Três Meses, três Álbuns e 35 Canções

Os temas aqui inseridos podem não ser todos a "última Coca-Cola do deserto", mas merecem um clique no play. A lista está ordenada por ordem alfabética, a começar pelos álbuns.

Alynda Segarra, mentora deste projecto com um nome muito "Queima das Fitas", mostra um registo biográfico, político e activista (com realce para as suas raízes porto-riquenhas, Trump e a liberdade individual de cada um). Um dia, quem sabe, o alinhamento de um festival vai ter os HFTRR ao lado de Patti Smith, Fiona Apple e Angel Olsen. Que bom seria!

Ano após ano, há discos que nos remetem para épocas distantes o que, às vezes, é de evitar. Não é o caso. Na primeira aventura a solo, o músico dos Ought tanto soa a Roy Orbison, como se atira ao rock corridinho à Velvet Underground, sem a presunção de quem homenageia as suas referências.

Depois de Sirens, de Nicolas Jaar, em 2016, este projecto que junta um DJ/produtor catalão (John Talabot) a outro sueco (Axel Boman), dá-nos também electrónica com pés, cabeça e alma. Única diferença: The Night Land é uma bola de espelhos à procura de uma pista de dança.

Chegar aos 50 anos e escrever um tema para cada uma das idades, não é para todos. Só o autor do imprescindível 69 Love Songs (1999) podia lembrar-se disso. Ouve a que corresponde aos 48.

Será isto para adolescentes que veneram a Princesa Kate, fazem download compulsivo de tudo relacionado com Charlie XCX e estão a dar os primeiros passos na composição? Yup!

Não precisamos que nos levem numa nave, ou que nos digam para calar e dançar, se o que está em causa é deixarmo-nos levar por estas águas. Um bem haja para os heróis de ontem e de hoje.

Palavras para quê? É uma bela escolha antes de entrares no "jogo quente dos lençóis". O homónimo dos CAS é lançado em Junho e podes vê-los no NOS Primavera Sound Porto.

A "macacada" de Damon Albarn está de volta em Abril com o longa-duração, Humanz. Das quatro faixas já apresentadas, este é o mais conseguido e conta com Vince Staples.

A cadeia britânica de armazéns British Home Stores fechou portas e lançou milhares no desemprego. A dupla punk, seguida por Iggy Pop, não se fez rogada e dedicou esta letra e o clip a Phillip Green, um dos donos, apanhado no seu majestoso iate, a esconder-se dos media e longe da polémica.

Podia ter sido uma excelente enfermeira, mas a experiência em organizar concertos levou-a a voar para outras paragens. Nós agradecemos. Este ritmo hipnotizante também salva vidas.

Weather Diaries, previsto para Junho, marca o regresso de Mark Gardner e companhia aos álbuns, 20 anos depois. Desta vez, contam com a produção do reputado DJ/produtor, Erol Alkan. Bem-vindos ao charme dos autores do hino Twisterella.

"The new kid in the block" - concretamente de Setúbal - anda nas bocas do Mundo, com o primeiro álbum, The Art of Slowing Down. Sam The Kid tem mais um parceiro à altura.

Se procuras uma voz e letras reconfortantes com vista para Lisboa, este registo é indicado para ti. É o romantismo severamente embevecido.

Estão preparados para os primeiros pirilaus e maminhas? A cantora brasileira fala sobre 49 relações falhadas e uma que bate certo. Com muita piada ao léu…

Sabes aquelas músicas que sobem o "mood" quando mais precisas? O escandinavo Lekman fá-lo em dose certa, como se fosse um "peregrino" Belle & Sebastian.

Oriundos do Alaska (e pelo nome não queremos dizer de Bragança), assinam uma das "feel good songs" do momento… apesar de ter mais de Mark Ronson do que o seu material roqueiro.

Algo declaradamente "made in 2016" (Julho), que só descobrimos nas últimas semanas. Conta com a poderosa interpretação de Chan Marshall, por isso…

Bem-vindo ao clube de covers de flor Morrissey (não confundir com o "Mr. Smith") e do barbudo Matthew. Gentlewoman, Ruby Man cita, entre outros, Leonard Cohen, Frank Ocean e Bee Gees.

O novo álbum do grupo britânico, I See You, é demasiado sobrevalorizado. Está dito. Este tema apresentado ao vivo no programa televisivo Saturday Night Live, é dos poucos que mantém a fasquia alta.

Tom baladeiro e primaveril, para dizer à pessoa amada que o Dia de São Valentim é, mesmo, quando o Homem quiser. Não é preciso ser albino para se deixar enfeitiçar por este.

Queres algo para te incentivar a sair à noite, enquanto decides o que vestir? Tenta esta faixa incluído no EP B-Grade University, lançado o ano passado. Depois de Courtney Barnett, Melbourne volta a mostrar serviço.

Heartworms, novo de originais dos norte-americanos, pode estar a milhas de outros trabalhos (como Wincing The Night Away), mas contém esta preciosidade em que o vocalista James Mercer relata o seu primeiro contacto com os Jesus and the Mary Chain.

O cartão de visita do recente Flying Microtonal Banana, mostra uma vibração cool e irresistível. O psicadelismo "aussie" a fazer das suas.

Há um cavalo, uma chibata e uma donzela vestida de preto. Por mais que isto soe a Cinquenta Sombras de Grey, corresponde "apenas" ao teledisco do músico bracarense. E cantamos, "Só de te abraçar sinto que a música altera (…), o meu corpo altera, o mundo altera-se".

A letra centra-se em "relacionamentos que não duram para sempre, mesmo que o desejemos muito". Faz parte do projecto Our First 100 Days, que contesta o novo inquilino da Casa Branca.

A gramática da solidão tem vários caminhos que, vai não vai, precisam de um parecer dado pela voz de Hannah Reid. Tudo soa melhor e, quando assim é, Londres tem mais encanto.

Esta é uma banda que merece maior atenção dos melómanos. Sincerely, Future Pollution, que sai em Abril, é recomendado aos fãs da voz dos Morphine (correcto, do malogrado Mark Sandman).

E se Johnny Cash estivesse vivo, emigrasse e fosse um dos membros de um grupo nas Bahamas? Era bom, era. Além de Aurelio, a world music oferece neste primeiro trimestre os registos envolventes de Tinariwen, Orchestra Baobab e Daymé Arocena.

Passear e bailar acompanhado numa floresta encenada, comer pêssegos e ser perseguido pode não te dizer coisa alguma. E se tal discrição marcasse o regresso do músico que dá volume máximo à androginia pop?

Apesar de terem actuado em Portugal em dois anos consecutivos (2014, 2015), a histórica formação britânica ainda não tinha apresentado material novo. Este é o primeiro em 22 anos. Valeu a espera.

Aí está um tema com um groove do caraças! É o "female punk" a gostar de si próprio, sem necessitar de benção. Devia fazer parte da série Young Pope.

A norueguesa Jenny Hval é uma artista fora do baralho. No seu último álbum, Blood Bitch, há discursos sobre menstruação, vampiros e capitalismo (como é o caso deste video em que a rainha vai nuinha…). É a tensão pós-milénio no feminismo.

O duo, que vai na linha da frente do hip hop acompanhado de Kendrick Lamar, continua a não decepcionar. O seu terceiro capítulo deve ser escutado a qualquer dia da semana, sem qualquer perigo de ter o Kanye West a importunar. Thursday in… é dedicado à memória do rapper, Camu Tao.

Para quem se inspira nos Beatles para titular a sua banda, não podia decepcionar quando ouvíssemos os seus temas. Se ficaste curioso, experimenta o LP Ainda Que De Ouro e Metais.

Abra alas para o espírito e tradição afro-americana, com o folk que celebra a liberdade e o esforço que foi para a conquistar. Rhiannon é a guia ideal para relembrar a História.

A solo, Lykke Li cantou sobre a tristeza do amor não correspondido. Aqui, junta-se a uma super equipa (entre os quais, elementos de Peter Bjorn and John) e encanta nas asas do espírito hippie. Ela dirigiu o clip com meia-dúzia de rabiosques à solta.

A cada trabalho editado os DM mostram que a sua vitalidade é feita de canções de fé e devoção. Não faças nenhuma revolução, tenta só estar nas primeiras filas no concerto do NOS ALIVE.

Concluímos a lista como se fosse 1966 ou, o mesmo é dizer, que somos fãs de loiras que oiçam Bob Dylan, andem de bicicleta e participem em múltiplas actividades num só fim-de-semana.