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Música

Discos: Mike Dehnert

Nacos inteiros de pura techno.

Lichtbedingt

Delsin

O samba pode até viajar pelos pés e cinturas das mais diversas gentes, mas ninguém o dança como um brasileiro. Por mais que a globalização vá ganhando terreno, às cavalitas da internet, existem capacidades que só obtêm o seu máximo rendimento nas mãos de quem as cultiva com toda a propriedade e conhecimento. O mesmo se aplica à música techno, que, sem ser uma pertença exclusiva dos alemães, é certamente uma linguagem que eles entendem como ninguém (partindo do princípio que Detroit é um território à parte no mapa global do género). Para Mike Dehnert, a naturalidade alemã e a ligação à cidade de Berlim representarão condições altamente favoráveis para que o produtor observe toda a vasta paisagem da música electrónica, como se estivesse sentado em ombros de gigantes.

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Assim que tem início

 Lichbedingt

, o mais recente álbum de Dehnert na Delsin, a sensação é a de que estamos de partida para uma viagem com destino incerto, mas inevitavelmente carregada de revelações. Durante os dois minutos e pouco de “Intro”, o anfitrião carrega nos sintetizadores à Vangelis e assim abre-se o infinito perante os nossos ouvidos. Dentro do infinito de Mike Dehnert cabem nacos inteiros de pura techno, incursões inesperadamente groovy e um wobble que trata os baixos como se fosse a sua pila longa. E é apenas natural que o patrão da Fachwerk reserve as digressões mais

deep

 para os doze polegadas lançados por conta própria, mas

Lichbedingt

inclui também algumas faixas que, durante cinco minutos, sequestram por completo a atenção da mente (“Channeled”, por exemplo, tem uma voz repetida de um modo tão ameaçador e magnético como as das malhas de Mr. G). Sim, esta é uma aposta segura.