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Música

Discos: Sequin

Sequin e a sua aparente facilidade em trazer-nos bonitas canções electrónicas.

Penelope

Lovers & Lollypops

Depois de meter toda a gente a abanar a anca como se não houvesse amanhã com um dos singles mais apetecíveis da rádio nos últimos tempos — falo-vos, claro, de "Beijing" — e de bonitos concertos dados um pouco por esse Portugal fora (um dos quais na

última edição do Mexefest

), já ousávamos pedir mais da Sequin. Pois bem, esse "mais" concretizou-se agora em

Penelope

, disco de estreia do alter-ego de Ana Miró com o selo da Lovers & Lollypops e com a produção de Luís Clara Gomes

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aka

 Moullinex.

Se o supracitado single nos ensinava que Sequin percebia à brava de melodias electro-pop doces e carismáticas, Penelope confirma-nos isso mesmo e ainda nos diz que, afinal, existem

hypes

 nos quais vale a pena acreditar. É um disco de estreia sem medo de o ser, assumindo com toda a naturalidade e sem receios o universo de sintetizadores que se propõe a abraçar, funcionando como que se de um

melting pot

 da electrónica se tratasse. Começa em grande com uma das melhores canções do disco, "Meth Monster", imbuída de um enorme misticismo e sentido de sedução que, aliás, voltamos a encontrar em malhas como "Mercúrio". Se "Beijing" já afirmava todas as capacidades de Sequin em criar

hooks

 infalíveis para repetirmos

ad eternum

 nas nossas cabeças, então o que dizer de "Heart to Feed", dotada de um refrão tão memorável como só os melhores singles o conseguem fazer?

Penelope

 conta com um total de dez faixas, entre as quais ainda há espaço para picar uma electrónica extremamente — e agradavelmente — dançante (em "Flamingo") ou melodias mais suaves e carinhosas ("Origami Boy"), perdendo apenas um pouco o seu ímpeto num par de temas da segunda metade do disco.

Nada de grave porque, como disco de estreia, Penelope baseou-se naquilo que já conhecíamos da música de Sequin e a sua aparente facilidade em trazer-nos bonitas canções electrónicas, expandindo-as para diversas abordagens e nuances, sempre com uma identidade muito forte. Não obstante a sua premissa ser simples — a voz, os sintetizadores e os beats compõem integralmente o disco — é quase impossível encontrar aqui canções que não nos digam algo e fiquem no ouvido durante dias. Aguardamos o que ainda está para vir com bons olhos/ouvidos, sabendo que também há espaço para prosseguir esta afirmação. As origens, essas, deixaram-nos uma óptima impressão em Penelope.