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Música

Discos: Kyoka

Capaz de fazer inveja à Ana Malhoa.

Is (Is Superpowered)

Raster-Noton

Is (Is Superpowered)

, o primeiro álbum da Raster-Noton a ser encabeçado por uma mulher (a japonesa Kyoka), marca o culminar de um período em que a editora alemã procurou, a todo o custo, funcionar de mente aberta. Nem sequer parece que a Raster-Noton tenha tomado esta opção à procura de crédito ou validação política, mas é inegável o efeito desequilibrador, que tem uma senhora ao invadir um catálogo essencialmente feito de nerds da música techno e glitch (com mangueira). E, lá está, o efeito feminino de Kyoka entra em cena precisamente depois de uma série de anos em que a Raster-Noton tentou romper com o estigma do produtor sério (introvertido, inteligente e indecifrável) e abraçar linguagens que atingem mais directamente as pessoas (como é o caso do hip-hop e do electro).

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De resto, o arrojo que há numa estreia intitulada

Is (Is Superpowered)

 é inteiramente justificado, já que Kyoka apresenta-se em disco como a super-heroína que encontra soluções para tudo. Do cinto ultra-equipado da japonesa saem loops de voz bem chula, estilhaços de rave, um par de granadas electro e éramos capazes de jurar que há um cheirinho de kuduro mutante em “Meander”. Maravilhoso é reparar como todas estas armas encontram o seu lugar e utilidade num fluxo musical perfeitamente eficaz e dançável (capaz de fazer inveja à Ana Malhoa que há muito deseja um disco

Super-turbinado

). Se a isso ainda acrescentarmos o baixo de Mike Watt (ele mesmo) em três faixas e a voz de Lone Ranger numa outra, o mais certo é que vocês nem acreditem no que vos digo. Mas acreditem: o todo glorioso

Is (Is Superpowered)

está aí para fazer abanar o rabo e despertar gente para a nova era louca da Raster-Noton.