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Tecnologia

IMPRINTS: 1080p

A série Imprints traz regularmente perfis dos selos mais saborosos do mundo afora, e nesta edição conversamos com Richard MacFarlane, que reina supremo no selo 1080p e é reverenciado pela sua estética e seu faro pra encontrar talentos nos lugares mais...
Foto por Andrew.

A série Imprints traz regularmente perfis dos selos mais saborosos do mundo afora com pareceres de quem faz e acontece e nas cenas locais de música eletrônica.

Fundação: Junho de 2013
Local: Vancouver, Colúmbia Britânica  
Membros:  1
Artistas: 18
Número de Lançamentos: 18
Na webz: Twitter, Facebook, SoundCloud, Site

Se o seu caminho para a credibilidade como um músico não envolve soquinhos no ar e derreter a cara das pessoas em festivais, então escuta aqui porque o 1080p é o selo de Vancouver que você já já vai querer acompanhar religiosamente. Comandado unicamente por Richard MacFarlane, o 1080p é reverenciado nos pequenos círculos locais por seu afinco com a estética, sua abordagem relax com o marketing e seu faro pra encontrar talento nos lugares mais inóspitos possíveis. Conversamos com Richard recentemente pra conhecermos melhor o seu projeto.

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Qual é o lance?
1080p é um selo que toco por minha conta aqui em Vancouver, na Colúmbia Britânica, há um ano e tal. Tenho feito lançamentos físicos digitalmente e em cassetes através da Seed Distribution. Os lançamentos são do mundo todo apesar do foco ser em gente da área.

De onde vem o nome 1080p?
O nome era pra ser meio besta e vago em vez de uma piada específica com a ironia de um selo que lança cassetes em alta definição. Estava fazendo um trabalho de fim de ano pra Nintendo, testando um demo do novo console do Wii num shopping enorme no subúrbio e meu supervisor ficou impressionado com a compatibilidade de 1080p entre o console e os monitores que estavam sendo usados. Ele era um cara bacana que usava um chapéu fedora e englobava as histerias óbvias com HD e clareza digital e eu achava aquilo engraçado e um indicativo da minha experiência atual. Não quis colocar o foco na ironia disso, mas mais na ideia de alguém ficar chapado com tecnologia.

Como você descreveria o som do selo?
Tento me focar numa variedade razoável de gêneros, mas o som que a 1080p busca pode ser definido de maneira ampla como eletrônica experimental. Há geralmente uma ênfase em combinar vários gêneros em um único som híbrido num lançamento, investigando às vezes misturas improváveis de significados e tons que acabam caindo na dance music mas são talvez mais comuns dentro do cenário DIY (ou DIY digital).

Foto por Andrew.

Qual lançamento você recomenda pra introduzir a 1080p a um ouvinte?
Acho que a fita mais recente do LNRDCROY é bastante acessível e um indicativo de diversas características do selo, apesar de ser muito "purista" na sua abordagem do que a maioria das outras coisas da 1080 em termos de gênero. Ele olha pro passado com um conhecimento intenso de techno dos anos 1990 e clássicos eufóricos pra levantar a poeira do seu ambiente com uma atmosfera mais sólida.

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Quais são algumas de suas faixas favoritas?
Dirigi até Deep Cove na Colúmbia Britânica há uns finais de semana com alguns amigos pra comer caranguejos e ouvimos "I Met You On BC Ferries" do LNRDCROY que eu acho uma das coisas mais bonitas que ouvi nos últimos tempos -- é super romântica e soa exatamente como a paisagem de Vancouver pra mim. Também tenho escutado muito a "Tranq Moon" da D. Tiffany's, um experimento esquisitíssimo de techno da minha amiga Sophie Sweetland (de Vancouver) que foi pra Nelson e compôs essa eletrônica solta e lo-tech. Devo dizer que dei uma choradinha quando Max McFerren me mandou o vídeo novo do seu projeto MCFERRDOG; foi um prazer trabalhar com ele. Mas acho estranho escolher favoritos, adoro todo mundo.

Foto por Andrew.

Como você escolhe os artistas com quem trabalha?
Passo muito tempo na internet e desenvolvi relacionamentos significativos nos últimos anos. Então há as relações que já existem e há o acompanhamento de tudo vai acontecendo em diferentes partes do mundo através do Soundcloud, Tumblr e várias plataformas sociais. Por exemplo, estava batendo um papo com um amigo da Nova Zelândia que faz bastante techno em casa e decidimos lançar um som. E também um outro amigo artista que eu tinha lançado entrou em contato, e eu admiro o trabalho dele há muito tempo, isso foi bem massa.

Qual é o próximo lançamento da 1080p? Com quanto tempo de antecedência você planeja os lançamentos?
Normalmente com bastante antecedência, inclusive a agenda de lançamentos está fechada até dezembro. Sou bem impaciente, então eu tento lançar as coisas o quanto antes, mas as fitas às vezes podem demorar pra ficar prontas, e o calendário está tão cheio que leva um tempo entre receber um disco e depois lançá-lo. Isso provavelmente nem é muito tempo em comparação com as grandes gravadoras, mas, ainda assim, é muito tempo pra mim.

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O próximo lançamento é o Khotin de Edmont, um híbrido sonhador de house muito bom. Depois uma colaboração entre Perfume Advert (do Reino Unido) e M/M (de NY), que eu já lancei antes separadamente. O disco novo deles vai se chamar ATM e é nublado mas focado no ritmo. E depois um som malucaço multirrítmico de um conhecido meu da Austrália chamado Tlaotlon.

O que você procura numa demo?
Tive bastante sorte em receber demos de pessoas que eu já tinha uma relação online ou na vida real, ou com quem correspondia pra falar sobre suas músicas no passado. Há normalmente um entendimento mútuo sobre o que é certo pro selo; qualquer coisa na linha do gênero ou explorações musicais interessadas em pós-ironia e sinceridade. Coisas que têm consciência de si mesmas, mas que também procuram esperançosamente conseguir um espaço óbvio numa pista de dança ou o contrário. Fiquei muito interessado em música americana DIY há uns anos através de selos como Not Not Fun, Siltbreeze, Olde English Spelling Bee, na época em que contribuí com o blog Altered Zones, que já informou bastante a 1080p.

Foto por Andrew.

Quão importante é o design das capas nos seus lançamentos?
É importante pra mim de algumas maneiras: é uma das principais maneiras que as pessoas interagem com um disco (ou seja, vendo-o online) e, na medida que o selo é tão digital quanto físico, é crucial ter uma arte que fala sobre o disco e sugere a sua atmosfera. Gosto de manter as coisas variadas no âmbito visual o máximo possível, e me afastar das ideias de templates básicos que alguns selos usam, que é também paralelo ao que eu faço na curadoria: de forma solta e ampla, com esperança, mas dentro do âmbito geral da estética do selo.

Quais são alguns dos desafios que você encontra no cotidiano?
O único desafio é não ter tempo suficiente, me sinto muito culpado por passar tanto tempo cuidado do selo porque estou no meio do caminho de um intenso curso de Desenvolvimento de Web e New Media Design no BCIT aqui em Vancouver. Sempre corro pra responder às coisas relacionadas ao selo quando estou em aulas ou em casa enquanto deveria estar aprendendo PHP, mas às vezes os elementos do design se cruzam com as coisas da 1080p.

Qual é o próximo passo pra 1080p?
Planejo continuar com os lançamentos bi-semanais em cassete e digital pelo resto do ano e então ver o que acontece; anda tudo bem divertido e eu acho que, pra mim, pelo menos, há alguma coesão na produção, espero que capturando alguma coisa de uma mistura entre o que está acontecendo em vários lugares do mundo e na internet agora. Não parece ser o tipo de coisa que vai durar pra sempre e eu sou muito disperso, então provavelmente vou ver o que acontece no próximo ano.

Foto por Andrew.

Tradução: Mariana Rezende