O que as celebs do Prêmio Sexy Hot 2018 pensam sobre política
Todas as fotos por Larissa Zaidan / VICE Brasil

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Porno

O que as celebs do Prêmio Sexy Hot 2018 pensam sobre política

Não é por ser o 'Oscar do Pornô' que não iríamos falar de política também.

Na quinta edição do Prêmio Sexy Hot, que rolou na última terça (9), Leo Jaime novamente esteve no comando da cerimônia – que teve seus altos e baixos, muito por conta das piadas de tiozão do pavê que quase ninguém deu moral. MC Fernandinho e Juninho, filhos de Mr. Catra, subiram ao palco para apresentar a categoria Melhor Diretor e receberam as homenagens ao pai. Há exato um mês do prêmio, no dia 9 de setembro, Catra morreu devido às complicações em função do tratamento de um câncer no intestino. A funkeira Tati Quebra Barraco também foi convocada para apresentar o prêmio de Melhor Cena de Orgia / Gang Bang. Leandro Ramos, o Julinho da Van no Choque de Cultura, apresentou o prêmio de Melhor Ator Hétero. Mila Spook ganhou a categoria "Melhor Diretor", prêmio entregue pela primeira vez a uma mulher.

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De quebra, teve quem gritou um #EleNão ao vivaço, como fez Nego Catra – que levou como Melhor Ator Hétero, fez referência aos Panteras Negras e ao movimento negro. Em seu discurso, enfatizou a importância de um ator negro ganhar esse prêmio e contou também como o pornô o ajudou a ter mais respeito a si mesmo enquanto homem preto. Quem também mandou um #EleNão foi Emme White, que recebeu os prêmios de Melhor Cena Anal e Melhor Cena Oral pelo segundo ano consecutivo. Emme celebrou pois, na cena, é ela quem recebe o sexo oral – já que tradicionalmente são cenas de boquete que acabam ganhando. Além desses dois destaques, ela também abocanhou a categoria Melhor Cena Homo Feminino.

O prêmio Sexy Hot vem engatinhando em relação às indicações de produções LGBT. Lá na primeira edição, a organização foi criticada por não ter categorias voltada à comunidade, e em 2016, criou esses novos espaços. Esse ano, quatro categorias do segmento ficaram de fora por não atingir o contingente de inscritos, justificou a organização, que deu um prêmio de participação às produtoras luz vermelha.tv e Hot Boys, que se inscreveram.

Já que a política nacional está borbulhando e ninguém consegue falar em outra coisa, trocamos uma ideia com apresentadores e vencedores da noite sobre o papel das mulheres na produção de conteúdo adulto, Alexandre Frota eleito e se Jair Bolsonaro pode ameaçar o mercado pornográfico, caso comande o país. Saca só:

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Emme abocanhou três prêmios: Melhor Cena Oral, Cena Anal e Cena Homo Feminina. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Emme White, atriz pornô e camgirl

VICE: Emme, novamente você é uma das grandes premiadas da noite. Como é sua relação de amor com a pornografia?
Emme White: O pornô significa a minha libertação, dar a cara a tapa mesmo, a hipocrisia da sociedade, tacar um foda-se. Mostrar que eu não tenho vergonha de ser quem eu sou. Sexo é ótimo.

Como você enxerga a premiação escolher duas diretoras para concorrer ao prêmio de Melhor Diretor e uma delas ganhar?
Eu acho um orgulho e é muito bom que tenham mais mulheres como diretoras. É um olhar diferente, mais detalhes, cuidado, é um outro olhar. Muita mulher gosta de pornô e não se vê representada ali, com mulheres como diretoras, de repente, elas têm mais interesse. Mulher quando faz, faz com gosto.

Você acha que esse amor está ameaçado com Jair Bolsonaro na presidência?
Eu tenho muito receio mais pelas pessoas que se veem representadas por eles e que o Bolsonaro parece dar liberdade a essas pessoas. Sou #EleNão total e espero que [ele] não ganhe.

Pat fez a rapa em todos que concorria: Melhor Atriz Homo, Cena Ménage e Orgia/Gang Bang. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Patricia Kimberly, atriz pornô

VICE: Pat, como é seu amor com a pornografia?
Patricia Kimberly: Estou há 12 anos no pornô. Meu amor veio logo na primeira metida, primeira cena e primeira gozada. Ver o público com tesão com o meu trabalho aumentou meu amor pelo pornô.

Como é concorrer a três prêmios e levar todos?
Estou muito feliz por isso. Quero dedicar principalmente o Prêmio de Atriz Homo às minhas fãs mulheres.

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Você acha que o pornô está ameaçado com o Bolsonaro sendo presidente?
Prefiro não comentar.

No palco para receber Melhor Ator Hetero, Nego Catra saudou as mulheres, os LGBTs e mandou um #EleNão. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Nego Catra, ator pornô

VICE: Nego Catra, qual é sua relação de amor com o pornô?
Nego Catra: É muito forte, através da pornografia eu consegui ter amor a galera LGBT. Eu aprendi a respeitar as mulheres trans, os gays. Respeitar também a galera bi. Era muito machista e através da indústria eu aprendi a ser homem de verdade e passar isso a outros homens.

Como você enxerga o futuro do pornô com Bolsonaro no poder?
Sinceramente, posso te falar uma coisa? Primeiramente, boa noite, #EleNão. A galera está catando papel na rua e votando sem saber quem é. A galera precisa aprender politicamente mais sobre o país que a gente vive.

Eleito deputado Federal por São Paulo nas eleições 2018, você acha que o Alexandre Frota trabalhará pautas para a industria da pornografia?
Ele vai ter que mostrar ao que veio. Não adianta ele meter o fodão, ele vai ter que estudar os projetos dele verdadeiramente e saber o que vai fazer para a comunidade.

A atriz Mia Linz levou o prêmio de Melhor Cena Fetiche. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Mia Linz, atriz pornô e camgirl

VICE: Mia, me fala sobre sua relação de amor com a pornografia.
Mia Linz: Entrei no pornô justamente por amar pornô. Eu sempre assisti, desde os meus 17 anos. E hoje em dia, eles estão explorando um lado muito legal do pornô para mulheres, atraindo um público muito acanhado e agora elas têm e podem [ter acesso].

E as mulheres na produção, como você enxerga?
Eu acho muito legal, até porque eu produzo conteúdos para mim mesma. Vendem em outros sites, sites de fora. As mulheres estão tomando mais controle da pornografia.

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E com o Bolsonaro no poder, o amor pelo pornô está ameaçado?
Acho que não. Se fosse assim, nos EUA o Trump também teria ameaçado o pornô por lá. Eu acho que isso não interfere. Ele tem muito mais coisas para se preocupar do que com o pornô.

A atriz Pocahontas foi prestigiar a amiga Dreadhot. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Pocahontas, atriz pornô e cam girl

VICE: Pocahontas, você têm uma relação de amor com o pornô?
Pocahontas: É um ar de liberdade, depois que eu entrei no pornô, mudou a minha vida. Eu encaro o pornô como arte. Meu amor por pornô não tem explicação, foi onde eu me descobri, meu corpo, tudo.

E esse amor está ameaçado com Bolsonaro no poder?
Está meio ameaçado, mas acho que a união faz a força. Por mais que tenha o preconceito e esteja meio balanceado com toda essa bagunça, a gente pode mudar isso. Somos mais forte do que ele.

Marcia Imperator Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Marcia Imperator, ex-atriz pornô

VICE: Marcia, você ainda tem uma relação de amor com a pornografia?
Marcia Imperator: Pornografia a gente faz todo dia e a única relação de amor com a pornografia é quando estamos em quatro paredes, com a pessoa que gostamos e fazendo da maneira que gostamos. Entre quatro paredes vale tudo.

Você acha que o agora deputado eleito Alexandre Frota irá valorizar a industria do pornô na Câmara Federal?
Bom, como ele está defendendo a moral e os bons costumes, eu acho que ele não irá mexer nessa questão. Mas eu também não posso afirmar. Eu não conheço o plano de governo dele. Ele trazendo essa questão ou não, eu espero que ele faça um bom trabalho. Se ele tiver um pouquinho de consciência de que já ganhou dinheiro com isso, e ver a classe ameaçada, ele tem o dever de defender.

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A atriz carioca Giovana não concorreu este ano, mas foi aproveitar a festa. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Giovana Bombom, atriz pornô

VICE: Giovana, como é teu amor pela pornografia?
Giovana Bombom: Eu faço porque eu amo o que eu faço. Não faço pelo cachê, porque se fosse eu nem faria.

Qual a importância de mulheres negras no pornô?
Tem que ter muito mais mulher preta no pornô. Como mulher, não como carne, porque não somos carne.

O mercado do pornô pode ser prejudicado com Bolsonaro assumindo a presidência?
Eu acho que não, o sexo vem de muito tempo e já aconteceu tanta coisa no mundo. É uma coisa que não tem como morrer, não pode. Bolsonaro fode, ele não tem que fazer nada contra. Todo mundo fode, é a única coisa de bom que temos de graça. Não pode.

Indyara também não estava concorrendo na premiação, mas foi formar coro às colegas indicadas. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Indyara Dourado, atriz pornô

VICE: Indyara, queria saber a sua relação de amor com a pornografia.
Indyara Dourado: Tem um ano que estou no pornô. E desde já eu me apaixonei pelo mundo. Pela forma como sou tratada, pelo desejo dos homens, estou recente mas já amo muito. Eu não assistia e nunca me imaginei. A partir da minha primeira cena, logo me apaixonei.

Como você entende a importância da mulher negra na pornografia?
São poucas, são bem limitadas. Me sinto muito vangloriada por ser uma mulher delas. É bem raro, [ainda] rola o preconceito.

Bolsonaro no poder pode prejudicar a indústria?
Acho que pode sim, ele é bem duvidoso, as coisas que ele fala e faz. Ele me preocupa em tudo.

Tony colou duas vezes no palco para pegar o troféu por Melhor Cena de Dupla Penetração e Orgia/Gang Bang. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Tony Tigrão, ator pornô

Tony, qual a sua relação de amor com o pornô?
Tony Tigrão: Ah, é tudo. São 20 anos. Quando eu vi meu primeiro filme, tinha uns 16 anos e me vi lá dentro já. Falei: "já sei o que eu vou querer ser. Ator pornô, jogador de futebol ou músico".

Como é trabalhar com mulheres no comando?
Eu acho muito legal o que a May [Medeiros] falou, que muitos acham que por trabalhamos como atrizes, atores, não somos capazes de transformar o trabalho para agradar o público. A May como atriz provou que somos capazes. E estou achando muito legal que há 20 anos fazíamos filme hétero para o público de homens e hoje em dia fazemos filme para as mulheres. Acho muito bacana isso.

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A indústria do pornô pode sofrer alguma censura com o Bolsonaro eleito?
[Ainda] temos o segundo turno e [os candidatos] são totalmente um oposto do outro. Tem que mudar muitas coisas. Que esse novo presidente consiga tirar o que não é legal e deixar as coisas que são legais. Acabar com a pirataria para todo mundo poder ganhar de uma forma digna. E reconhecer melhor os direitos, onde todo mundo saia satisfeito.

Leandro entregou o prêmio de Melhor Ator Hétero ao Negro Catra. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Leandro Ramos, ator, diretor e roteirista

VICE: Leandro, você tem um caso de amor com a pornografia?
Leandro Ramos: A pornografia foi a minha namorada dos 13 aos 20 anos de idade. A gente teve um namoro muito firme.

A premiação vem valorizando a cada ano a cena LGBT. Como você percebe esse apoio?
Antigamente era meio abandonado, produções muito baratas, mas é uma galera que consome, tem um público ativo economicamente e tem que fazer para ela. Com o cuidado de não cair naquele perigo de não explorar. Todo mundo precisa ser representado em todos os lugares.

O pornô está ameaçado com o Bolsonaro no poder?
Acho que não. Essas pessoas, eu não sei do Bolsonaro, não quero falar dele porque não quero ser processado, mas essas pessoas reativas a algumas coisas, sempre têm um desejo obscuro, escondido. Não que seja o caso do Bolsonaro, mas eu sempre tenho o pé atrás com pessoas muito reativas, homofóbicas. Acho que sempre tem um desejo mal resolvido.

Tati apresentou o prêmio de Melhor Cena Orgia / Gang Bang. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Tati Quebra Barraco, cantora

VICE: Tati, você tem amor pela pornografia?
Tati Quebra-barraco: Eu não sou muito de ver, hoje eu tenho curiosidade. Aqueles que falam que não querem ver, mas tem uma hora da noite que o dedo bate lá no canal.

E depois o amor aumenta?
Isso aí, o amor aumenta. Mas assim, amei ser convidada pela primeira vez e nunca prestei atenção, agora vou prestar mais.

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O cenário político atual pode prejudicar o pornô?
Eu acho não só o pornô como pra gente que vive do funk também. Acho que muita gente vai… Mas Deus por nós.

Elisa saiu com dois troféus debaixo do braço: Melhor Atriz Hétero e Melhor Cena de Dupla Penetração.

Elisa Sanches, atriz pornô

Elisa, você ficou muito emocionada ao receber o prêmio de Melhor Atriz Homo e Melhor Cena DP. Como é o seu amor pela pornografia?
Elisa Sanches: Pra mim, o pornô, desde quando entrei é um mundo mágico. Para mim não é só fazer sexo e gozar, porque eu gozo muito. Muitos atores e atrizes me satisfazem muito. Eu entro naquele mundinho e me faço, me libero. O pornô pra mim é o momento do prazer, da liberação, é por isso que eu amo tanto o pornô. É um mundo que me deixa satisfeita e realizada.

Você acha que pode haver alguma censura contra o pornô com o Bolsonaro no poder?
Não tem como acabar com o pornô e achar que o Brasil será melhor por causa disso. O pornô é alegria, é satisfazer os casais, as pessoas se inspirarem. Se atacar o pornô, estará esquecendo os verdadeiros problemas do Brasil.

A camgirl e youtuber Clara Aguilar ficou no lado mais quieto da festa, sem chamar muita atenção. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Clara Aguilar, youtuber

VICE: Clara, qual o seu caso de amor com o pornô?
Clara Aguilar: Sempre amei muito. Hoje em dia eu amo muito mais porque tem mulheres que estão produzindo pornô. Então, o pornô está começando a ser voltado para as mulheres. Eu quero mais que as mulheres dominem tudo.

Você que é pioneira de camgirl no Brasil, ser camgirl é uma forma de amor também?
Com certeza. Se você não gostar daquilo que está fazendo, você não consegue fazer dinheiro, faz obrigada, não consegue fazer amizade. Tem que socializar. É uma forma de amor, sim. Tem caras que se apaixonam, ficam obcecados e rola muito amor.

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Sua exposição no Big Brother Brasil colaborou para que outras pessoas acessassem o pornô e camgirl?
Eu tenho certeza absoluta, antes de entrar de entrar no Big Brother eu nunca tinha ouvido falar de algum site de cam brasileiro. Depois que eu saí, as minhas amigas que faziam os sites falavam que os sites eram super caídos e depois que eu comecei a divulgar os sites deram um up. Então eu tenho orgulho de fazer parte dessa história.

O Frota foi eleito deputado federal por São Paulo. Você acredita que ele fará algum tipo de incentivo a favor da indústria do pornô e os profissionais?
Eu acho que não, porque parece que ele é meio arrependido do que ele fez, hoje em dia pede para o pessoal não postar foto. Muito pelo contrário, acho que ele vai ter bastante preconceito.

Recém-chegada no pornô, Dreadhot acabou levando o prêmio de Revelação do ano LGBT. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Dreadhot, atriz pornô

VICE: Dreadhot, o quanto você ama a pornografia e o pornô?
Dreadhot: Cara, o quanto é uma pergunta bem difícil de falar. Mas, eu vou ser sincera, eu descobri mesmo o meu amor pelo pornô há dois anos. Quando eu descobri o pornô feminista, feito por mulheres e aí eu me encantei. E entrei com tudo pro pornô. Mas antes disso eu não gostava, eu não conhecia.

Seu amor está ameaçado se o Bolsonaro assumir o Executivo?
Com certeza, não gosto nem de falar disso. Não só a indústria, mas o país inteiro. Esse cara no poder, o Brasil inteiro, de todas as formas, pode acabar muita coisa que fere a gente ser live. Pornô é liberdade. Não só o pornô mas vários direitos.

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Alessandra fez parte do elenco que faturou o Melhor Cena de Orgia / Gang Bang. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Alessandra Marques, atriz pornô

VICE: Alessandra, queria saber a sua relação de amor com a pornografia.
Alessandra Marques: Bom, sem palavras. É tudo, é maravilhoso. Quem não conhece tem que conhecer porque não sabe o que está perdendo.

Esse prêmio de Melhor Cena Orgia é uma demonstração de amor?
Eu fiquei muito nervosa porque é tão gratificante pra gente um prêmio, e esse prêmio foi a galera que fez eu ganhar e chegar onde eu cheguei. Então, eu tremia, fiquei nervosa, de felicidade e gratidão.

Como ficará a indústria com o Bolsonaro no poder?
Eu só espero que nada abale o pornô, que ele só cresça, cada vez mais. Nada vai interromper o nosso trabalho.

Concorrendo em duas categorias como Melhor Diretor e Cena Homo Feminina, May levou juntou com Emme White pela cena lésbica do fime 'Serviço Completo'. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Mayara Medeiros, diretora da Xplastic

VICE: May, como é seu amor com o pornô?
May Medeiros: Cara, é uma relação de amor e ódio. Não é só amor. Cada situação pitoresca por trabalhar com uma coisa que é colado num lugar de tanto preconceito e de quebra de barreiras, e é uma relação de amor pela resistência, e de ódio, eu falo: "o que eu fui fazer com a minha vida?"

Você concorreu por Melhor Diretor e ganhou em Melhor Cena Homo Feminina. Qual o peso de tudo isso?
É um impacto extremamente importante. Quando temos mulheres atrás das câmeras, pensamos em outras perspectivas que desde o começo da pornografia comercial não existia e a gente começa a pensar.

E Bolsonaro no poder, você pensa que vai dar ruim?
Eu acho que vai, sem dúvida. Pelo menos a nossa produtora, a Xplastic, de pornô alternativo que fala muito de amor alternativo e quebra de esteriótipo, estamos aterrorizados. Temos plena certeza que vai dar meda.

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Mila foi a vencedora de Melhor Diretor. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Mila Spook, atriz pornô e diretora

Mila, e seu amor com a pornografia, como é?
Mila Spook: Eu sou consumidora desde muito nova. Eu tenho 29 anos e consumo desde os nove, 11 anos, assistindo Emmanuelle na Band. Embora hoje eu trabalhe com pornô, eu assisto todos os dias. Eu me masturbo vendo pornô uma vez por dia. Por causa do prêmio, fiz de manhã na hora que eu acordei. Meu amor vai por aí.

O que significa ter levado o prêmio de Melhor Diretor?
Influenciar outras mulheres. A May está há mais de três anos e nunca colocaram ela antes. Recebemos muitas mensagens negativas falando que esse não era o nosso lugar e que não sabemos produzir conteúdo pornográfico. Então, agora que teve duas mulheres [indicadas] e apoiou a outra, mostramos para elas que também podem, mesmo recebendo crítica negativa de homem.

E um possível mandato do Bolsonaro, como vai ser?
Primeiramente, #EleNão. Eu não faço ideia do que pode acontecer, é pertubador. Não só a gente da pornografia, mas a comunidade LGBT, negros. Eu não faço ideia. Os eleitores deles são o perigo.

Transe mais fotos da premiação:

Pat Kimberly compareceu três vezes ao palco e levou em todas que concorria. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

A celebração de Nego Catra ao receber o prêmio de Melhor Ator Hétero. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Muito glamour antes da festa começar também. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Emme White posando com seu trófeu pela Melhor Cena de Sexo Anal. Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil

Dreadhot felizona com o prêmio de Revelação do Ano – LGBT .Foto: Larissa Zaidan / VICE Brasil


Assista ao nosso documentário TRANSE: Mulheres Diretoras na Pornografia Brasileira


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