires”, ele diz, sorrindo, como se não tivéssemos nada melhor para fazer hoje.

“Esquece, Amir”, eu digo. “Não estou no clima para morrer hoje.” Foi uma noite longa de futebol – Dortmund versus Málaga. Balanço a cabeça e tento chacoalhar o frio e o sono para fora de meu corpo. “Hoje não.”

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Cedo ou tarde, quero ver Damasco. Mas quero ver vivo. Amir tem 22 anos e odeia esperar. Ele também está sempre pensando em coisas para fazer. “Quero mostrar uma coisa para você!”, ele diz, pulando empolgado de um pé para o outro. “Acorda! Acorda!” Uma expedição? Por que não? Qualquer coisa é melhor do que passar o dia inteiro num estado de quase transe sobre um colchão manchado.

É uma manhã fria de abril, mas o sol está brilhando e as árvores frutíferas estão floridas. Por um momento, eu me esqueço de que há uma guerra civil despedaçando o país há dois anos. Uma guerra que já fez cerca de 80 mil mortos. E sem qualquer sinal de que vai acabar tão cedo.

Amir enfia mais algumas balas no carregador da sua AK-47, joga a arma por cima do ombro e entra no carro. Vamos para uma montanha, subindo cada vez mais alto por uma estrada de cascalho. Chegamos acima da linha das árvores. Não há mais nenhum arbusto. Somente um vento gelado que varre as encostas vazias. “Olha lá. É o aeroporto de Damasco. Vamos tomá-lo muito em breve”, diz Amir, com o braço apontado para a neblina no sul. Por mais que eu tente, não consigo ver do que ele está falando.

Nesse momento, um helicóptero surge do nada, pairando acima das nossas cabeças.

***

Fiquei encalhado por uma semana nas proximidades da cidadezinha de Horsh Arab, 35 quilômetros ao norte de Damasco. A cidade é cercada por campos, pomares e montanhas, um cartão-postal idílico a 1.400 metros acima do nível do mar. Divido uma casa de um quarto, numa pequena chácara na periferia da cidade, com cinco muçulmanos do Exército Livre da Síria (ELS). Três deles se chamam Muhammad – uma conveniência, já que sou ruim com nomes. Depois, há o Amir, meu motorista e tradutor, que acha que a guerra civil é um videogame, e Abu Ahmad, o pregador que sabe o Corão de cor e nunca desiste de tentar me converter. Todos eles são veteranos, endurecidos pelas batalhas em Homs, Qusair e Hama.

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Nenhum deles tem mais de 25 anos, mas todos usam o cabelo cortado rente e grossas barbas negras. Eles são garotos legais, não os extremistas intolerantes que eu imaginava. Claro, eles consideram álcool, drogas e sexo uma ofensa. Relação sexual? Só com as esposas, diz Abu Ahmad. Como são solteiros, eles seguem a vida inviolados e frustrados. O que pode explicar por que eles cuidam de seus rifles como se fossem amantes.

Os relatos da mídia sobre a Síria, em geral, chamam a oposição armada do país de “rebeldes”, mas não há um único movimento que possa ser chamado de “os rebeldes”. A rebelião é formada por grupos heterogêneos com objetivos conflitantes e discordâncias internas. Seus combatentes incluem anti-islâmicos, estudantes universitários, advogados, médicos, desertores do exército sírio e filhos de fazendeiros. Jihadis inspiradas direta ou indiretamente na al-Qaeda estão cada vez mais no controle da guerra civil síria, o que fica evidente em movimentos como o Al-Nusra e o Ahrar al-Sham. Mas todos têm uma coisa em comum: querem derrubar Bashar al-Assad. Como vão fazer isso e o que vai acontecer depois, aí há menos unanimidade. Eleições livres ou uma democracia islâmica no modelo turco? Ou, ainda, um califado islâmico com o Corão como constituição e charia? Pode acontecer qualquer uma dessas coisas.

Cheguei aqui usando estradas secundárias na fronteira entre Líbano e Síria, de onde meus contatos me contrabandearam ilegalmente para dentro do país. Meu objetivo era chegar aos subúrbios de Damasco, o centro gravitacional da guerra, onde os rebeldes estavam entrincheirados lutando contra o exército sírio. Quando cheguei, o exército estava apertando o laço, bombardeando os redutos rebeldes ininterruptamente com artilharia e ataques aéreos. Postos de controle móveis bloqueavam cada estrada. Há dias, os rebeldes estavam com todas as rotas de recuo, reforço ou suprimentos cortadas.

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Uma unidade de rebeldes islâmicos concordou em tomar conta de mim e me levar a Damasco, “inshalá” – se Deus quiser. Eu imaginava maníacos enfurecidos empunhando Kalashnikovs. Mas OK, islâmicos. Por que não?

“Você é muçulmano?” um dos Muhammads me pergunta, com o olhar fixo, durante nosso primeiro encontro. Para um crente muçulmano, só tem uma coisa pior que servir a Deus do jeito errado: não acreditar em Deus. Infelizmente, sou ateu. Balancei a cabeça. “Cristão?”, balancei a cabeça de novo. Muhammad fica pensativo, acaricia a própria barba, estreita os olhos e chega muito perto, até eu conseguir sentir o hálito dele em meu rosto. “Você é judeu?”

Engulo seco e consigo coaxar: “Sem religião. Sem Deus.”

De repente, os olhos de todos os presentes se arregalam. “Al-hamdu li-lah!” eles gritam, começando uma discussão que, para mim, soa como se eles discordassem da maneira como a pena de morte se aplica em meu caso. Saio pela porta da sala e fumo um cigarro para acalmar os nervos.

Amir se junta a mim, soprando silenciosamente anéis de fumaça para o céu noturno. Minhas mãos estão tremendo um pouco. A discussão na sala atrás de nós fica cada vez mais alta. Amir, vendo meu olhar preocupado, traduz: “Eles estão discutindo se você prefere carneiro ou frango".

Pergunto a Amir quando ele vai me levar a Damasco. “Bukara, inshalá”, ele responde. Amanhã, se Deus quiser. Mas ele disse isso ontem, e anteontem, e no dia anterior. As estradas e as trilhas usadas pelos rebeldes para chegar a Damasco ainda estão sob controle dos militares. Confrontos estão acontecendo por toda parte. Bombardeios, bloqueios nas estradas. Tentar chegar a Damasco agora seria suicídio. “Eu ficaria feliz em levar você para Damasco a qualquer hora, sem problema”, oferece Amir. “Mas vamos morrer juntos.”

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Por enquanto, estou empacado com cinco estranhos num espaço apertado, observando enquanto eles rezam e acariciam suas armas. Não há água quente e eletricidade durante umas duas horas por dia. Mas não posso reclamar, meus amigos islâmicos tomam conta de mim muito bem, eles cozinham duas refeições por dia e me emprestam suas armas amadas para praticar tiro ao alvo. Eles gostam de atirar em fotos de Bashar al-Assad. Nas horas que sobram, o pregador Abu Ahmad e um dos Muhammads tentam me converter. Ainda assim, o tempo corre.

Um grupo de combatentes aparece para uma reza compartilhada. Outro entrega um carregamento de armas e munição contrabandeadas do Líbano. Em certa ocasião, um homem aparece numa carroça puxada por um jumento carregando uma enorme antena parabólica e, sem muito cerimônia, instala ela no telhado da casa. Claro, é uma amenidade divertida – a internet funciona agora – por outro lado, a antena parabólica, brilhando ao sol, parece uma atração irresistível para os jatos e helicópteros do exército sírio que passam pelas proximidades. O que não parece incomodar Amir, os Muhammads ou Abu Ahmad; Facebook e Skype são diversões bem-vindas numa vida de orações e tiros. Um dia, aparece um caminhão carregado de equipamento médico – Horsh Arab tem sido atacada repetidamente pelo exército, mas a cidade não tem hospital para tratar os feridos. Vez ou outra, o Mo aparece: um sírio-americano do Bronx que se juntou à revolução. Mo tem um plano para a vitória que gira em torno de um engenhoso programa de exercícios exclusivo para os rebeldes. Todos os dias, lá pela hora da ceia, recebemos a visita de Abdul, um policial a serviço do governo sírio que fornece inteligência aos rebeldes.

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Estranhamente, cada visitante tem uma necessidade profunda e urgente de compartilhar seu estranho fascínio por Adolf Hitler, assim que descobrem que sou alemão. “Adolf Hitler, homem forte. Adolf Hitler, um homem muito bom. Ah, alemão? Adolf Hitler. Você gosta de Adolf Hitler?”

Tento dissuadi-los. Não, não. Hitler foi um homem ruim. Muito ruim. Infelizmente, não falo árabe e o debate logo vacila. Comparar Hitler a Assad parece provocar o efeito desejado, mas isso nunca dura muito. “Hitler não era bom?” eles perguntam, com o desapontamento estampado em seus rostos.

Uma noite, enquanto Amir e eu estávamos do lado de fora, fumando sob as estrelas, um bola de fogo corta o céu, rugindo sobre nossas cabeças. “Scud”, diz Amir. Nas últimas semanas, o regime vinha tentando acabar com a força de vontade dos rebeldes com mísseis Scud. Em pé, os mísseis são do tamanho de uma casa. Um único Scud pode destruir um bairro inteiro e a rampa de lançamento dos foguetes fica a alguns quilômetros de nosso esconderijo. Todos os dias, Scuds são lançados em direção às regiões libertadas do norte: Alepo, Azaz, Marea, Deir Ezzor, Idlib. Centenas de pessoas morreram nos ataques.

Nas noites em que a energia é cortada, nós nos enrolamos nos cobertores e sentamos em volta do formo acesso, bebendo chá adoçado e debatendo sobre o futuro da Síria. Aqui também ouço a pergunta que me fazem sempre que venho para a Síria: Como ninguém está nos ajudando? Como o mundo pode ficar parado vendo toda essa matança? Só depois que deixo o país – com a introdução de armas químicas e a confusão com a ONU – é que o Ocidente finalmente ameaça uma intervenção militar na Síria. Mesmo Abu Ahmad, o pregador, deixa seu Corão de lado e se junta à discussão.

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Talvez, eu digo, isso tenha a ver com a imagem negativa que os rebeldes vêm ganhando desde que fanáticos começaram a entrar no país. Estrangeiros lutando por um mundo inflexível, sem áreas cinzas, um mundo estritamente dividido entre “halal” e “haram”, o permitido e o proibido, amigos e inimigos, paraíso e inferno. São radicais islâmicos e salafistas que chegam da Arábia Saudita, Egito ou do Catar para lutar suas próprias guerras santas. Muitos deles têm se unido ao al-Nusra, uma subsidiária iraquiana da al-Qaeda. “Nusra” significa resgate e apoio. Mas os combatentes do al-Nusra sentem somente desprezo por aqueles que discordam de sua interpretação do Corão.

A realidade parece sombria. A Síria se tornou um peão de um jogo entre entidades mais poderosas: um guerra por procuração entre Rússia, China, Irã e Hezbollah de um lado e Europa, EUA, Catar e Turquia de outro. O vácuo de poder tem sido preenchido por radicais com a bagagem cheia de pão, dinheiro e armas. O status deles está eclipsando rapidamente o do pobre e mal equipado ELS. As bandeiras hasteadas em Alepo, Idlib e Raqqa hoje não são mais aquelas do exército rebelde secular, mas a bandeira negra dos islâmicos, com declarações de fé escritas nelas.

Nas zonas libertadas no norte, o Jabhat al-Nusra e o Ahrar al-Sham tomaram a responsabilidade de fornecer as necessidades básicas da população, distribuindo comida, remédios, cobertores e óleo para aquecimento – e, claro, sua visão de mundo, que as pessoas ali têm que aceitar, querendo ou não. No começo de junho, em Alepo, um extremista estrangeiro matou um menino de 15 anos. Seu crime foi insultar o profeta. A sentença foi executada imediatamente, com múltiplos tiros na cabeça, no meio da rua e bem na frente dos pais do garoto. Quem são os mocinhos e quem são os vilões dessa guerra? O presidente Assad recebe ajuda do Irã e do Hezbollah libanês, os extremistas são apoiados pelo Catar e por entidades de caridade islâmicas. Os únicos rebeldes que não recebem ajuda de ninguém, e que agora estão presos nas linhas de frente, são aqueles que começaram a revolução há mais de dois anos: o movimento pró-democracia que buscava igualdade e direitos humanos.

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“Sim, somos islâmicos, porque acreditamos no Islã. Mas rejeitamos o Islã dos extremistas! Essas pessoas são loucas”, diz Abu Ahmad. Depois de alguns momentos, ele acrescenta: “Mas claro, eles são as únicas pessoas que estão nos ajudando”. Cabeças concordam por todos os lados.

“Quero uma Síria onde todos possam viver juntos em paz”, diz Amir. “Sunitas, xiitas, alauitas, curdos, drusos, cristãos. E não queremos trocar Assad por um novo ditador. Não foi por isso que começamos a revolução.”

Os três Muhammads acrescentam “Allahu akbar!”.

Entretanto, por enquanto, embora Deus seja grande, o futebol é maior ainda. Certa tarde, Amir entra na sala com uma expressão empolgado e usando uma camiseta do Barcelona. Mesmo um dos Muhammads trocou sua jalabiya por uma camiseta do Madrid. É terça-feira, Liga dos Campeões, quartas de final. “Você gosta de futebol?”, Amir me pergunta. Concordo com a cabeça. “Ótimo!”, ele grita, batendo palmas. “Real Madrid ou Barcelona?”

“Bayern de Munique”, eu respondo, “ às vezes, Dortmund”.

Amir parece desapontado. “Bom, então acho que hoje vamos assistir Dortmund e amanhã o Bayern. Você é nosso convidado.”

Por minha causa, Amir precisa convencer o dono da TV a assistir ao Dortmund em vez do Madrid, e ele precisa achar um jeito de decriptar o sinal de um canal premium. Também precisamos de um gerador, que encontramos num vilarejo vizinho, mas que só podemos acessar por estradas secundárias, para evitar um posto de controle do exército. “Mafi mushkillah”, diz um dos Muhammads: Sem problema. Os outros fazem um coro de “Allahu akbar”, e cinco homens usando camisas de futebol se espremem num carro, levando junto seus Corões e AKs-47. Quando apareço com o meu colete à prova de balas, os cinco têm um ataque de riso e apontam para o céu. Isso significa que Alá me protege. Depois aceleramos, com os faróis desligados, pelo meio da noite.

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Vinte minutos depois, estamos sentados na sala da casa de um amigo e comandante dos rebeldes. A sala está lotada de torcedores do Málaga, fumando um cigarro atrás do outro. A bandeira da revolução está pendurada na parede: verde, branco e preto com três estrelas. Em vez de cerveja, eles tomam chá; em vez de “olé”, eles entoam uma oração. Alguns combatentes feridos estão deitados num colchão. Um deles levanta a camisa, mostrando com orgulho a ferida causada por um franco-atirador. A bala passou direto. Nesse meio tempo, ele tem a oportunidade de rezar. Os gols são comemorados com gritos de “Allahu akbar!”.

***

O posto de controle do governo sírio visto do topo da montanha, logo antes do helicóptero aparecer.

Na manhã seguinte, Amir me leva até o topo da montanha e é lá que o helicóptero aparece, voando sobre nós como uma vespa enfurecida.

Fico parado, como um túmulo solitário no pico da montanha, a cabeça esticada para trás. Ataques aéreos são uma ameaça constante na Síria. O piloto do helicóptero parece estar fazendo um voo de reconhecimento. Ele vem devagar, nos observando. Somos alvos lentos e não há onde se esconder no topo da montanha. O que não parece perturbar Amir e Muhammad. Eles pulam em círculo, louvando Alá e apontando seus rifles para o helicóptero. Enquanto a aeronave se afasta lentamente, eles gritam que Assad é uma mula.

“Parem com isso!”, eu digo, profundamente irritado, colocando meu colete à prova de balas.

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“Você ficou com medo, Sahafi?”, pergunta Amir.

“Claro, porra!”, respondo.

“Não precisa ter medo. Ou Deus vai nos proteger ou vamos entrar no paraíso juntos, como mártires.”

Lembro a ele que não sou muçulmano, que quero ver o próximo jogo das quartas de final e que minha versão do paraíso fica bem aqui na Terra.

Amir reconhece meu direito a ter uma opinião, em seguida, voltamos para Horsh Arab. Ele quer visitar uma família amiga e, enquanto estamos no jardim da frente tomando café, a primeira bomba cai. Ela corta o ar com um assovio e cai muito perto. Depois outra, e outra. Em pânico, derrubo café em minhas calças. Mulheres de olhos arregalados fogem de suas casas, arrastando crianças chorando para se abrigar no subsolo da mesquita. A disposição de Amir para ser catapultado direto para o céu se esvai a cada explosão sucessiva. “Alá!”, ele grita enquanto corremos para uma barbearia do outro lado da rua. Eu me espremo no pequeno banheiro da loja com mais três homens enquanto o mundo lá fora parece estar acabando.

As explosões se aproximam e os intervalos são cada vez mais curtos. Um morteiro atinge a casa vizinha, e pedaços de concreto e uma nuvem de poeira atravessam a porta aberta. Tossimos, agarrando um ao outro para manter o equilíbrio e nos encolhendo a cada detonação. Assovio. Bum. Assovio. Bum. Cinco, seis, sete morteiros a uns 15 metros de distância. A parede da barbearia treme, meus joelhos também. Pensamentos estranhos passam por minha cabeça: Fico aqui ou saio? Raios atingem duas vezes o mesmo lugar? Este é o lugar mais seguro para se estar? Onde caiu o último projétil? Será que eles vêm em ondas? Deliberações absurdas, pseudorracionais, saturadas com o medo de não ver outro dia.

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De repente, tudo fica em silêncio. A mão de Amir surge aparentemente do nada, me agarra pelo braço e me puxa do banheiro para o carro. Hora de ir. Aceleramos para fora da cidade, ouvindo atrás de nós o recomeço do bombardeio do exército sírio a Horsh Arab. Procuramos abrigo num galpão fora da cidade. O ataque dura uma hora. Milagrosamente, nenhum de nós se machucou. “Al-hamdu li-lah”, diz Amir, fazendo uma prece em direção ao céu.

À noite, o Bayern massacra o Barcelona. Depois da transmissão, Amir zapeia pelas notícias da TV estatal síria. Vemos imagens sangrentas de pessoas mutiladas e mortas, principalmente jovens. Muitos têm as mãos amarradas nas costas. Casas destruídas. Soldados festejando. A narração explica que hoje, as gloriosas forças sírias mataram muitos terroristas em Horsh Arab. Então, o gerador fica sem combustível.

Dois dias depois, desisto de chegar a Damasco. Há rumores de que o Hezbollah está mandando combatentes do Líbano para a guerra. Fala-se em bloqueio nas entradas. Se eu esperar mais, minha rota de fuga pode ser bloqueada. Então eu dou o fora.

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