“New York” – Fotos por Neil Winokur

FYI.

This story is over 5 years old.

Edição Resiliência Evolucionária

“New York” – Fotos por Neil Winokur

O trabalho de Neil propõe que é possível retratar uma cultura através de seus objetos mais comuns. Um nativo nova-iorquino, ele aplica essa lógica à sua cidade natal na série de 1999 New York.

Ninguém com menos de 40 anos com quem converso conhece o trabalho de Neil Winokur. Isso me parece meio estranho em vista das realizações do fotógrafo de 68 anos: seu trabalho está nas coleções do Museu de Arte Moderna, do Metropolitan Museum of Arte do Los Angeles County Museum of Art, só para citar alguns. O MoMA o incluiu em sua importante exposição de 1991 Pleasures and Terrors of Domestic Comfort. Em 1994, o Smithsonian publicou uma monografia sobre suas imagens intitulada Everyday Things. Em padrões objetivos, ele é um artista importante. Então, por que uma busca por imagem no Google sobre ele traz apenas uma seleção pequena das centenas de fotos que Neil expôs durante sua carreira?

Publicidade

Admito: até um amigo crítico de fotografia mencionar Neil para mim alguns meses atrás, eu também não tinha ouvido falar dele. Por que o trabalho dele não apareceu nas minhas aulas de história da fotografia na faculdade? A maioria dos artistas com as credenciais dele funda instituições educacionais ou constrói palácios extravagantes. Eles fazem coisas que chamam a atenção, como trabalhar com a Lady Gaga ou o Jay-Z.

Quando visitei Neil em seu calmo apartamento em Manhattan, onde ele vive com a esposa, os filhos gêmeos e dois gatos, a razão para não ter visto seu nome nas notícias recentemente ficou clara para mim. Ele não é esse tipo de artista. É um homem incrivelmente dedicado à sua família. Vem trabalhando como comprador de livros usados para a livraria Strand de Nova York nos últimos quarenta anos, e claro que sua casa é cheia de livros.

O trabalho de Neil propõe que é possível retratar uma cultura através de seus objetos mais comuns. Um nativo nova-iorquino, ele aplica essa lógica à sua cidade natal na série de 1999 New York. Ele seduz o espectador com esses quadros cruamente gráficos, com cores de fundo luminosamente atmosféricas, dando a cada objeto uma grande importância. "Andy Warhol dizia que todo mundo tem 15 minutos de fama", me disse Neil. "Faço naturezas-mortas, porque acho que esses objetos devem ter seus 15 minutos também." Esses objetos são produtos da nossa sociedade; então, funcionam como um espelho dela. "Tento fotografar objetos que são o arquétipo, objetos que têm um significado para a sociedade além deles mesmos. Uma bandeira americana, um copo de água. Fotografei uma privada uma vez, e a foto foi vendida quase imediatamente."

Publicidade

- Matthew Leifheit

Imagens cortesia de Janet Borden, Inc.

Matthew Leifheit é o editor fotográfico da VICE. Ele também é editor-chefe da revista MATTE.

Tradução: Marina Schnoor