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Música

Discos: The Iditarod

Instrumentos em grande parte acústicos e nada acanhados na recuperação do marasmo psicadélico das décadas de 60 e 70.

Foxfur and Rarebits

Morc Tapes

Por maior que fosse o barulho provocado pela

freak folk

, quando há dez anos os ouvidos se viraram para os discos de Devendra Banhart e Joanna Newson, esse fenómeno não chegou para iluminar o nome de alguns dos seus operários mais compenetrados. No caso da dupla The Iditarod, quase apetece dizer que surgiram demasiado cedo para apanhar um comboio que, na hora de partida, rapidamente lotou com os rostos jovens que estavam mais a jeito (porque é assim que funcionam os

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hypes

). Ainda assim não há como ignorar o facto de Jeffrey Alexander (multi-instrumentista e principal compositor de The Iditarod) se ter antecipado, em quase dez anos, a quase tudo o que haveria de definir o perfil da

freak folk

: nomeadamente a sua tendência para acompanhar vozes estranhas e líricas, com instrumentos em grande parte acústicos e nada acanhados na recuperação do marasmo psicadélico das décadas de 60 e 70.

A volta de avanço de que os Iditarod dispunham sobre a questionável

freak folk

 é constatável na compilação

Foxfur and Rarebits

, que reúne temas gravados entre 2000 e 2003 (precisamente antes do estrondo das longas barbas e das meninas com harpas). A corajosa iniciativa de lançar este disco, numa altura em que o género é totalmente démodé, parte de uma Morc Records, que mantém-se firme no papel de principal protectora desta dupla norte-americana algo esquecida. Quando estamos limitados a apenas sete faixas, é difícil determinar se os Iditarod merecem ou não a revisão de que são alvo, mas, para todos os efeitos,

Foxfur and Rarebits

 é um objecto muito mais coeso do que a maioria das compilações de raridades. A voz de Carin Wagner, apesar de nem sempre ser a mais cativante, contém a intimidade e o inexplicável que nos atraiu até figuras como Vashti Bunyan e Linda Perhacs. O restante imaginário é preenchido por um muito diverso manancial de instrumentos tocados por Jeffrey Alexander (que, com significante sucesso em “Sparrow”, arrisca rebobinar a gravação de uma guitarra, tal como John Frusciante fez mil vezes). E é assim que se dá forma a uma peça que faltava no puzzle da

freak folk

.