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Música

Discos: Painted Palms

Livram-se, por pouco, do vómito.

Forever

Polyvinyl

Numa altura em que não existe nada mais fácil do que encher discos de guitarras repletas de fuzz e colocar um bonito rótulo de revivalismo psicadélico no que ali se ouve, este longa-duração de estreia dos norte-americanos Painted Palms luta pelo seu lugar ao sol numa tentativa de afirmação junto a uma oferta que já é algo (demasiado?) alargada. E, a espaços, obtém um sucesso moderado: facilmente encontramos boas canções, como o são Hypnotic ou Spinning Signs, ilustrando um pop psicadélico simpático e fácil de ouvir que deambulam em melodias caleidoscópias que nos ficam no ouvido, mas que ao mesmo tempo nos deixam a ligeira sensação de "onde é que já ouvi isto?".

É, portanto, quando se arriscam a tomar uma forma pop mais descarada que os Painted Palms são mais felizes, já que quando fogem a este conceito — fazem-no essencialmente na segunda metade do disco — confrontam-nos com canções mornas, que pouco acrescentam à fórmula que tanto homenageiam e se tornam absolutamente indiferentes — e a indiferença não traz nada de bom. Isto faz com que, no seu todo,

Forever

não passe de um disco inconsequente: existem aqui boas ideias e execução, mas sempre com um receio pendente em arriscar um pouco mais e em dar asas a toda a experimentação, como se houvesse um medo constante de cometer um qualquer sacrilégio ao seu idolatrado santuário do Revolver ou dos Animal Collective. Desta inépcia vêm momentos chatos e forçados que quase se sobrepõem ao que de bom o disco traz, e que por pouco se livram de levar com outra cara ali em cima.