Linha Vermelha: atropelamento, mortes, fogo
Foto: Maurício Fidalgo

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Maré Vermelha

Linha Vermelha: atropelamento, mortes, fogo

Enfurecidos com o motorista, os moradores do Complexo atearam fogo em seu carro e expulsaram as equipes de reportagem que estavam no local.

Na última segunda-feira (21), um carro desgovernado atropelou três jovens vendedores que trabalhavam na Linha Vermelha, num ponto ao lado do Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro. Dois deles morreram. No ano passado, o fotógrafo Maurício Fidalgo passou um dia com alguns desses jovens, que se arriscam por entre os carros para conseguir alguns trocados vendendo salgadinhos Globo e Guaraviton, a mistura mais carioca de todas.

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Foto: Maurício Fidalgo

Moradores da Maré gravaram um vídeo no momento do acidente e alegam que o motorista, Adeilton Silva dos Santos, de 43 anos, estava embriagado. Felipo dos Santos da Silva, de 21 anos, morreu no local. O impacto do carro foi tamanho que o veículo capotou. O vendedor tinha três filhas pequenas. O menor Calos Adriano da Costa, de 17 anos, e Alan S. de Almeida, 23, foram encaminhados para a Coordenação de Emergência Regional da Ilha do Governador (CER-Ilha).

O jovem Calos Adriano teve tantos ferimentos pelo impacto que não conseguiu chegar ao hospital com vida. Os pais dele disseram ao jornal Extra que o filho sonhava em ser jogador de futebol e, para tanto, dividia seu dia entre o trânsito insano da Linha Vermelha e um barco pesqueiro, onde era ajudante. Sonhos e vida de muitos jovens da Maré são como os dele, adolescente que não vai chegar a ver a vida adulta.

Foto: Maurício Fidalgo

O único sobrevivente, Alan Almeida, segue internado aguardando cirurgia. Ele teve duas pernas quebradas e as previsões para o futuro do garoto não são boas.

Os moradores do Complexo, enfurecidos com o motorista, atearam fogo em seu carro e expulsaram as equipes de reportagem que estavam no local.

Foto: Maurício Fidalgo

Adeilton vai responder por homicídio e lesão corporal, ambas culposas, sem intenção de matar. Durante depoimento no 21º DP de Bonsucesso, ele alegou ter se distraído com o celular. Os exames toxicológicos ficam prontos em 30 dias. O IML afirma ter encontrado nos exames iniciais uma substância tóxica no sangue do motorista, cuja legalidade ainda não foi determinada.

Relembre o dia que nosso fotógrafo passou com os Vendedores da Maré aqui.

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