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Minha, sossega a passarinha

Um guia feminino sobre masturbação feminina (para raparigas).

Os rapazes gostam de pensar que nós, raparigas, podemos ter relações sexuais sempre que queremos. VERDADE. Mas é também um grande FALSO porque o “podemos” presume que queremos fazer sexo, com toda a treta do rapaz-vir-até-ao-teu-apartamento-vir-se-nos-teus-lençóis-e-infectar-te-com-sentimentos-e-com-azar-também-chatos que uma relação sexual envolve. Concluindo: sim, podemos, mas não queremos. Muitas vezes, quando a fome aperta, as raparigas fazem-no sozinhas das mais variadas formas solitárias, se é que percebem. Isto requer explicação porque os mesmos tipos que se esquecem da sua Asian Fever — ou o que quer que seja (zzzz) — no banco de trás ficam tipo “o quê!?” quando se diz que as raparigas também se masturbam. Aos montes, filho! Sossegar a passarinha é, basicamente, a única parte da sexualidade feminina que mantém a estética do nobre desabrochar que nos disseram para manter desde que estávamos no cu dos franceses. Acrescentas um rapaz ou outra rapariga à masturbação e as caras e os sons tornam-se mais estranhos, o que é melhor, mas sozinha é do género: ahhh. Simples. Sabes como mimicamos “bater uma” quando um idiota diz asneiras? Vou começar a fazer um movimento de carícia sempre que quiser sugerir algo fixe. “Vou para o parque ler revistas [movimento de carícia].” A masturbação feminina é especialmente boa quando a comparamos com a masturbação masculina. Por muito útil que seja ver um tipo a tratar de si para que possas tomar notas sobre como ele gosta que lhe toquem no dito cujo, a masturbação como conceito fica para sempre manchada pela inerente imagem de um círculo de punheteiros na floresta, lenços de papel amontoados no chão e, pior do que tudo, a mítica meia. A pior pornografia da qual apenas viste metade, e com nojo de ti própria, é mais agradável do que o raio da velha meia de desporto com os encaixes dos dedos cheios de esperma. Ugughggh. Os rapazes são altamente, mas a sua tecnologia de masturbação nem por isso. ALMOFADA/URSO DE PELUCHE/COBERTOR
É assim que as raparigas aprendem a fazê-lo, normalmente montando sem querer uma destas coisas e, eventualmente, apercebendo-se de que o sentimento caloroso que produz é replicável e, num dia ao estilo Fantasia, leva a uma sensação/catarse tipo Peta-Zetas-a-derreter-no-oceano que, com nojo (sim, é uma palavra nojenta), irão chamar de “orgasmo”. Pronto, está bem: esqueci-me de que muitas raparigas nunca passam por isto, e nunca atingem o orgasmo com sucesso, seja na adolescência ou mais tarde. Hmm. Desta questão já não percebo nada. Desculpem lá. CHUVEIRO/TORNEIRA
Um dia o teu vibrador irá avariar e estarás demasiado falida para o substituir imediatamente e as tuas mãos não serão nada atractivas como instrumentos sexuais porque gastas todo o teu tempo a escrever na internet e aí, aí! Aí lembras-te de que uma torneira ou um chuveiro estão algures pousados à espera de serem utilizados, como um vibrador gratuito. (Vibrador também é uma palavra nojenta? Não gosto da forma como é usada por pessoas da TV para criar enredos, por exemplo: “Encontrar o vibrador da Jenny, ewwwww!” Cresçam. Os brinquedos sexuais não estão particularmente outré, são apenas coisas da vida adulta como as classificações de crédito ou a invasora sensação de futilidade. E se achas que um vibrador é estranho, ainda tens muito que aprender, amiga.) O chuveiro tem uma força de pressão estável e segura resultante de um material genitalmente seguro, que é um bocado lououououco quando estás habituada a menos estimulação. Uma coisa: não deixes a água subir lá para dentro. Já sabes que não deves fazer sexo em banheiras de hidromassagem, certo?

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ENCOSTADA À PORTA DO WC PARA DEFICIENTES
Não me lembro se nos outros países têm WC para deficientes obrigatórios por lei. Em todo o caso, nós temos no Canadá, e é lá que vais querer ir quando tiveres que sossegar a passarinha em (semi)público. Raramente estão ocupadas (obviamente terás de sair se aparecer alguém que realmente necessite de um WC para deficientes) e estão sempre ao fundo da casa de banho, por isso terás menos probabilidades de ouvir o xixi de alguém enquanto contornas o cognitus interruptus da tua fantasia masturbatória com o Friday Night Lights (Smash! Não, aquele do cabelo! Não, o treinador Taylor! DICA: Escolhe sempre o Saracen). Também tem espaço para poderes esticar as pernas; depois de te vires vais precisar de restabelecer a relação com o teu corpo, porque vires-te em público é sempre um bocado real demais. Bónus triplo se o fizeres no emprego e se trabalhares num sítio estúpido onde é necessário “usar fato”, porque a tensão extra dos collants na mão que usas é !!!. MÃOS LIVRES
Esta é a melhor. Se te sentares da forma certa no comboio a caminho do trabalho e conseguires sacar um orgasmo pelo modo como sentes os teus jeans, já és Nível 6. TERCEIRO DEDO, MÃO DOMINANTE
Provavelmente a melhor maneira das raparigas se masturbarem é fumarem um charro e tomar Xanax, vestir algo escorregadio, passarem uma ou duas horas alternando entre porno e um filme sexy (e por filme sexy acho que apenas falo do Bad Boys II), brincarem com o cabelo, sentirem lentamente toda a área, mamas e o que quer que gostem de sentir com as mãos e com outras coisas que tenham comprado numa sex shop, porque isso é: a) como se trata uma senhora, b) educativo e bom treino para sexo a sério e c) útil para ter orgasmos menos óbvios, aqueles que são mais um “oh, OK!?” do que um “yeah!”. Era isto que a Britney estava a fazer quando “escreveu” o épico masturbatório “Touch of My Hand”. (Boa música!) Mas depois há a realidade, que é o dedo do meio (deve ler-se: mais forte) da mão dominante a fazer a masturbação razoável e eficiente, aterrando directamente no clitóris e indo directo ao assunto, sem qualquer preâmbulo. É ainda pior quando estás cansada e usas o orgasmo para ajudar a adormecer e o fazes de lado, em posição fetal, para que te possas vir e adormecer imediatamente. E tu és o quê, um animal? (Sim.)

TERCEIRO DEDO, MÃO NÃO DOMINANTE
Para quando a mão habitual está cansada. Oh, vamos acrescentar “sentares-te na tua mão até que adormeça” e “utilizar a mão não dominante na ‘m’ para que dure mais tempo” às coisas que os rapazes fazem e que nós não entendemos. DILDOS
As mulheres não se vêm a tentar replicar a experiência peniana, excepto na pornografia. Juntamente com dedos ou assim, tudo bem. Mas sozinho não serve de muito. Além disso, a masturbação lembra às heterossexuais que o lesbianismo é a escolha certa: estamos apenas demasiado pilamatizadas para ir em frente. O momento do dildo é quando o teu namorado quer fazer dupla penetração e o pénis dele é a escolha anal mais apelativa. (Eu nunca fiz nada disso, mesmo, mas já ouvi falar.) De qualquer maneira, os dildos são meio retardados. Acho que é melhor sentir falta de uma pila do que fazê-lo com um dildo. Assim, da próxima vez que fizeres sexo vai doer daquela maneira posi-dorida que te permite dizer legitimamente: “Isso dói, continua.” HITACHI MAGIC WAND
Sinto-me obrigada a incluir isto porque é o vibrador que toda a rapariga compra e se apaixona e substitui vezes sem conta (avariam constantemente). No entanto, não estou convencida. A masturbação deveria ser sexy e uma máquina eléctrica desajeitada que faz VROOOOOOOM não o é. Além de que a cabeça da Magic Wand é branca e tem textura, o que significa que não a podes usar durante a menstruação, que é quando deverias masturbar-te mais. Muito mais, mesmo.

POCKET ROCKET
O Pocket Rocket é uma merdice defeituosa que vem provavelmente do Japão e que eu comprei já quatro ou cinco vezes. É silencioso, não tem uma “aparência” exagerada nem demasiado fofa (nada é pior do que um vibrador constrangedor) e é pequenino. E gosto da viagem suave e calma que proporciona. Esta — um pequeno vibrador bebé — é a escolha certa quando queres mesmo sexo a sério, mas não vais ter. É tão bom que consegues esquecer que estás a usar um vibrador para te vires. Basta colocá-lo na posição certa e equilibrares o teu clitóris nele (de barriga para baixo com as pernas bem abertas por causa da pila fantasma dentro de ti). AQUELA COISA ASSUSTADORA CHAMADA SYBIAN
Nem consigo. Deveria ser desinventada. Ilustrações por Hellen Jo