Dizem eles que a parte mais difícil foi escolher um nome. Guardam ainda com carinho a lista de cerca dos 40 resultantes de um brainstorming que fizeram numa noite que envolveu jantar, boa disposição e bastante álcool e muitos bolinhos de bacalhau. O nome mais consensual na altura foi “Guimarães Abre a Porta”, mas não convencia ninguém. Até que Diana Cardoso — um dos membros da organização — ao chegar a casa, teve uma epifania enquanto batia à porta. “Guimarães noc noc”, mandou ela por SMS ao resto da malta — que à medida que a noite avançava, começava a perder o bom senso e a mandar postas de pescada que fariam corar até objectos inanimados — que aceitou, em uníssono, a proposta com mais um brinde.
Hoje têm vergonha de confessar quais foram os outros 39 nomes, mas prometem um dia tornar a lista pública. E fugir para o Brasil a seguir.
Quem é de Guimarães não precisa de apresentações ao evento. Para os que não são, deixem-me pôr as coisas nestes termos: é uma cena das artes. De acordo com o colectivo Ó da Casa é uma “mostra artística informal, que usa espaços não institucionais como espaço de exposição e é aberto a todos”. Este ano decorre nos dias 5, 6 e 7 de Outubro e traz novidades. Para além de esticarem o evento para três dias (começa na sexta), o evento conta com uma participação muito especial. “Vai ser de ficar de olhos em bico”, isto pode querer dizer muita coisa — tipo tentar ver pornografia em canais codificados, é de ficar de olhos em bico —, mas o colectivo diz que não pode adiantar mais nada. Aconselham apenas ao pessoal a perder a vergonha de participar, porque se houve arrependidos no ano passado, se repetirem o erro este ano, nunca mais vão recuperar.
Podes ir descalço para o "Guimarães noc noc"!
E também podes pintar/riscar gajas de biquini.
Já agora, o Ó da Casa foi criado para organizar o “Guimarães noc noc”: “Julgávamos que podíamos fazer um evento informal, sem nos burocratizarmos, mas tivemos de criar a associação para ultrapassar algumas questões práticas. O nome foi outro filme, mas desta vez tentámos descomplicar e pensámos ‘o que vem depois do noc noc?’ Ó da Casa!!”.
E a seguir a isso vem o quê? O “quem é?”. (E esta foi a piada seca do dia.)
Segundo o colectivo Ó da Casa — que desde o “G noc noc” passado se foi envolvendo em outros projectos — o que vem a seguir é o “Guimarães noc noc 2”. As inscrições já estão abertas por isso despachem-se. Este ano promete ser maior, com mais gente, e mais festa, até pelas razões óbvias: “Estamos em 2012 — Capital da Cultura — , pelo que dizem o mundo só acaba lá para Dezembro, por isso este ano vai ser de arromba”, dizem eles. Em bom vimaranense, pode dizer-se que o “Guimarães noc noc” vai dar alta gróia este ano.
Vai haver música.
Portanto já sabem, se engoliste arte demais quando eras pequenino e agora tens de a deitar cá para fora, podes mostrar o teu trabalho na Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, basta clicares aqui e fazeres-te à vida. Tens até dia 15 de Agosto. É aberto a todos os que têm trabalho artístico, não há cá curadorias e se por acaso não conheceres ninguém em Guimarães que te empreste uma casa de banho, um hall de entrada ou um vão de escadas para pendurares as tuas artistices, não te preocupes! Deixa na rua, ninguém te vai roubar as cenas: “A rua também é uma das opções. O mais importante é ser criativo e nós tentamos sempre arranjar espaço ao pessoal que não é de cá ou que não tem espaço cá para abrir.”
"Eu sempre quis ser artista!"
Agora já não tens a desculpa de que não és rico nem conheces ninguém importante, inscreve-te e mostra o teu trabalho, se falhares, podes sempre voltar para aquele curso de engenharia que os teus pais queriam que acabasses.
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